92% dos evangélicos paulistanos concordam que a igreja muda para melhor a vida das pessoas

45% declaram já ter sofrido preconceito pelo fato de ser evangélico

BAIXE AQUI O RELATÓRIO COMPLETO

A Assembleia de Deus abriga em seus cultos 26% dos evangélicos da cidade de São Paulo com 18 anos ou mais, índice que contribui para tornar o ramo das igrejas evangélicas pentecostais o maior dentre os três que serão usados para classificar as igrejas neste relatório – neopentecostais e históricos/protestantes são os outros dois.

Os pentecostais têm 43% do universo evangélico paulistano, e além da Assembleia ele inclui também a Congregação Cristã (8%), a Deus é Amor (4%), a Quadrangular (1%) e outras que não atingiram 1%.

O segundo ramo mais representativo é o das neopentecostais, que abriga 22% dos evangélicos paulistanos e inclui a Universal do Reino de Deus (10%), a Internacional da Graça (3%), a Paz e Vida (2%), a Brasil para Cristo (2%), a Mundial (1%), a Videira (1%), a Renascer (1%) e a Plenitude do Trono (1%), além de outras cujas menções não atingiram 1%. Os históricos/protestantes somam 10%, com destaque para as comunidades das igrejas Batista (6%), Adventista (1%), Presbiteriana (1%) e Jesus Cristo dos Últimos dias (1%), entre outras menos citadas.

Fiéis durante culto na Igreja Batista da Lagoinha - (Zanone Fraissat/Folhapress)

Há ainda 5% que não estão frequentando nenhuma igreja neste momento, 1% que não possui uma igreja específica e 20% que citaram igrejas que não entraram na classificação acima.

A maioria (58%) desse universo é formada por mulheres, e 42% são homens. Entre os mais jovens, de 18 a 24 anos, 51% são mulheres, e entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, esse índice sobe para 66%. No eleitorado paulistano com 18 anos ou mais, 54% são mulheres, e 46%, homens, e entre católicos a proporção é igual (54% a 46%).

Por idade, 14% estão na faixa de 18 a 24 anos, 21% têm de 25 a 34 anos, 24% têm de 35 a 44 anos, outros 24%, de 45 a 59 anos, e 18%, 60 anos ou mais. A média de idade dos evangélicos na cidade de São Paulo é de 42,6 anos. O eleitorado paulistano adulto, de forma geral, tem idade média mais alta (45,3 anos, sendo que 51% têm até 44 anos), e entre os católicos a diferença é ainda maior (49,7 anos, sendo 39% com até 44 anos).

Uma parcela de 47% dos evangélicos é parda, 28% são brancos, 20% são pretos, 1% é amarelo, 1% é indígena, e outros 3% declaram outras raças ou etnias. Entre históricos/protestantes, 32% são pardos, 39% são brancos, e 22%, são pretos. Entre neopentecostais, 39% são pardos, 31% são brancos, e 25%, pretos. Na parcela de pentecostais, 56% são pardos, 24% são brancos, e 15%, brancos. O eleitorado da capital paulista, em comparação, tem mais brancos (42%) do que o verificado entre evangélicos, e índices menores de pardos (38%) e pretos (16%). Entre católicos, 45% são brancos, 36% são pardos, e 15%, pretos.

Em relação à escolaridade, 25% estudaram até o ensino fundamental, a maioria (55%) estudou até o ensino médio e 20% possuem escolaridade superior. Na parcela que frequenta grandes igrejas, que recebem mais de 200 pessoas em seus cultos, 31% estudaram até o ensino superior, índice que cai para 19% nas igrejas médias, que recebem de 50 a 150 pessoas, e para 13% nas pequenas igrejas, que recebem até 50 pessoas. Na cidade de São Paulo, considerando eleitores com 18 anos ou mais, 21% têm escolaridade fundamental, 44%, escolaridade média, e 35%, escolaridade superior. No recorte para católicos, 27% estudaram até o fundamental, 42%, até o ensino médio, e 31%, até o ensino superior.

A estratificação por renda individual mostra que 38% recebem até 1 salário mínimo por mês, 27% ganham de 1 a 2 salários, 15% têm renda de 2 a 3 salários, 9% têm renda de 3 a 5 salários e 3% recebem um valor superior a 5 salários, com 9% sem resposta para a questão. Na parcela de mulheres, 45% têm renda individual de até 1 salário mínimo, índice superior ao registrado entre homens (28%).

