Antes do debate, Lula tem 53% dos votos válidos

DE SÃO PAULO

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Vantagem de petista sobre adversários é de cinco pontos

A quatro dias do primeiro turno da eleição para presidente da República, e antes da realização de debate na Rede Globo, o candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, favorito na disputa, vê sua vantagem em relação aos adversários diminuir, de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha nesta quarta-feira, 27 de setembro de 2006. Em relação ao levantamento anterior, realizado na sexta-feira passada, dia 22, Lula se manteve com 49% das intenções de voto. O segundo colocado, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, oscilou, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, de 31% para 33%, a maior taxa obtida pelo tucano até o momento. Heloísa Helena, do PSOL, também oscilou positivamente, de 7% para 8% das preferências. A vantagem de Lula sobre seus adversários, que era de oito pontos percentuais no levantamento anterior, é hoje de cinco pontos, e sua distância em relação ao segundo colocado passou de 18 para 16 pontos. Lula obtinha 12 pontos a mais do que a soma dos outros candidatos no início do mês, antes da descoberta do envolvimento de petistas na negociação para a compra de um dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, no dia 15.

Apesar disso, Lula mantém chances de reeleição no primeiro turno: se a eleição fosse hoje, ele teria 53% dos votos válidos, pouco mais do que o suficiente para que fosse dispensada a realização de uma segunda rodada (50% mais um dos votos válidos). Para o cálculo dos válidos são excluídos os votos em branco, nulos, e os eleitores que se declaram indecisos.

Cristovam Buarque (PDT) se manteve com 2% das intenções de voto. Ana Maria Rangel, que tinha 1% das menções na pesquisa anterior, não chega a atingir esse percentual hoje. Também não atingem 1% os candidatos José Maria Eymael (PSDC), Luciano Bivar (PSL) e Rui Costa Pimenta (PCO). Há menos eleitores sem candidato em comparação com o que se verificava na pesquisa da sexta passada: a taxa dos que têm intenção de anular o voto oscilou de 5% para 4% e a dos que estão indecisos passou de 5% para 3%.

O Datafolha ouviu 7528 eleitores, a partir dos 16 anos de idade, em 368 municípios do país.

Lula manteve curva ascendente de meados de julho, quando tinha 44%, até o início de setembro, quando pesquisa realizada nos dias 4 e 5 o mostrava com 51% das intenções de voto, 12 pontos a mais do que a soma de seus adversários e 24 pontos à frente de Geraldo Alckmin, que, naquele momento, tinha 27%. A partir de então, no entanto, o petista tem visto a vantagem em relação a seus oponentes recuar, especialmente após o início da crise desencadeada pelo caso do dossiê.

A vantagem de Lula sobre os demais candidatos era de 10 pontos no dia 11 e 12 e se manteve nesse patamar na pesquisa dos dias 18 e 19, a primeira após a prisão de Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso, com dinheiro que seria utilizado na compra de dossiê contra Serra. O levantamento seguinte, do dia 22, mostrava que a vantagem havia caído para oito pontos e a pesquisa de hoje mostra uma redução de mais três pontos.

Alckmin vem subindo na preferência do eleitorado desde o início de agosto, quando tinha 24% das intenções de voto. Naquele momento, o tucano estava 23 pontos percentuais atrás de Lula, que atingia 47% das intenções de voto. Heloísa Helena vivia então seu melhor momento, com 12%. A partir de então, o candidato tucano foi progressivamente ganhando pontos, enquanto Heloísa Helena oscilava para baixo ou se mantinha na mesma.

Alckmin ganhou quatro pontos percentuais nas regiões Norte e Centro-oeste, passando de 36% para 40% das intenções de voto, enquanto Lula passou de 50% para 46%. O tucano oscilou dois pontos para cima no Sul, de 40% para 42%, ampliando ligeiramente sua vantagem sobre o petista, que se manteve com 34% na região. Lula continua com ampla vantagem no Nordeste (70% a 17%). No Sudeste, a diferença entre os dois candidatos é de seis pontos percentuais: o petista oscilou de 42% para 43% e o tucano de 35% para 37%.

Lula ganhou quatro pontos percentuais no Estado do Rio de Janeiro (de 43% para 47% das intenções de voto). Alckmin oscilou de 22% para 23%, ampliando sua vantagem sobre Heloísa Helena, que oscilou de 20% para 18%. Em meados de agosto, a candidata do PSOL chegou a estar seis pontos à frente do tucano (22% a 16%).

