A favor de Serra contaram mais imagem pessoal e política associada à rejeição ao PT
Eleito prefeito com 56% dos votos válidos no último domingo, 27 de outubro, o petista Fernando Haddad conseguiu grande quantidade de votos graça a seu discurso de mudança e inovação, mas não foi só.
Suas propostas na área de transporte, saúde e educação também o impulsionaram no dia da votação, assim como a simpatia de parte dos eleitores com seu partido e seus padrinhos políticos.
De acordo com pesquisa Datafolha que consultou os eleitores de São Paulo sobre as razões de seu voto no segundo turno, 23% dos que optaram pelo petista fizeram referência à inovação e mudança, com 12% citando que é "novo na política", "pode fazer mudanças" e "implantar novos projetos", e outros 6% afirmando que "optou por renovação" ou "optou por mudança", sem especificar.
Em seguida, mencionadas por 16% dos eleitores, aparecem as razões relacionadas a propostas para o transporte e à ideologia ou aceitação ao partido de Haddad. Entre os 16% que fazem referência ao transporte, destacam-se os que mencionam "melhores propostas", "investimentos em transporte", "mais transporte", com 5% das citações; "boas propostas para o bilhete único", sem especificar, com 3%; "implementação do bilhete único mensal", com 7%; e propostas para corredores de ônibus, com 3%, entre outras citações com menor patamar. No caso dos que indicam ter votado em Haddad por causa de seu partido, há menções, principalmente, ao fato de ele "ser do PT" e desse eleitor "gostar do PT" e "sempre" votar no partido - essa categoria de resposta corresponde a 15% dos 16% registrados.
As propostas do petista para a área da saúde influenciaram no voto de 15% dos seus eleitores, com destaque para menções genéricas a melhorar a área da saúde, melhorar o atendimento, investir na saúde (8%) e projetos para construção ou reforma de postos de saúde e hospitais (5%). No mesmo patamar ficam as propostas para a educação, mencionadas por 14% (com 6% de menções para melhores propostas, de forma geral, e 5% citando construção ou reforma de creches e escolas); e os que dizem que votaram porque Haddad tem as melhores propostas ou propostas diferentes, sem especificar quais eram, que também somaram 14%.
A rejeição a Serra foi citada por 11% (6% fazem referência ao abandono da prefeitura, e 5% falam sobre antipatia pessoal) como uma das razões para votar no candidato do PT, mesmo índice dos que disseram tê-lo escolhido por causa de sua imagem pessoal (7% afirmam que Haddad é digno, sincero, tem credibilidade, transmite confiança ou é integro, e 3% citam sua juventude).
Há ainda entre as razões de voto referências ao apoio de Lula e Dilma (7%); ao entendimento de que Haddad irá governar para os mais pobres (7%); a sua imagem pública (6%, com citações sobre competência, qualificação, currículo, experiência na área da educação etc); e à falta de opções (3%), entre outras com menor percentual de citações.
As razões que levaram 44% dos eleitores de São Paulo a votarem em José Serra mostram um quadro diferente, com mais atenção à imagem do candidato e sua atuação na área da saúde. Uma fatia de 37% do eleitorado do tucano, por exemplo, disse tê-lo escolhido por causa de sua imagem pública, exaltando, principalmente, sua experiência política e administrativa de forma genérica (15%); sua experiência na saúde e à frente do Ministério da Saúde (10%); e o fato de ter a ficha limpa ou não ser corrupto (4%), entre outras indicações menos citadas. As propostas da saúde de Serra foram mencionadas por 27% com uma das razões do voto, com 14% deles citando programas como o de medicamentos genéricos, distribuição gratuita de remédios e vacinação para idosos, entre outros. Há ainda 21% de eleitores que fazem referência à imagem pessoal de Serra (9% dizem que ele é honesto, digno, sincero, transmite credibilidade, e 8% citam o fato de ele ser mais velhos, mais experiente).
A rejeição ao PT foi citada por 24% dos eleitores de Serra como uma das razões para terem votado no tucano, patamar maior do que o de eleitores que dizem tê-lo escolhido por afinidade com o PSDB (11%).
Também são 11% os que citam as propostas de Serra para o transporte como um dos fatores que atraíram o voto, com destaque para a ampliação do bilhete único (3%) e para a ampliação do metrô, obras do metrô e trens novos (3%). As propostas de Serra para a educação atraíram 5% de seus eleitores, mesmo índice dos que dizem tê-lo escolhido porque ele tem as melhores propostas de forma geral e dos que alegaram falta de opção. Uma fatia de 3% disse ainda ter votado em Serra por rejeitar Haddad, 2% por ele ser o melhor candidato, e 2% porque seguiram o voto da família, entre outras razões com menor patamar de citações.
Entre os que optaram por votar em branco ou nulo, as razões mais mencionadas estavam ligadas, principalmente, à falta de confiança nos candidatos (32%) e ao fato de nem Serra nem Haddad agradarem (20%).