Por renda familiar mensal, 16% moram em domicílios com renda de até 1 salário mínimo, 22%, em domicílios com renda de 1 a 2 salários, e os demais têm renda familiar de 2 a 3 salários (26%), de 3 a 5 salários (18%), de 5 a 10 salários (9%), e acima de 10 salários (2%), além daqueles que não responderam (6%). No eleitorado paulistano, 43% têm renda familiar de até 2 salários (entre evangélicos, 38%), há 38% com renda familiar de 2 a 5 salários (entre evangélicos, 44%), e 16%, possuem rendimento acima de 5 salários (entre evangélicos, 12%). Entre católicos, esses índices ficam em 45%, 36% e 16%, respectivamente.

Na parcela que frequenta igrejas pequenas, 43% possuem renda familiar de até 2 salários, índice superior ao registrado entre quem frequenta grandes igrejas (31%). Na parcela que vai a igrejas médias, esse índice é de 39%.

A maioria (73%) dos evangélicos paulistanos faz parte da PEA (População Economicamente Ativa), sendo que 29% são assalariados registrados, 13% são autônomos regular, 10% fazem bicos, e 6%, assalariados sem registro, além de 9% que estão desocupados em busca de emprego. Entre os 27% que não fazem parte da PEA, 11% são aposentados, 10%, donas de casa, 3%, estudantes, e 2%, desempregados que não estão buscando emprego.

Cerca de metade (51%) é casada, 35% são solteiros, 9% são separados e 6% são viúvos. Entre os homens, 40% são solteiros, ante 31% entre as mulheres. No universo feminino, 9% são viúvas, e entre os homens esse índice é de 2%.

Uma parcela de 41% tem filhos, sendo que 19% têm um filho, 13% têm dois filhos, 5% têm três filhos, e 3%, quatro filhos ou mais.

PERFIL RELIGIOSO

Um em cada cinco (19%) evangélicos paulistanos frequenta a igreja evangélica desde que nasceu, e 46% passaram a frequentar com 18 anos ou mais. Há 13% que começaram a frequentar igrejas evangélicas com 13 a 17 anos, e 21% entre um ano e 12 anos.

A maioria (67%) frequenta a igreja evangélica atual desde os 18 anos ou mais, e 7% frequentam a instituição atual desde que nasceram. Uma parcela de 11% começou a frequentar a igreja atual com idades entre 13 e 17 anos, e 9%, com idades entre um a 12 anos.

Quatro em cada dez evangélicos (40%) vivem na região leste da cidade de São Paulo, e os demais habitam as regiões sul (31%), norte (21%), oeste (6%) e centro (1%), além de 1% sem resposta sobre o bairro em que mora.

Uma parcela de 54% vai a cultos ou reuniões religiosas mais de uma vez por semana, e 26% vão uma vez por semana. Os demais vão a cultos ou reuniões da igreja uma vez a cada 15 dias (7%), uma vez por mês (7%), uma vez a cada seis meses (2%), uma vez por ano (2%) e menos de uma vez por ano (1%), além dos que não costumam ir à igreja (2%).

Entre os jovens de 18 a 24 anos, 43% vão a igreja mais de uma vez por semana, índice que vai a 48% na faixa de 25 a 34 anos, a 52% na faixa de 35 a 44 anos, a 62% na faixa de 45 a 59 anos, e fica em 61% entre quem tem 60 anos ou mais. No segmento com escolaridade fundamental, 64% frequentam cultos e reuniões mais de uma vez por semana, ante 50% entre quem tem escolaridade média e 51% na parcela com escolaridade superior. Entre protestantes históricos, 42% frequentam a igreja mais de uma vez por semana, ante 56% entre neopentecostais e 59% no segmento dos pentecostais.

Um em cada três (34%) frequenta igrejas pequenas, que costumam receber até 50 pessoas em seus cultos e reuniões. Em patamar similar, 37% vão a igrejas médias, que costumam receber entre 50 e 200 pessoas, e há 27% que frequentam igrejas grandes, onde costumam estar mais de 200 pessoas. Esse último grupo inclui pessoas que frequentam igrejas que costumam receber mais de 500 pessoas (12%). Entre protestantes históricos, 20% vão a grandes igrejas, índice que vai a 26% entre pentecostais e a 40% no segmento dos neopentecostais.

