Sem candidato do PMDB, diferença de Lula para Alckmin chega a 23 pontos

DE SÃO PAULO

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Com esse resultado, presidente seria reeleito no primeiro turno

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua liderando a disputa para a eleição de outubro, revela pesquisa realizada pelo Datafolha. Se o primeiro turno da eleição fosse hoje, e sem um candidato do PMDB disputando, o petista estaria reeleito, dispensando a necessidade de um segundo turno. Esta é a primeira pesquisa realizada pelo Datafolha após os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no estado de São Paulo, que deixaram mais de uma centena de mortos.

Em um cenário sem candidato do PMDB, que ainda não se decidiu sobre sua posição na disputa, Lula oscilou de 43% das intenções de voto no início de abril para 45% hoje; o ex-governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou de 23% para 22%. Assim, a vantagem de Lula ante o peessedebista, nesse cenário, que na pesquisa anterior era de 20 pontos, aumentou para 23 pontos percentuais. Se a eleição fosse hoje, o petista estaria reeleito, com 54% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), sem necessidade de segundo turno.

No cenário com Anthony Garotinho, que na última pesquisa, tinha 15% das intenções de voto, Lula ganhou três pontos, passando de 40% para 43%. Alckmin oscilou de 20% para 21% e o peemedebista, que, nesse período, fez uma greve de fome para protestar contra o que considera um tratamento negativo da imprensa a seu respeito, caiu para 7%. Nesse cenário Lula teria 51% dos votos válidos. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, não é possível afirmar com absoluta certeza se o petista estaria reeleito no primeiro turno.

O Datafolha testou ainda mais dois cenários com possíveis candidatos do PMDB: o ex-presidente Itamar Franco, que desistiu da candidatura na última segunda-feira, e o senador Pedro Simon, que no mesmo dia se ofereceu para disputar a Presidência pelo partido.

No cenário com Pedro Simon o presidente estaria reeleito no primeiro turno, atingindo 44% do total de votos - 53% dos votos válidos. Alckmin atinge 22% do total. O senador gaúcho fica com 2% das preferências.

Itamar Franco se sai ligeiramente melhor, chegando a 6% das intenções de voto. Nesse cenário, Lula fica com 43% e Alckmin com 21%. O petista obtém 51% dos votos válidos nesse cenário. Levando-se em consideração a margem de erro da pesquisa não é possível afirmar com absoluta certeza se o petista estaria reeleito no primeiro turno.

Heloisa Helena (PSOL) tem 7% das intenções de voto em cada um dos quatro cenários propostos. Enéas (PRONA) atinge entre 3% e 4% e Roberto Freire (PPS) entre 2% e 3% das intenções de voto. Cristovam Buarque (PDT) e José Maria Eymael (PSDC) obtém 1%, cada, em todos os cenários.

Nas tabelas abaixo encontram-se os resultados para os quatro cenários hipotéticos para o primeiro turno da eleição de 2006 investigados:

Lula sobe entre eleitores com nível superior, moradores do sul e mulheres

Em relação à pesquisa de abril, Lula ganhou pontos principalmente em três segmentos nos quais vem demonstrando menor potencial de voto: entre os eleitores com nível superior de escolaridade, entre os moradores da região Sul e entre as mulheres.

Levando-se em consideração o cenário sem candidato do PMDB, Lula passou de 27% para 32% das intenções de voto entre os eleitores com nível superior de escolaridade, enquanto Geraldo Alckmin foi de 33% para 30% nesse segmento. O presidente continua liderando com folga entre os brasileiros com escolaridade fundamental (estrato no qual tem 48% das intenções de voto) e entre aqueles que chegaram ao ensino médio (43% das preferências).

Na região Sul, o petista foi de 29% para 34%; Alckmin permaneceu com 21%. Lula continua imbatível no Nordeste, atingindo 60% das preferências, enquanto Alckmin obtém 12%.

Entre as mulheres, Lula subiu de 36% para 41%, e Alckmin oscilou de 22% para 21%. A vantagem de Lula continua sendo maior entre os homens: 49% preferem o petista e 24% votariam hoje no peessedebista.

