Serra continua liderando, mas vantagem diminui.

DE SÃO PAULO

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Peessedebista perde 11 pontos na capital, onde rejeição fica acima da média

O ex-prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) continua liderando a disputa pelo governo do estado, mas a vantagem que tinha ante seus adversários diminuiu em relação a abril, revela pesquisa realizada pelo Datafolha nos dias 23 e 24 de maio. É a primeira pesquisa sobre a disputa estadual após os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, que deixaram mais de uma centena de mortos.

Em um cenário que considera a hipótese do ex-governador Orestes Quércia (PMDB) concorrer, Serra caiu de 59% das intenções de voto no início de abril para 52% hoje. Apesar disso, estaria eleito no primeiro turno, com 64% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos). Aloizio Mercadante, oficializado como pré-candidato do PT ao governo, oscilou de 14% para 15%, assumindo a segunda colocação de maneira isolada, já que Quércia caiu de 12% para 9%. Na pesquisa anterior ocorria empate entre o petista e o peemedebista.

Carlos Apolinário (PDT) se manteve com 3% e Plínio de Arruda permaneceu com 1% das intenções de voto. Cunha Lima (PSDC), que tinha 1% na pesquisa passada, não atingiu esse percentual no levantamento atual. Beto Mansur (PP), incluído pela primeira vez, obteve 1%. A taxa dos que pretendem votar em branco ou anular o voto subiu de 8% para 11% e a dos que não sabem em quem votar foi de 3% para 8%.

No cenário sem Quércia, Serra caiu de 63% para 56% e Mercadante oscilou de 16% para 17%. Mais uma vez, a taxa de indecisos subiu, de 4% para 9%, e a dos que pretendem anular ou votar em branco oscilou de 10% para 12%.

Serra perdeu votos principalmente na capital, cujo governo deixou para o pefelista Gilberto Kassab, no final de março, para concorrer ao governo estadual. Entre os paulistanos, a taxa de intenção de voto no peessedebista caiu de 56% em abril para 45% hoje, uma perda de 11 pontos percentuais, no cenário com Orestes Quércia. Aloizio Mercadante, por sua vez, subiu de 14% para 22%. Quércia se manteve com os mesmos 9% obtidos anteriormente. No interior, Serra perdeu um pouco menos, tendo passado de 62% para 57%, enquanto Mercadante oscilou de 12% para 11% e Quércia passou de 12% para 9%.

Sem Quércia na disputa, Serra caiu, na capital, de 59% para 48%, enquanto Mercadante passou de 17% para 24%.

Entre os paulistas com nível superior de escolaridade, Serra perdeu oito pontos percentuais, caindo de 66% para 58% das intenções de voto. Mercadante foi de 19% para 22% e Quércia oscilou de 4% para 5% nesse segmento.

No cenário sem Quércia, o peessedebista caiu de 66% para 58% entre os mais escolarizados, enquanto o senador petista passou de 20% para 25%.

Entre os eleitores com renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos, Serra caiu de 65% para 59%, e Mercadante foi de 16% para 26%, no cenário com Quércia. No cenário sem o peessedebista, o ex-prefeito perdeu dez pontos percentuais, caindo de 70% para 60%, enquanto Mercadante ganhou 13 pontos, subindo de 15% para 28%.

A vantagem de José Serra também diminuiu nas simulações de um eventual segundo turno, embora o peessedebista continue bem à frente de seus adversários.

Contra Orestes Quércia, Serra venceria por 63% a 18%, uma vantagem de 45 pontos percentuais. Em abril a vantagem era de 53 pontos (71% a 18%).

A taxa dos que votariam em branco ou anulariam o voto subiu de 9% para 14% nesse cenário, e a dos que não saberiam em quem votar oscilou de 3% para 5%.

Em uma eventual disputa com Aloizio Mercadante, a vantagem de Serra passou de 47 (69% a 22%) para 39 pontos percentuais (62% a 23%). Nesse cenário, 10% votariam em branco ou anulariam o voto; eram 5% em abril. Os indecisos, que eram 3% na pesquisa anterior, são hoje 5%.

A rejeição a José Serra, de 14%, é a metade da obtida por Orestes Quércia, em quem não votariam, de jeito nenhum, no primeiro turno da eleição para governador, 28% dos eleitores paulistas.

O voto em Aloizio Mercadante no primeiro turno da eleição para governador é descartado totalmente por 21%. Vêm a seguir Carlos Apolinário (18%), Beto Mansur (17%), Cunha Lima (16%) e Plínio de Arruda Sampaio (13%). Votariam em qualquer um dos candidatos 8% e não votariam em nenhum deles 6%.

A rejeição a Serra chega a 23% (nove pontos acima da média) na capital, percentual idêntico ao obtido por Aloizio Mercadante na cidade. No interior, por outro lado, apenas 8% dos eleitores não votariam de forma alguma no peessedebista, taxa seis pontos abaixo da média. Mercadante é rejeitado por 19% dos eleitores que moram do interior, resultado dentro da média estadual.

A intenção de voto espontânea em José Serra caiu de 19% em abril para 14% hoje. Aloizio Mercadante, que era citado por 1%, hoje obtém 5% de menções espontâneas. Por outro lado, a taxa de indecisos também subiu, de 55% para 60%.

Desempenho de pefelistas frusta expectativas

Os eleitores paulistas se frustraram com o governador Cláudio Lembo, assim como os paulistanos estão frustrados com o prefeito Gilberto Kassab, que se aproximam de completar dois meses em seus cargos, revela o Datafolha. Lembo assumiu o governo estadual no dia 31 de março, para que o peessedebista Geraldo Alckmin se tornasse oficialmente pré-candidato à Presidência. Kassab assumiu no mesmo dia, para que o também tucano José Serra se lançasse à disputa pelo governo estadual.

Pesquisa realizada pelo Datafolha nos dias 6 e 7 de abril, poucos dias portanto depois do governador do PFL tomar posse, mostrava que 28% acreditavam que ele faria um governo ótimo ou bom e 10% achavam que seu desempenho seria ruim ou péssimo. Hoje, esses percentuais se inverteram: para 10% Lembo vem sendo ótimo ou bom e para 28% ele tem sido ruim ou péssimo. Na opinião de 33% ele vem tendo um desempenho regular. É importante ressaltar que cerca de um terço (28%) ainda não se sente seguro para opinar.

Em relação a Kassab, também do PFL, ocorre algo semelhante. No início de abril, 26% dos paulistanos esperavam dele um governo ótimo ou bom e 17% achavam que ele teria um desempenho ruim ou péssimo. Hoje, 29% consideram Kassab um prefeito ruim ou péssimo e 10% acham que ele vem sendo ótimo ou bom. Para 33% o pefelista vem tendo um desempenho regular. Não sabem opinar 26%.

É importante lembrar que a pesquisa foi realizada poucos dias depois da série de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no estado de São Paulo, que deixaram mais de 100 mortos.

A reprovação a Lembo chega a 40% entre os que têm escolaridade superior. Na capital, o governador é reprovado por 35%, sete pontos acima da média estadual; essa taxa é de 29% em outros municípios da Região Metropolitana e de 24% no interior (quatro pontos abaixo da média).

Em uma escala de zero a dez, Lembo obtém nota média 4,2; Kassab fica com 3,9.

O Datafolha ouviu 1884 eleitores paulistas, com 16 anos ou mais, nos dias 23 e 24 de maio de 2006. A margem de erro máxima, para o total da amostra, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na capital foram ouvido 1087 eleitores, e a margem de erro máxima é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.