Entre os evangélicos paulistanos, 42% já tiveram outra religião ao longo da vida, sendo que 38% foram católicos, 2% frequentaram a umbanda, e 2%, o candomblé, entre outras citadas.

De forma geral, 43% tiveram pais evangélicos, sendo que 25% tiveram tanto pai como mãe evangélicos, sendo que 16% tiveram somente mãe evangélica, e 2%, somente pai evangélico.

Ampla maioria (83%) costuma contribuir financeiramente com sua igreja, sendo que 15% contribuem semanalmente, 7%, quinzenalmente, 52%, mensalmente, e 8% contribuem com menos frequência. Entre as mulheres, 87% contribuem com a igreja, e entre os homens esse índice é de 77%.

O índice dos que já foram atendidos pessoalmente ou que moram com alguém que já foi atendido por projeto social de sua igreja é de 47%, sendo os mais comuns a doação de cestas básicas (18%), evangelização ou culto no lar (3%), assistência social de forma geral (3%), ajuda financeira (2%), recuperação de dependente químicos (1%), doação de roupas ou calçados (1%), assistência psicológica (1%), Unisocial (1%), aconselhamento (1%), obra da piedade (1%), medicamentos (1%) e aulas de canto ou música (1%), entre outras que não atingiram 1%.

Considerando uma escala de 0 a 10, onde 0 significa ''não tem importância'' e 10 significa ''tem muita importância'', os evangélicos avaliaram a importância da religião em três aspectos da vida, e o papel da religião nos planos financeiros e na vida profissional foi destaque, com média 8,9 (76% de notas 9 ou 10). A importância da religião para fazer nova amizades ou preservar amizades antigas teve média 8,1 (63% de notas 9 ou 10), e em relação à busca por um parceiro amoroso ou para manter um relacionamento amoroso a média atribuída foi 7,7 (60% de notas 9 ou 10).

Evangélicos que estudaram até o ensino superior tendem a atribuir menos notas máximas à importância da religião nas dimensões amorosa (52%, ante 59% entre quem tem escolaridade média e 66% no segmento com escolaridade fundamental) e relacionadas à amizade (50%, ante 64% na parcela com escolaridade média e 71% no grupo com escolaridade fundamental).

Uma fatia de 45% declara já ter sofrido preconceito pelo fato de ser evangélico, e os locais e situações onde isso mais aconteceu foi no trabalho (18%), entre familiares e amigos (13%), na escola ou faculdade (12%), na rua ou espaços públicos (11%), nas redes sociais (3%) e no transporte público (2%), entre outros menos citados. Entre eleitores de Bolsonaro, 55% disseram já ter sofrido preconceito por serem evangélicos, índice mais alto do que o registrado entre eleitores de Lula (36%).

Ampla maioria (90%) dos evangélicos tem conta em redes sociais ou aplicativos sociais, sendo Whatsapp (88%), Facebook (66%), e Instagram (63%) sendo usados pela maioria deles. Há ainda 30% com conta no Tiktok, 19% que usam o Telegram, e 10% que utilizam o X (ex-Twitter). Entre os mais jovens 97% possuem Instagram, 54%, Tiktok, e 24%, X (ex-Twitter).

Entre os que utilizam o Whatsapp, 56% participam de grupos da igreja, e 46% dizem que em seus grupos não há publicações sobre política. Na parcela que tem conta no Facebook, 39% participam de grupos da igreja na rede social, e 28% afirmam que nesses grupos não há publicações sobre política.

Cerca de metade (48%) dos evangélicos paulistanos segue influenciadores como cantores, artistas, políticos e youtubers cristãos na internet. Entre jovens de 18 a 24 anos, esse índice é de 76%, e cai conforme o avanço da idade, atingindo 55% na faixa intermediária, de 34 a 45 anos, e 15% entre os mais velhos, com 60 anos ou mais.

