Vantagem de Alckmin sobre Garotinho cai de 11 para cinco pontos
Pesquisa realizada pelo Datafolha nos dias 6 e 7 de abril mostra que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua à frente na disputa pela Presidência, e que, enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) caiu, Anthony Garotinho (PMDB) ganhou pontos na corrida sucessória. Lula oscilou de 42% para 40% das intenções de voto. Geraldo Alckmin perdeu três pontos, passando de 23% para 20%. Garotinho subiu de 12% para 15% das preferências. Heloisa Helena oscilou de 6% para 5% e Enéas (PRONA), incluído pela primeira vez nessa série de pesquisas do Datafolha, após ter anunciado sua candidatura à Presidência, atinge 3%. Roberto Freire (PPS) oscilou de 3% para 1% e Cristovam Buarque (PDT) se manteve com 1% das preferências, mesma taxa obtida por José Maria Eymael (PSDC), que, na pesquisa anterior, embora citado, não atingia essa marca. Nesse cenário a taxa dos que votariam em branco ou anulariam o voto é de 10% e a dos que não saberiam em quem votar de 5%.
Esta é a primeira pesquisa realizada após o escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que resultou na demissão do ministro Antonio Palocci, acusado de responsabilidade no caso, e depois da vitória de Anthony Garotinho em consulta realizada pelo PMDB no dia 19 de março. O levantamento também acontece após a revelação de que Geraldo Alckmin, enquanto governador do estado de São Paulo, direcionou recursos de publicidade da Nossa Caixa para favorecer aliados, e de que a ex-primeira-dama, Lu Alckmin, ganhou 400 peças de alta-costura do estilista Rogério Figueiredo.
O Datafolha ouviu 3795 brasileiros de todas as unidades da Federação, a partir dos 16 anos de idade. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Foram incluídos mais três possíveis cenários para a eleição de outubro, levando-se em consideração a hipótese de Anthony Garotinho e Heloisa Helena não disputarem a Presidência.
No cenário com Heloisa Helena, e sem Garotinho, Lula atinge 43%, ante 23% obtidos por Alckmin. Com o peemedebista, e sem a senadora do PSOL, Lula atinge 41% e Alckmin fica com 21%; o ex-governador carioca obtém 14%. Quando os dois são excluídos da disputa, Lula vai a 44% e Alckmin fica com 25%. Nesse caso, se a eleição fosse hoje, Lula estaria eleito, sem necessidade de segundo turno, pois ficaria com 55% dos votos válidos.
Os potenciais eleitores de Garotinho se dividem quando seu nome é retirado da disputa: no cenário com Heloisa Helena, 25% dos que votariam no peemedebista no primeiro cenário optariam por Lula e 22% por Alckmin. Sem a senadora do PSOL, 25% dos que votariam no ex-governador ficariam com o pré-candidato do PSDB e 23% votariam pela reeleição do petista.
Algo semelhante ocorre entre os eleitores de Heloisa Helena. No cenário em que seu nome não aparece, mas o de Garotinho é incluído, 20% dos que votariam nela no primeiro cenário optam por Lula, e percentual idêntico prefere Alckmin. No cenário sem seu nome, nem o nome do ex-governador do Rio, 27% dos eleitores da senadora ficariam com o pré-candidato peessedebista e 23% votariam no petista.
Entre os brasileiros com escolaridade média, Anthony Garotinho ganhou seis pontos percentuais, passando de 10% para 16% das intenções de voto, enquanto Geraldo Alckmin caiu cinco, de 26% para 21%. Lula passou de 41% para 38% nesse segmento. Entre os que têm escolaridade fundamental, Garotinho e Alckmin atingem 16%, cada, enquanto o atual presidente, com 43%, lidera com folga. Já entre os que têm nível superior, Alckmin, com 32%, fica numericamente à frente de Lula, que obtém 27%. Garotinho, com 6%, fica atrás de Heloisa Helena, que atinge 11% nesse estrato.
O peessedebista supera Lula por margem ainda maior entre os que têm renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos. Nesse segmento, ele chega a 40%, enquanto o petista caiu de 30% para 23%. Garotinho, que se mantém com 4%, fica mais uma vez atrás de Heloisa Helena, que oscilou de 11% para 10% das preferências entre os brasileiros de maior renda.
Entre os que ganham até cinco salários mínimos por mês, Lula oscilou de 43% para 42%, enquanto Alckmin passou de 21% para 17% e Garotinho foi de 13% para 16% das intenções de voto.
Garotinho rivaliza com Alckmin nas regiões Sul (19% a 18%), Norte e Centro-Oeste (ambos atingem 18%), nas cidades localizadas no interior do país (16% a 19%), entre as mulheres (16% a 18%) e entre os brasileiros com idade entre 16 e 24 anos (18% a 19%).
