Pesquisa concluída pelo Datafolha a 12 dias do segundo turno da eleição para a Presidência mostra que o atual ocupante do cargo e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ampliou sua vantagem sobre o segundo colocado, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Se a eleição fosse hoje, 57% dos eleitores brasileiros votariam em Lula. Essa taxa é seis pontos maior do que a que o petista obtinha na pesquisa anterior, realizada no dia 10 de outubro, quando 51% declaravam intenção de votar pela reeleição do presidente. Alckmin, por sua vez, oscilou para baixo, dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais, passando de 40% para 38% das intenções de voto. Assim, a vantagem do petista sobre seu adversário, no total de votos, subiu de 11 para 19 pontos percentuais. A taxa de eleitores sem candidato caiu de nove para seis pontos percentuais: hoje, 3% têm intenção de votar em branco ou anular o voto (eram 4% na pesquisa anterior) e percentual idêntico não saberia em quem votar (eram 5%).
Foram ouvidos 7133 eleitores, ontem, 16, e hoje, 17 de outubro, em 348 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Considerados apenas os votos válidos, isto é, excluídos os votos nulos, brancos, e os eleitores indecisos, Lula subiu de 56% para 60%, enquanto Geraldo Alckmin passou de 44% para 40%.
O fortalecimento do favoritismo de Lula é acompanhado por melhora na avaliação a seu governo. O percentual de eleitores brasileiros que acham que o presidente está fazendo um governo ótimo ou bom oscilou dois pontos para cima em relação ao levantamento anterior, passando de 49% para 51%. A taxa dos que classificam o governo Lula regular se manteve em 33% e a dos que acham que a maneira como ele vem governando o país é ruim ou péssima passou de 17% para 15%.
A nota média atribuída ao presidente, em uma escala de zero a dez, que era 6,6 na pesquisa anterior, é hoje 6,8.
O Datafolha também pediu aos eleitores que dissessem, espontaneamente, em quem vão votar para presidente no segundo turno. Os percentuais obtidos são parecidos com aqueles verificados após a apresentação de cartão circular com os nomes dos candidatos: Lula é citado por 53% e Alckmin por 34%.
Este levantamento é o primeiro a ser realizado após o início do horário eleitoral gratuito do segundo turno, na última quinta-feira, 12 de outubro. O segundo dia de campo da pesquisa ocorreu após entrevista do presidente ao programa Roda Viva, promovido pela TV Cultura na noite de segunda-feira.
A comparação dos resultados desta pesquisa com os dos dois levantamentos anteriores revela variações positivas para Lula e negativas para Geraldo Alckmin em todas as faixas de renda e escolaridade do eleitorado brasileiro.
Entre os eleitores com renda entre dois e cinco salários mínimos ocorreu uma das variações mais significativas. A primeira pesquisa do segundo turno, realizada nos dias 5 e 6 de outubro, mostrava Alckmin com 49% e Lula com 45% das intenções de voto nesse segmento. Na pesquisa seguinte (10 de outubro), o petista oscilou para 47% e o peessedebista passou para 45%. O levantamento concluído hoje mostra que o candidato à reeleição ganhou mais oito pontos nesse estrato, chegando a 55%, superando por 14 pontos o candidato tucano, que caiu para 41% das preferências.
Algo semelhante ocorreu na faixa que vai de cinco a dez salários mínimos. Na pesquisa dos dias 5 e 6 Alckmin tinha dez pontos à frente de Lula (51% a 41%). No levantamento seguinte, essa vantagem se reduziu para um empate técnico (48% a 45%), que persiste, mas, agora, com o petista à frente, com 49% das intenções de voto, contra os 45% obtidos pelo peessedebista.
Alckmin continua liderando com folga entre os eleitores com renda acima de dez salários mínimos, mas a vantagem em relação a seu adversário vem diminuindo: ela era de 45 pontos percentuais no primeiro levantamento do segundo turno (69% a 24%) e caiu para 31 pontos na pesquisa seguinte (62% a 31%). Hoje a vantagem do tucano é de 18 pontos no segmento dos eleitores com maior renda, já que ele perdeu seis pontos (tem 56% das intenções de voto) enquanto seu adversário ganhou sete (chegou a 38%).
Entre os eleitores com renda até dois salários mínimos Lula ampliou sua vantagem: tinha 59% nas duas primeiras pesquisas realizadas no segundo turno e hoje chega a 62% neste segmento do qual faz parte praticamente metade do eleitorado. Alckmin tinha 34% na primeira pesquisa, oscilou para 32% no levantamento seguinte e repete essa taxa hoje.
No que diz respeito à escolaridade, Lula ampliou sua vantagem entre os eleitores com escolaridade fundamental e média, enquanto Alckmin viu sua vantagem entre os mais escolarizados reduzir-se mais um pouco. No segmento que possui escolaridade superior, o tucano passou de 56% das intenções de voto nos dias 5 e 6 para 53% no dia 10 e chega hoje a 52%. O candidato petista tinha 35% na primeira pesquisa do segundo turno, oscilou para 37% no levantamento seguinte e tem agora 41% nesse segmento. Ou seja, a vantagem de Alckmin sobre Lula entre os mais escolarizados caiu de 21 para 11 pontos percentuais em 10 dias.