Os influenciadores mais seguidos, segundo menções espontâneas, são Gabriela Rocha (5%), Aline Barros (4%), Cassiane (3%), Bruna Karla (3%), Camila Barros (3%), Fernandinho (2%), Pastor Cláudio Duarte (2%), Silas Malafaia (2%) e Eyshila (2%), entre outros citados com índices de 1% ou menos.

PAUTA DE VALORES

Ampla maioria (92%) dos evangélicos paulistanos concorda que a igreja evangélica muda para melhor a vida das pessoas, sendo que 74% concordam totalmente com a afirmação, e 18%, em parte. Há 7% que discordam (4% totalmente e 3% em parte), e os demais não concordam nem discordam ou não responderam (1%).

Em patamar similar, 89% concordam que homens e mulheres devem ter um papel igual na sociedade, incluindo 73% que concordam totalmente, e 16% que concordam em parte. Há 10% que discordam da afirmação (4% totalmente e 5% em parte), e 1% não concordam nem discordam ou preferiram não responder.

A avaliação de que as Igrejas Evangélicas devem acolher homossexuais e pessoas trans tem apoio de 86%, taxa dos que concordam com a firmação, divididos entre evangélicos que concordam totalmente (70%) e aqueles que concorda em parte (16%). A parcela dos que discordam representa 12% (8% totalmente, 3% em parte), há 1% que não concorda nem discorda, e 2% preferiram não opinar. O índice dos que discordam é de 13% entre quem tem escolaridade média, 15% entre quem tem escolaridade fundamental e de 5% no grupo que estudou até o ensino superior.

Uma parcela de 81% concorda que quanto mais fé, mais sacrifícios e mais disciplina, mais bênçãos terá o fiel, incluindo aqueles que concordam totalmente (65%) e quem concorda em parte (17%). Há 17% que discordam da afirmação, 10% totalmente e 8% parcialmente, e 1% que não concorda nem discorda, além de 1% que preferiu não opinar. A taxa dos que discordam é menor entre quem tem escolaridade fundamental (9%) do que entre quem tem escolaridade superior (33%), e entre quem tem escolaridade média é de 15%.

O índice dos que concordam que a mulher deve ter modéstia ao se vestir é de 81% (64% totalmente, e 18%, em parte), e 16% discordam (7% totalmente, e 9%, em parte), com 2% sem concordar ou discorda e 1% que preferiu não opinar. A taxa de discordância é similar entre mulheres (16%) e homens (15%). Na parcela com escolaridade fundamental, fica em 11%, ante 16% na parcela com escolaridade média e 21% entre quem tem escolaridade superior.

Também é de 81% o índice dos que concordam que homens e mulheres devem ter um papel igual dentro da família, sendo 64% totalmente, e 17%, parcialmente. Há 18% que discordam (10% totalmente, e 8%, em parte), e 1% não concorda nem discorda ou não respondeu. A taxa dos que discordam fica em 28% na faixa de 25 a 34 anos, e entre quem tem 60 anos ou mais é de apenas 7%. Na parcela com escolaridade fundamental, 11% discordam, ante 18% entre quem tem escolaridade média e 29% no segmento com escolaridade superior.

Há 79% quem concordam que a bíblia deve ser levada ao pé da letra em todos os seus aspectos (62% totalmente, e 16%, em parte), e 20% discordam (8% totalmente, e 12%, em parte), e os demais não concordam nem discordam (1%) ou não responderam (menos de 1%). A taxa dos que discordam é de 31% entre quem tem de 18 a 24 anos, o fica em um patamar mais baixo nas faixas de 45 a 59 anos (12%) e entre quem tem 60 anos ou mais (16%). No segmento com escolaridade fundamental, 8% discordam, ante 22% no segmento com escolaridade média e 29% entre quem tem escolaridade superior.

Três em cada quatro (74%) evangélicos paulistanos concordam que educação sexual deve ser tema de aula nas escolas (47% totalmente, e 26%, em parte), e 25% discordam da afirmação (18% totalmente, e 7%, parcialmente), e 1% não concorda nem discorda ou preferiu não opinar. Entre homens, 29% discordam, ante 22% entre mulheres. Entre jovens de 18 a 24 anos, 18% discordam, e na faixa seguinte, de 25 a 34 anos, é de 29%. Entre quem votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2022, 32% discordam do ensino de educação sexual nas salas de aula, e na parcela que votou em Lula esse índice é de 18%.