O percentual de intenção de voto em Lula diminui à medida que aumenta a renda familiar mensal do eleitor: ela é de 49% entre os que ganham até dois salários mínimos por mês, de 44% entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos (quatro pontos maior do que em abril), de 35% entre os que se situam na faixa entre cinco e dez salários (percentual idêntico ao obtido por Alckmin hoje) e de 27% entre os que recebem mais de dez salários mínimos por mês (Alckmin tem 35% nesse segmento).

No estado de São Paulo, que esteve sob ataques criminosos que resultaram em mais de uma centena de mortos, Geraldo Alckmin, que deixou o governo para disputar a Presidência, perdeu três pontos percentuais no cenário sem candidato do PMDB, caindo de 45% para 42% das intenções de voto, mas segue à frente de Lula, que se manteve com 33%.

Alckmin perdeu mais pontos na Região Metropolitana do estado, capital incluída. Na cidade de São Paulo, o peessedebista caiu de 47% para 41% das intenções de voto, e Lula subiu de 30% para 35%. Na Região Metropolitana como um todo, o ex-governador passou de 45% para 40% e Lula foi de 31% para 36%.

Ainda considerando o cenário sem o candidato do PMDB, Lula atinge 49% em Minas Gerais e 41% no estado do Rio de Janeiro. Alckmin obtém nesses estados, respectivamente, 17% e 13%.

Os eleitores que votariam hoje em Anthony Garotinho ou em Itamar Franco para presidente optam principalmente por Lula, quando os nomes de seus candidatos preferidos estão fora da disputa. Entre os que votariam em Garotinho, 28% ficariam com o petista em um cenário sem candidato do PMDB; 21% votariam em Geraldo Alckmin. Entre os que preferem Itamar, 28% optariam pela reeleição do atual presidente e 18% votariam no peessedebista.

Já os eleitores que votariam em Pedro Simon se dividem: sem um nome do PMDB concorrendo, 21% votariam em Lula, percentual idêntico votaria em Alckmin e 17% escolheriam Heloisa Helena.

*Aumenta vantagem de Lula em eventual segundo turno
Avaliação do presidente permanece estável*

Se o segundo turno fosse realizado hoje, o petista teria 52% dos votos, e Alckmin ficaria com 35%, uma diferença de 17 pontos percentuais. Em abril, Lula tinha uma vantagem de 15 pontos (52% a 37%).

Contra Anthony Garotinho, Lula venceria por uma margem de 33 pontos percentuais, obtendo 57% dos votos, ante 24% que o peemedebista atingiria. Em abril Lula tinha 54% e Garotinho 32%, uma vantagem de 22 pontos, portanto.

No que diz respeito à intenção de voto espontânea, Lula oscilou de 29% para 31%. Alckmin passou de 10% para 9%.

Anthony Garotinho e Enéas são os candidatos que lideram o ranking de rejeição. Se o primeiro turno da eleição para presidente fosse hoje, 35% dos eleitores brasileiros não votariam no possível candidato do PRONA de jeito nenhum, e 33% descartariam totalmente o nome do ex-governador do Rio de Janeiro.

Lula vem a seguir: 27% dos eleitores brasileiros não votariam no petista de forma alguma para presidente hoje. Essa taxa é quase o dobro da registrada por seu principal adversário, Geraldo Alckmin, rejeitado por 14%.

Não é possível comparar o resultado desta pesquisa com pesquisas anteriores porque foram incluídos os nomes de Itamar Franco, em quem não votariam 18% dos eleitores, e de Pedro Simon, rejeitado por 11%.

Heloisa Helena e José Maria Eymael são rejeitados por 13%, cada, e Roberto Freire e Cristovam Buarque por 12%, cada.

Votariam em qualquer um dos hoje possíveis candidatos 6% e não votariam em nenhum deles 4% dos eleitores brasileiros.

A avaliação do governo Lula não teve alterações: 39% consideram o desempenho do presidente ótimo ou bom, para 37% ele vem sendo regular e para 22% o petista faz um governo ruim ou péssimo. Em abril, 37% consideravam Lula ótimo ou bom, 38% achavam o governo regular e para 23% ele fazia um governo ruim ou péssimo. A nota média atribuída ao governo, em uma escala de zero a dez, é 6,1; em abril, era 6,0.