Entre os que moram no estado de São Paulo, Alckmin obtém 41% das intenções de voto, deixando Lula, com 35%, na segunda posição. Na capital, a vantagem do ex-governador é ainda maior, chegando a 16 pontos (46% a 30%). A rejeição a Lula chega a 38% na cidade de São Paulo, nove pontos superior à registrada entre o total de brasileiros.
Enéas estréia liderando o ranking de rejeição dos pré-candidatos à Presidência: 39% dos brasileiros não votariam nele, de jeito nenhum, no primeiro turno da eleição presidencial. Já a taxa de rejeição a Garotinho caiu sete pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada em março, passando de 39% para 32%. A rejeição a Lula também caiu, de 33% para 29%. Geraldo Alckmin continua no bloco dos menos rejeitados, em situação de empate técnico com Cristovam Buarque (ambos atingem 17% de rejeição), Heloisa Helena e Roberto Freire (18%, cada) e José Maria Eymael (19%). Não votariam em nenhum desses possíveis candidatos 4% e votariam em qualquer um deles 6%.
A intenção de voto espontânea, que é aferida no início da entrevista, antes que sejam mostrados cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos à eleição, mostra que Lula passou de 32% para 29%, Alckmin se manteve com 10% e Garotinho oscilou de 2% para 4%. Não saberiam dizer em quem gostariam de votar para presidente, de maneira espontânea, hoje, 39%.
As simulações para o segundo turno mostram estabilidade, apesar de ligeira melhora de Anthony Garotinho. Lula venceria, hoje, tanto Geraldo Alckmin (52% a 37%), quanto Garotinho (54% a 32%). Na pesquisa anterior, o placar seria 50% a 38% contra o peessedebista e 55% a 29% contra o pré-candidato do PMDB.
Cerca de metade (52%) acha que Lula será reeleito em outubro. Para 18%, Geraldo Alckmin será o vitorioso, e, para 10%, o eleito será Anthony Garotinho. Preferem não arriscar uma aposta quanto ao candidato que vencerá a eleição deste ano 18%.
49% dos que souberam da violação de sigilo do caseiro acham que Lula soube do fato
A maioria dos brasileiros tomou conhecimento da saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda (66%) e da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa (67%), que motivou a demissão do petista.
Dos que tomaram conhecimento da violação do sigilo, 49% acham que o presidente Lula soube do fato; 22% deles acham que o petista tem muita responsabilidade e 34% um pouco de responsabilidade na violação. Para 32% Lula não deve ser responsabilizado pelo caso. Na opinião de 36% ele não tomou conhecimento da violação do sigilo. Não sabem dizer se Lula tomou conhecimento ou não do fato 15%.
A pesquisa mostra que a intenção de voto em Lula é ligeiramente mais alta entre os que não tomaram conhecimento da demissão de Palocci (44%, quatro pontos acima da média) e entre os que não souberam da violação do sigilo bancário do caseiro (46%, seis pontos superior à média). Esses dados se referem ao cenário com os nomes de Anthony Garotinho e Heloisa Helena.
Depois do escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro o percentual dos que acreditam na existência de corrupção no governo Lula não mudou muito: 79% acham que existe e 11% que não existe corrupção. Em fevereiro, essas taxas eram, respectivamente, de 77% e 14%.
Por outro lado, entre os que acreditam na existência de corrupção, a taxa dos que atribuem muita responsabilidade a Lula por isso aumentou, de 33% para 37%, enquanto a dos que acham que ele tem um pouco de responsabilidade caiu de 49% para 46%. Acham que o presidente não tem qualquer responsabilidade pelos casos de corrupção em seu governo 14% (eram 15% na pesquisa anterior).
Seu adversário mais forte no momento, Geraldo Alckmin, que deixou o governo de São Paulo semana passada para se dedicar inteiramente à disputa pela Presidência, leva vantagem na comparação: para 34%, existiram casos de corrupção no governo do tucano. Para 16%, não houve corrupção no governo Alckmin. É importante ressaltar que metade (51%) não sabem responder à indagação.
Quando se levam em consideração as respostas dos moradores do estado de São Paulo, verifica-se que, para 41% dos paulistas, existiu corrupção no governo Alckmin. Essa taxa sobe para 44% entre os que residem na Região Metropolitana do estado. Na opinião de 31% dos paulistas não existiram casos de corrupção no governo peessedebista, taxa semelhante à dos que não sabem opinar (29%).
Dos que acreditam na existência de corrupção, 31% acham que Alckmin teve muita responsabilidade nesses casos. Para 54% ele teve um pouco de responsabilidade e para 11% nenhuma responsabilidade.