Entre as questões que mais dividem os evangélicos paulistanos estão sua importância na sociedade brasileira, a união entre política e religião no país e o apoio a guerras travadas por Israel.

Metade (51%) concorda que os evangélicos são desvalorizados no Brasil (26% totalmente, e 25%, parcialmente), e 46% discordam (24% totalmente, e 21%, em parte). Há 1% que não concorda nem discorda, e 2% não opinaram. No segmento com escolaridade fundamental, 56% concordam, ante 50% entre quem tem escolaridade fundamental e 46% entre quem tem escolaridade superior. No grupo que frequenta grandes igrejas, 44% concordam sobre a desvalorização dos evangélicos no país, índice que fica em 49% entre quem tem frequenta igrejas médias, e em 59% no segmento que frequenta pequenas igrejas.

A taxa dos que concordam que política e valores religiosos devem estar sempre juntos é de 43% entre os evangélicos paulistanos (28% totalmente, e 16%, parcialmente), e 55% discordam (38% totalmente, e 17%, parcialmente). Nas grandes igrejas, 51% discordam, ante 55% nas igrejas médias e 60% nas pequenas. Entre eleitores de Bolsonaro em 2022, 48% discordam, e entre quem votou em Lula esse índice é de 59%.

Com menos apoio do que repúdio, 38% concordam que o Brasil deve apoiar Israel em todas as suas guerras (23% concordam totalmente, e 15%, em parte), enquanto 53% discordam (34% totalmente, e 19%, parcialmente). Há ainda 2% que não concordam nem discordam, e 7% preferiram não opinar. Entre eleitores de Bolsonaro, 49% concordam sobre o apoio do Brasil a guerras travadas por Israel, e 43% discordam. No eleitorado evangélico de Lula em São Paulo esses índices ficam em 30% e 64%, respectivamente.

A maioria (77%) dos evangélicos paulistanos declara ser contra os pais poderem dar aulas e ensinar crianças em casa para não precisar que elas estudem em uma escola, e 19% são a favor dessa medida, com 3% indiferentes e 1% sem opinião a respeito. Entre os homens, 25% são a favor, ante 15% das mulheres. Entre protestantes históricos a parcela a favor da educação de crianças em casa atinge 39%.

A descriminalização do aborto enfrenta a oposição de 68%, e tem o apoio de 23%. Os demais são indiferentes (4%) ou preferiram não responder (5%). A taxa dos que são a favor de descriminalizar a aborto no Brasil é de 15% entre quem tem escolaridade fundamental, de 23% entre quem tem escolaridade média e de 32% na parcela com escolaridade superior. Entre quem votou em Bolsonaro, 16% apoiam descriminalizar o aborto, metade do registrado entre eleitores de Lula (32%).

Ainda sobre o tema do aborto, 53% são contra uma mulher que interrompe uma gravidez ser processada e ir para a cadeia, e 29% são a favor de processar e prender mulheres nessa situação. Os demais são indiferentes (7%) ou preferiram não opinar (11%). A taxa de contrários é de 49% entre quem tem escolaridade fundamental, de 53% no segmento com escolaridade média, e de 60% entre quem estudou até o ensino superior.

Dois em cada três (66%) são contra as pessoas terem armas para se defenderem, e 28% são a favor, com 4% indiferentes e 2% sem opinião. Entre os homens, 38% apoiam o armamento dos cidadãos para sua defesa, o dobro do registrado entre mulheres (21%). Essa opinião favorável também registra índices acima da média na faixa de 25 a 34 anos (37%), entre evangélicos com curso superior (40%) e entre aqueles com renda mensal familiar acima de 5 salários (43%). No eleitorado evangélico de Bolsonaro em São Paulo, 38% são a favor das pessoas terem armas, ante 19% no eleitorado de Lula.

Assim como no tema aborto, duas abordagens diferentes sobre os direitos de casais homossexuais mostram tendências diferentes.

A maioria (57%) declara ser contra a união legal de pessoas do mesmo sexo, e 26% são a favor que essa união seja legal. Há ainda 13% que são indiferentes, e 5% não opinaram. O índice de contrários é de 38% na faixa de 18 a 24 anos, de 46% na faixa de 25 a 34 anos, de 57% na faixa de 35 a 44 anos, de 75% na faixa de 45 a 59 anos, e de 58% na faixa de 60 anos ou mais. Entre quem tem escolaridade fundamental, 71% são contra a união legal de casais homossexuais, ante 56% no segmento com escolaridade média e de 42% entre quem tem escolaridade superior.