Entre os eleitores com escolaridade média, a primeira pesquisa do segundo turno mostrava um empate técnico: Alckmin tinha 48% e Lula 45% das intenções de voto nesse estrato. No levantamento seguinte o tucano caiu para 43% e Lula foi a 49%. Hoje o petista, com 53%, está 12 pontos à frente do peessedebista, que tem 41% nesse segmento.
Lula se manteve com 57% entre os que têm escolaridade fundamental nos dois primeiros levantamentos do segundo turno. A pesquisa realizada ontem e hoje mostra que o petista avançou seis pontos percentuais entre os menos escolarizados, chegando a 63%, 31 pontos à frente de Alckmin, que tem 32% nesse segmento (tinha 36% nos dias 5 e 6 e 34% no dia 10).
Regionalmente, Lula obtém seu melhor resultado no Sudeste, tendo saído de uma situação de empate técnico, no início do mês, para a liderança com 11 pontos de vantagem, hoje. Nos dias 5 e 6 de outubro, Alckmin tinha 47% e Lula 45% das intenções de voto na região. Na pesquisa do dia 10, cada um dos candidatos obtinha 45% das preferências. Hoje, Lula chega a 52%, sete pontos a mais do que atingia no levantamento anterior, enquanto Alckmin cai para 41%.
No Sul, Alckmin continua à frente, mas com vantagem menor do que tinha no início do mês. Em relação ao levantamento anterior, Lula ganhou cinco pontos percentuais (subiu de 38% para 43% das intenções de voto) enquanto Alckmin perdeu quatro (passou de 54% para 50%). Na pesquisa dos dias 5 e 6 a vantagem do tucano sobre o petista era de 24 pontos percentuais na região Sul (57% a 33%).
Nas regiões Norte e Centro-Oeste Lula mantém a liderança, e ganhou seis pontos percentuais (passou de 50% para 56%) em relação ao levantamento da semana passada. Alckmin oscilou de 41% para 40% nessas regiões.
No Nordeste, os candidatos repetem os percentuais que obtinham na pesquisa anterior, e Lula, com 71%, continua 47 pontos à frente de Alckmin, que tem 24% entre os eleitores nordestinos.
Lula ganhou oito pontos percentuais entre os eleitores com idade entre 16 e 24 anos, passando de 47% para 55% das intenções de voto, assumindo a liderança isolada nesse segmento, já que Alckmin caiu de 46% para 41% entre os mais jovens.
O petista continua tendo menos votos entre as mulheres do que entre os homens, mas vem ganhando pontos nesse segmento: tinha 47% das preferências do eleitorado feminino na pesquisa do início do mês, oscilou para 48% na pesquisa seguinte e chega hoje a 54%. Alckmin começou com 45%, passou para 42% e tem hoje 40% de intenções de voto entre as mulheres.
Os eleitores que declaram ter votado em Heloísa Helena no primeiro turno, que em um primeiro momento, demonstravam em sua maior parte preferir Alckmin na segunda rodada, vem se aproximando de Lula. Na pesquisa dos dias 5 e 6 de outubro, 48% dos que diziam ter votado na candidata do PSOL, terceira colocada no primeiro turno, declaravam apoio ao candidato do PSDB; 32% preferiam Lula. No dia 10, a preferência pelo tucano caiu para 39%, taxa que se mantém hoje. Já a taxa de eleitores da senadora que declaram que vão votar em Lula no próximo dia 29 passou de 36% na pesquisa da semana passada para 42% hoje.
Entre os eleitores que declaram ter votado em Cristovam Buarque, quarto colocado no primeiro turno, 48% pretendem votar em Lula (mesma taxa do levantamento anterior) e 35% em Alckmin (eram 34%). Na primeira pesquisa após o primeiro turno, os eleitores do candidato do PDT se dividiam (39% para cada candidato).
Tanto PSOL quanto PDT declararam neutralidade no segundo turno da eleição presidencial.
Entre os eleitores que pretendem votar hoje em Lula, 9% dizem que seu voto ainda pode mudar até o dia da eleição. Percentual idêntico manifesta não estar totalmente convicto de seu voto entre os eleitores de Geraldo Alckmin.
Dos que, hoje, têm intenção de votar no petista, mas não estão totalmente decididos, 63% dizem que votariam em seu adversário, em caso de mudança; 30% votariam branco ou anulariam o voto. Dos que têm intenção de votar em Alckmin, e dizem que o voto ainda pode mudar, 53% optariam pelo petista e 40% anulariam o voto ou votariam em branco.
Indagados sobre o número que devem digitar na urna eletrônica para confirmar seu voto no próximo dia 29, respondem corretamente 87% dos eleitores que têm intenção de votar no petista e 86% dos que pretendem dar seu voto ao candidato do PSDB.