No Paraná, Alckmin subiu de 37% para 42% das preferências, enquanto Lula passou de 42% para 39%.

Em Minas Gerais, Lula ganhou três (de 51% para 54%) e Alckmin dois pontos percentuais (de 29% para 31%). No Estado de São Paulo, ambos oscilaram um ponto para cima, e o tucano, agora com 46%, se mantém dez pontos à frente do petista, que tem 36% das intenções de voto.

Entre os eleitores com renda familiar entre R$ 1.751,00 e R$ 3.500,00 (acima de cinco, até dez salários mínimos) ocorreu uma inversão em relação ao levantamento anterior: Geraldo Alckmin ganhou sete pontos percentuais, subindo de 35% para 42% das intenções de voto, enquanto Lula perdeu seis, passando de 40% para 34%.

Alckmin ganhou quatro pontos em um dos segmentos que mais apóiam Lula: o tucano passou de 26% para 30% entre os que têm escolaridade fundamental. O petista, no entanto, continua com larga vantagem sobre o tucano nesse estrato, tendo apenas oscilado de 56% para 55%. Entre os menos escolarizados, a taxa de eleitores que se dizem indecisos caiu de 8% para 5%, e a dos que têm intenção de votar nulo ou em branco oscilou de 4% para 3%.

Entre os eleitores com escolaridade superior, Alckmin passou de 36% para 39% e Lula oscilou de 33% para 34%.

A vantagem de Lula em relação a Alckmin na simulação de um segundo turno entre os dois também vem diminuindo. Se houvesse uma segunda votação apenas entre os dois candidatos, hoje, 52% votariam no atual presidente e 41% dariam seu voto ao candidato tucano, uma vantagem de 11 pontos para o petista, portanto. Na pesquisa da última sexta-feira a diferença a favor do petista era de 15 pontos percentuais (54% a 39%).

O percentual dos que dizem, espontaneamente, que vão votar em Lula para presidente, oscilou de 40% para 41%, enquanto a dos que citam Geraldo Alckmin de maneira espontânea subiu de 21% para 24%.

O percentual dos que consideram o desempenho do presidente Lula no governo ótimo ou bom oscilou de 46% para 47%, e a dos que acham que ele vem tendo uma atuação regular se manteve em 34%. A taxa dos que acham que o petista vem fazendo um governo ruim ou péssimo oscilou de 18% para 17%.

A nota média atribuída ao presidente, em uma escala de zero a dez, é 6,5 (6,4 na pesquisa anterior).

34% dos eleitores de Heloísa Helena afirmam que seu voto ainda pode mudar

Dos três primeiros colocados na disputa pela Presidência, Heloísa Helena é a candidata com mais eleitores que demonstram menor grau de decisão quanto ao voto: 34% afirmam que ainda podem mudar de idéia até domingo. Dizem que estão totalmente decididos 65%. Entre os eleitores de Geraldo Alckmin, 80% se dizem totalmente decididos e 20% afirmam que seu voto ainda pode mudar. Entre os que têm intenção de votar em Lula, 84% afirmam que seu voto não vai mudar e 15% dizem que existe essa possibilidade.

Os eleitores de Heloísa Helena que ainda não estão totalmente decididos se dividem quando indagados sobre qual seria o candidato com mais chances de receber seu voto caso mudem de idéia até domingo: 41% citam Geraldo Alckmin e 38% mencionam Lula.

Entre os eleitores de Lula que não estão totalmente decididos, 52% dizem que, em caso de mudança, o mais provável beneficiado seria seu principal adversário, Geraldo Alckmin; 20% dizem que provavelmente votariam em Heloísa Helena. Entre os que têm intenção de votar em Alckmin, mas ainda podem mudar, 43% dariam seu voto a Lula e 26% a Heloísa Helena.

Os eleitores que têm intenção de votar em Lula são os que mais demonstram conhecer o número que devem digitar na urna eletrônica para confirmar seu voto para presidente no domingo: indagados a respeito, 73% respondem corretamente. Um quarto (25%), no entanto, não sabe responder, e 3% citam números errados.

Entre os eleitores de Geraldo Alckmin, 65% respondem corretamente, 32% preferem não arriscar um palpite e 2% dão respostas incorretas.

Às vésperas da eleição, a maioria (54%) dos eleitores que pretendem votar em Heloísa Helena não sabem que número devem digitar na urna eletrônica para fazer valer seu voto no domingo. Citam o número correto 41% e mencionam outros números 5%.