A adoção de crianças por um casal gay divide os evangélicos, com 43% se posicionando a favor, e 42%, contra. Há ainda 9% que dizem ser indiferentes, e 5% preferiram não opinar. Entre as mulheres, 47% são favoráveis à adoção de crianças por casais homossexuais, índice que fica em 38% entre os homens. O apoio à adoção também tem mais apoio nas faixas de 18 a 24 anos (60%) e na faixa de 25 a 34 anos (58%). Entre quem tem escolaridade fundamental esse índice é de 36%, ante 45% no grupo com escolaridade média e 49% entre quem tem escolaridade superior. No conjunto de eleitores que votou em Bolsonaro em 2022, 29% são a favor da adoção de crianças por casais gays, e entre eleitores de Lula esse índice sobe para 56%.

Em outra questão sobre o aborto, os evangélicos paulistanos foram informados que atualmente o aborto é permitido por lei apenas em casos de estupro, de risco de vida da mãe ou anencefalia do feto, e diante disso foram consultados sobre a possibilidade de ampliar, diminuir ou manter como está a legislação sobre o tema.

Para 48%, a legislação sobre o aborto no Brasil deveria ser mantida como está, e há 17% que defendem ampliação do direito ao aborto, incluindo neste grupo aqueles que defendem o aborto em mais situações e quem defende a liberação total (4%). Há 25%, por outro lado, que defendem a proibição do aborto em qualquer situação, e os demais deram outras respostas espontâneas (4%) ou preferiram não opinar (2%).

Entre quem tem escolaridade fundamental, 43% defendem que o aborto seja proibido em qualquer situação, ante 20% no segmento com escolaridade média e 16% entre quem estudou até o ensino superior. A ampliação para mais situações ou liberação total do aborto é defendida por 19% na parcela de escolaridade fundamental, 18% entre quem tem escolaridade média, e de 33% no segmento com escolaridade superior. Entre eleitores de Lula, 31% apoiam a ampliação ou liberação total do direito ao aborto, o dobro do registrado no eleitorado de Bolsonaro (15%).

Em pesquisa sobre o tema em julho de 2024, 34% dos brasileiros com 16 anos ou mais defenderam manter a legislação do aborto como está, e 38% avaliam que deveria ser proibido em qualquer situação. Para 17%, deveria ser permitido em mais situações, e 7% dizem que deveria ser permitido em qualquer situação.

IGREJA E POLÍTICA

Uma parcela de 56% é contra que, durante o período eleitoral, pastores ou líderes das igrejas evangélicas apoiem candidatos, e 38% são a favor, com 5% indiferentes e 1% sem opinião sobre o tema. Na parcela de evangélicos que votou em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição de 2022, 48% são favoráveis ao apoio de pastores e líderes da igreja a candidatos, e entre quem votou em Lula esse índice recua para 31%.

A maioria (70%) é contra a indicação de candidatos por parte de pastores e lideranças evangélicas durante o período eleitoral, e um quarto (25%) é favorável a esse tipo de indicação, com 3% indiferentes e 1% sem opinião.

Entre evangélicos protestantes históricos, 19% são favoráveis à recomendação de voto, índice que sobe para 32% entre neopentecostais e fica em 25% no segmento pentecostal. Entre quem frequenta igrejas grandes, 30% são favoráveis, ante 26% na parcela que frequenta igrejas médias, e 19% na parcela que vai a igrejas pequenas.

Em nível similar, 76% são contra pastores e líderes evangélicos falarem nos cultos sobre assuntos que aparecem nas eleições, e 20% dizem que são a favor desse tipo de manifestação. Os demais são indiferentes (3%) ou não opinaram (1%).

Também é de 76% o índice de evangélicos paulistanos que são contra pastores e líderes das igrejas recomendarem em quem não votar nas eleições, e 20% são favoráveis, além de 3% indiferentes e 1% sem opinião.

