O desejo de renovação e mudança no poder move 30% dos eleitores de Bolsonaro e é a principal razão de voto no candidato do PSL, que tem 59% das intenções votos válidos na disputa pela Presidência. A rejeição ao PT vem a seguir, citada espontaneamente por 25% como motivo para votar em Bolsonaro, e na sequência aparecem as propostas na área de segurança do candidato, mencionadas por 17% (incluindo 1% que citam a proposta de facilitar a compra de armas pela população, e 1% que votam no capitão reformado pela promessa de diminuir a maioridade penal).
Razões ligadas à imagem e valores pessoais do candidato somam 13%, com destaque para valorização da família (4%), não estar envolvido em corrupção (4%) e ser honesto, digno, sincero (3%), entre outras respostas ligadas a atributos pessoais. No mesmo patamar, com 12%, aparecem suas propostas de governo e/ou plano de governo, e 10% mencionam o combate à corrupção como razão para votar em Bolsonaro.
Em um patamar mais baixo aparece a experiência e capacidade de Bolsonaro para governar (5%), suas propostas para educação (5%), para a saúde (5%) e para melhorar o Brasil, de forma geral (4%). Há 3% que votam no candidato por falta de melhor opção, outros 3% que valorizam suas propostas de geração de emprego, e 2% votam por causa de suas propostas econômicas.
Quanto mais alta a renda familiar do eleitor, maior sua disposição em votar em Bolsonaro por rejeição ao PT. Entre os eleitores mais pobres do candidato do PSL, com renda familiar de até 2 salários, 18% dizem que a razão para seu voto é a aversão ao PT. Na faixa seguinte, de renda de 2 a 5 salários, 25% justificam seu voto pela rejeição ao PT. Entre quem tem renda de 5 a 10 salários, esse índice sobe para 31%, e entre os mais ricos, com renda superior a 10 salários, vai a 38%.
Na região Norte, fica em destaque o desejo de mudança e renovação, com índice acima da média nacional (37%). No Distrito Federal, esse índice é de 35%. No Centro Oeste, chama a atenção o baixo índice dos que votam no candidato por causa da segurança, de cerca de metade (8%) da média nacional (17%). Na região Sul, destaque para o combate a corrupção, que atrai o voto de 15%, ante 10% entre os eleitores brasileiros. No Estado do Rio de Janeiro, 27% escolhem Bolsonaro por causa de suas propostas sobre segurança, ante 11% no Distrito Federal. Ainda no Rio, 18% citam atributos de imagem e valores do candidato do PSL, ante 13% na média nacional.
No grupo de eleitores jovens de Bolsonaro, na faixa de 16 a 24 anos, o desejo de mudança e renovação fica abaixo da média (20%), e ganha destaque o índice dos que escolhem o candidato por causa de suas propostas de governo (25%), sem citar propostas específicas.
Rejeição a Bolsonaro motiva 20% do eleitorado de Haddad
O candidato do PT, Fernando Haddad, tem 41% das intenções de votos válidos, e 20% desse eleitorado menciona espontaneamente a rejeição a Jair Bolsonaro como principal motivo para votar no ex-prefeito de São Paulo. Em patamar próximo aparecem suas promessas de governo, de forma geral (15%), e na sequência a identificação com o PT (13%), a experiência e capacidade do petista para governar (11%), a influência do ex-presidente Lula (11%), imagem e valores pessoais do candidato (7%), a compreensão de que Haddad fará um governo para os mais pobres (6%), pelas propostas para a educação (6%), por falta de opção melhor (4%), pelas propostas para gerar empregos (4%), para melhorar o Brasil, desenvolver o Brasil, sem especificar (3%), pelas propostas do petista na saúde (3%), por causa dos programas sociais (3%), pela democracia (2%), e por causa das propostas na área de segurança (2%), entre outras razões que somam 1% ou menos.
Entre os eleitores mais jovens de Haddad, 29% o escolhem por rejeição a seu adversário, índice que cai gradativamente conforme o avanço etário e fica em 14% entre os mais velhos, com 60 anos ou mais. No grupo dos mais jovens também fica acima da média a taxa dos que justificam que Haddad tem as melhores propostas, sem especificar quais (24%). A rejeição a Bolsonaro também faz diferença nas razões de voto quando o recorte é pela escolaridade do eleitor: entre os eleitores do petista com escolaridade fundamental, 13% tem na aversão a seu adversário o motivo dessa escolha; entre quem estudou até o ensino médio, esse índice sobe para 21%; na parcela dos mais escolarizado, alcança 35%. Tendência similar ocorre na segmentação por renda: entre eleitores do petista com renda mensal mais baixa, de até dois salários, 17% votam porque não gostam de Bolsonaro, índice que sobe para 30% nas faixas com renda mensal acima de cinco salários.
A identificação com o PT como principal motivação para votar em Haddad fica em 5% entre os mais jovens, ante 17% nas faixas de 45 a 59 anos e acima de 60 anos. Na análise por escolaridade, a situação se inverte: entre os menos escolarizados, 17% votam em Haddad por causa do PT, índice que cai para 5% entre quem estudou até o ensino superior.
Para investigar a razão de voto dos brasileiros, o Datafolha pediu aos 9.137 eleitores que responderam a sua última pesquisa, realizada entre 17 e 18 de outubro, "por quais motivos você pretende votar" no candidato citado na questão de intenção de voto. As respostas, espontâneas, foram anotadas e agrupadas em temas comuns. Os eleitores foram estimulados a oferecer mais de um motivo para seu voto, razão pelo qual a soma das respostas ultrapassa 100%.