Um em cada cinco (19%) evangélicos na capital paulista já votou em um candidato indicado pelo pastor ou líder de sua igreja. Entre pessoas que vão a igrejas grandes, frequentadas por mais de 200 pessoas, 27% já seguiram indicação de voto do pastor ou líder religioso, ante 19% dos que frequentam igrejas médias, e 14% dos que frequentam igrejas pequenas. Entre eleitores de Bolsonaro, 32% dizem já ter votado em alguém indicado pelo líder da igreja, e entre eleitores de Lula, esse índice é menor, de 14%.

Questionados se já se sentiram pressionados a votar em alguém indicado pelo pastor ou líder religioso, 10% disseram que sim. Entre eleitores de Lula, 17% já se sentiram pressionados, e entre quem votou em Bolsonaro em 2022 esse índice cai para 6%.

Cerca de três em cada dez (31%) evangélicos na cidade de São Paulo avaliam que confiam mais em políticos evangélicos na comparação políticos que não são evangélicos, divididos entre aqueles que confiam muito mais (11%) e aqueles que confiram um pouco mais (20%). Há 26% que confiam menos (13% confiam um pouco menos, e 14%, muito menos), e 37% têm o mesmo nível de confiança, e 7% não opinaram. Entre eleitores de Bolsonaro, 40% confiam muito mais ou um pouco mais em políticos evangélicos, e na parcela que votou em Lula na última eleição presidencial esse índice cai para 23%. A taxa dos que confiam muito menos ou um pouco menos é de 20% entre eleitores de Bolsonaro e de 35% entre eleitores do atual do presidente.

De forma espontânea, 10% citam Bolsonaro como o político que mais representa os evangélicos no Brasil hoje, e os mais mencionados após o ex-presidente são os deputados federais Nikolas Ferreira (PL), por 4%. Marco Feliciano (PL), com 3%, e na sequência, com 1% cada, aparecem o pastor Silas Malafaia, e o presidente Lula, entre outros menos citados. Há 26% que dizem que nenhum político representa os evangélicos, e 43% não responderam. A taxa dos que dizem que nenhum político representa os evangélicos é de 22% entre quem tem escolaridade fundamental, 24% na parcela com escolaridade média e 38% no segmento com escolaridade superior.

Seis em cada dez (60%) acreditam que evangélicos devem ocupar cargos políticos, e para 33% eles não deveriam, com 7% sem opinião sobre o tema. Há 26% que apontam a quantidade de políticos evangélicos atualmente como insuficiente, para 29% é suficiente, e 6% consideram mais do que suficiente. No segmento que votou em Bolsonaro em 2022, 34% avaliam que a presença de evangélicos na política brasileira é insuficiente, e entre quem votou em Lula esse índice é de 20%.

ELEIÇÕES EM SP

Na hora de decidir em quem votar na eleição para prefeito deste ano, 22% consideram ser muito importante que o candidato escolhido seja da mesma religião que a sua, e para 23% esse é um aspecto um pouco importante. Para 53%, é nada importante, e 2% preferiram não opinar. Entre eleitores de Lula em 2022, 62% avaliam que ter a mesma religião é nada importante no voto para prefeito, e entre quem votou em Bolsonaro esse índice é menor, de 45%.

A maioria (78%), porém, considera ser muito importante que o candidato que irá receber seu voto para prefeito acredite em Deus, e os demais aponta esse aspecto como um pouco importante (9%), nada importante (12%) ou não opinaram (1%).

Ter o apoio de lideranças evangélicas, mesmo que não da sua igreja, é um fator visto como importante para 33% na hora de escolher em quem votar para prefeito, e para 29% é um pouco importante. Há ainda 36% que não dão importância, e 2% não opinaram. Entre eleitores com escolaridade fundamental, 39% apontam o apoio de lideranças evangélicas é visto como muito importante na definição do voto para prefeito, ante 35% na parcela com escolaridade média e 20% entre quem tem escolaridade superior. No eleitorado evangélico de Bolsonaro em São Paulo, esse fator é visto como muito importante por 43%, e entre quem votou em Lula o índice é de 30%.

O apoio do pastor ou líder da igreja que frequenta a um candidato a prefeito levaria 14% dos evangélicos a optar com certeza por essa candidatura, e 33% talvez escolhessem esse nome para votar. Uma parcela de 48%, por outro lado, não votaria em um candidato apoiado pelo pastor ou líder de sua igreja, e 6% deram outras respostas ou preferiram não responder. Entre os menos escolarizados, 20% escolheriam com certeza o nome indicado pelo pastor ou líder da igreja, e 55% não escolheriam. Na parcela com escolaridade média, esses índices ficam em 14% e 44%, respectivamente, e entre quem estudou até o ensino superior, em 6% e 49%. Entre eleitores de Bolsonaro, 20% votariam certamente no candidato apoiado pelo pastor ou líder da igreja, e entre quem votou em Lula em 2022 há 14% que com certeza votariam, ante 56% que não votariam.

O apoio de um influenciador evangélico a um candidato a prefeito levaria 10% a optarem por essa candidatura, e os 34% talvez votassem no nome indicado. Metade (51%) não votaria, e 6% deram outras respostas ou preferiram não opinar.

Os apoios do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro na disputa pela prefeitura tem influência parecida, com 13% apontando seguir com certeza a indicação do atual presidente, e 18% que certamente votariam no nome aliado a Bolsonaro. Há 22% que talvez escolhessem um nome associado a Lula, e 60% que não votariam, com 4% sem opinião sobre o apoio do petista. Em relação ao apoio de Bolsonaro, 24% talvez optassem por um aliado do ex-presidente, e 54% não escolheriam essa candidatura, além de 4% que deram outras respostas ou preferiram não opinar.

Entre os evangélicos paulistanos que votaram em Lula em 2022, 31% certamente escolheriam um candidato a prefeito associado ao petista na próxima eleição, 35% talvez escolheriam, e há 30% que não votariam. No grupo que votou em Bolsonaro, 86% rejeitam votar em um aliado de Lula para prefeito.

No universo de eleitores de São Paulo, dois terços (65%) não votariam em um candidato a prefeito apoiado por Bolsonaro, e 16% votariam com certeza, com 16% declarando que talvez votassem em um aliado do ex-presidente. O apoio de Lula levaria 45% dos eleitores paulistanos a não votarem nessa candidatura, e 23% votariam com certeza, além de 28% que poderiam votar em um nome associado ao atua presidente.

O apoio de Bolsonaro levaria 38% de seus eleitores evangélicos em 2022 na cidade de São Paulo a votarem com certeza nessa candidatura, e 36% talvez votassem, com 24% rejeitando seguir essa indicação. Entre quem votou em Lula, 82% não votariam em um candidato apoiado por Bolsonaro para o cargo de prefeito.

A maioria (78%) dos evangélicos da capital paulista declara que não houve recomendação de voto na eleição presidencial por parte de seu pastor ou líder religioso, e há 3% que dizem que não lembram ou preferiram não responder sobre o assunto. Na parcela que declara que houve essa recomendação, 17% dizem que foi para direcionar o voto a Bolsonaro, e 1% cita que foi a Lula. Entre os neopentecostais, 24% afirmam que houve recomendação de voto no ex-presidente que disputava a reeleição, ante 16% entre pentecostais e 15% entre protestantes históricos. As menções a Lula são de 1% tanto entre neopentecostais quanto pentecostais, e o petista não foi citado entre protestantes históricos.

PERFIL IDEOLÓGICO

No espectro político, o campo da direita abriga 46% dos evangélicos, sendo que 34% se posicionam à direita, e 12%, na centro-direita. A esquerda representa 15%, divididos entre esquerda (11%) e centro-esquerda (4%). Os demais se posicionam no centro (11%) ou preferem não se posicionar (28%). Para essa avaliação, os evangélicos se localizaram em uma escala em que 1 significa o máximo à esquerda, e 7, o máximo à direita pensando no posicionamento político. Entre eleitores de Bolsonaro, 64% se colocam no campo da direita, e entre quem votou em Lula esse índice é de 39%. No eleitorado paulistano, 31% estão no campo da esquerda (20% na esquerda, e 11%, na centro-esquerda), e 36%, no campo da direita (26% à direita, e 10%, na centro-direita), com 24% ao centro e 9% sem posicionamento. No recorte para católicos, o quadro é similar ao registrado para o eleitorado geral (31% à esquerda, 37%, à direita, 23% no centro e 8% sem posicionamento).