Após três meses, Lula é aprovado por 43%

DE SÃO PAULO

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*Muda percepção de quais setores serão beneficiados e prejudicados durante o governo Lula *

Passados três meses de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo um governo ótimo ou bom na opinião de 43% dos brasileiros, revela pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país. Para 40% o desempenho de Lula vem sendo regular; consideram-no ruim ou péssimo 10%. Não sabem avaliar o desempenho do presidente 7%.

De maneira geral, a pesquisa revela que os brasileiros permanecem otimistas quanto ao governo e o avaliam positivamente quanto à uma de suas principais metas, o combate à fome. No entanto, por outro lado, também são revelados uma mudança na percepção de quais setores serão beneficiados e prejudicados (com mais prejuízos para os trabalhadores) e certa decepção no que diz respeito ao combate ao desemprego, aspecto que teve forte influência na eleição do presidente.

Foram entrevistados 5729 pessoas em 229 cidades de todo o país, nos dias 31 de março e 1º de abril. A margem de erro máxima para esta pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Aprovação a Lula nos três primeiros meses supera a obtida por FHC, Itamar e Collor

Lula completa três meses de governo com uma aprovação maior do que a obtida no mesmo período por Fernando Henrique Cardoso (39%), Itamar Franco (34%) e Fernando Collor de Mello (36%).

Tal resultado, confrontado com a expectativa antes da posse, mostra um movimento similar ao verificado em relação aos governos de Fernando Collor de Mello e de Fernando Henrique Cardoso.

Nos três casos, a diferença entre os percentuais de expectativa de desempenho ótimo ou bom e de avaliação do governo após três meses é próximo de 30 pontos percentuais: antes da posse de Fernando Collor de Mello, 71% esperavam dele um governo ótimo ou bom; três meses de governo depois, 36% aprovavam seu governo (diferença de 35 pontos percentuais). Antes da posse de Fernando Henrique Cardoso, 70% achavam que ele faria um governo ótimo ou bom; após três meses de governo, 39% tinham essa opinião sobre ele (diferença de 31 pontos).

Em dezembro passado, 76% esperavam de Lula um desempenho ótimo ou bom; hoje, a aprovação ao presidente fica 33 pontos abaixo dessa expectativa. No entanto a expectativa em relação ao desempenho futuro do presidente Lula continua positiva: o percentual dos que acreditam que ele fará um governo ótimo ou bom daqui para frente é idêntico ao verificado antes da posse.

A exceção entre os quatro presidentes fica por conta de Itamar Franco. Isso acontece em virtude da situação em que o presidente tomou posse: vice-presidente eleito na chapa de Fernando Collor de Mello, Itamar assumiu após o impeachment do presidente. Antes de sua posse, um em cada cinco dos brasileiros não sabia o que esperar dele. Os números não eram muito diferentes no que se refere às expectativas positivas e negativas: 18% acreditavam que ele faria um governo ótimo ou bom e 21% que seu desempenho seria ruim ou péssimo. Achavam que Itamar Franco seria um presidente regular 40%. Passados três meses, Itamar Franco contava com 34% de reprovação e 11% de reprovação; 45% consideravam-no regular.

A aprovação ao presidente Lula é similar entre homens (42%) e mulheres (43%). Quando leva-se em consideração a idade dos entrevistados, verifica-se maior aprovação entre os mais jovens: entre os que têm 16 e 24 anos a aprovação ao presidente é de 47% (quatro pontos acima da média); já entre os que têm de 45 a 59 anos a aprovação é de 38% (cinco pontos abaixo da média) e entre os que têm 60 anos ou mais a reprovação chega a 14% (quatro pontos acima da média).

No que diz respeito à escolaridade verifica-se que o percentual dos que consideram o desempenho do presidente Lula regular entre os que estudaram até o 2º grau fica quatro pontos acima da média verificada para o total da amostra, atingindo 44%. Entre os brasileiros com renda familiar mensal acima de cinco e até dez salários mínimos a aprovação ao presidente atinge 46% (três pontos acima da média); já entre os que ganham mais de 20 salários mínimos essa taxa é de 36%, sete pontos abaixo da média. No segmento de maior renda a taxa dos que consideram o governo petista regular é de 46%, seis pontos acima da média.

A pesquisa mostra que Lula tem maior taxa de aprovação no Sul do país: 49% dos moradores dessa região consideram o desempenho do presidente ótimo ou bom. Nas demais regiões os resultados ficam dentro da média.

Considerando três estados, nos quais é possível fazer uma análise individualizada dos resultados, verifica-se que a aprovação a Lula fica abaixo da média no Rio de Janeiro. Nesse estado a taxa dos que consideram seu desempenho ótimo ou bom é de 37%, e a dos que o consideram regular é de 45%.

O mesmo ocorre na capital do estado, onde 36% consideram o desempenho de Lula ótimo ou bom, e 47% regular.

Na cidade de São Paulo, Lula é aprovado por 38%, considerado regular por 42% e reprovado por 12%.

Considerando os simpatizantes de nove partidos que permitem uma leitura estatística segura, a aprovação ao presidente só fica acima da média, como seria de se esperar, entre os que declaram preferência por seu partido, o PT (53%), e entre os simpatizantes de um partido aliado, o PSB (48%). A reprovação a Lula fica acima da média entre os simpatizantes do PFL (19%), do PSDB (18%) e do PMDB (15%).

Entre os que declaram ter votado em Lula para presidente no segundo turno da eleição, 49% aprovam seu desempenho, 39% consideram-no regular e 5% ruim ou péssimo. Já entre os que afirmam ter optado por José Serra, 24% consideram o desempenho do petista ótimo ou bom, 47% regular, e 21% ruim ou péssimo.

A nota média atribuída ao presidente Lula, em uma escala que vai de zero a dez, é 6,8.

76% acreditam que, daqui para frente, desempenho de Lula será ótimo ou bom

Para 76% dos brasileiros, daqui para frente o desempenho do presidente Lula será ótimo ou bom.

Aspectos relacionados à imagem pessoal do presidente, à esperança no combate à fome, à miséria e ao desemprego são as principais justificativas daqueles que acreditam que, daqui para frente, o desempenho de Lula será ótimo ou bom.

As menções positivas à imagem pessoal do presidente somam 36%, entre as quais destacam-se o fato dele conhecer os problemas do povo (11%), ter força de vontade para mudar o país e estar cumprindo o que prometeu (9%, cada).

O combate à fome e à miséria é citado por 32% desses entrevistados; o combate ao desemprego é mencionado por 25%.

Para 10% dos que esperam um desempenho ótimo ou bom o presidente Lula vai melhorar a área da segurança pública; 7% acreditam em melhorias na saúde, e 6% na educação, mesmo percentual dos que esperam dele um bom governo, sem especificar em qual área.

Dos que acreditam que o desempenho de Lula será ruim ou péssimo, 19% afirmam que pensam assim porque o presidente, até o momento, não realizou nada, de maneira geral, e 16% dizem que ele não está cumprindo ou não vai cumprir o que prometeu. Segundo 15%, Lula não vai conseguir combater o desemprego. Referências à imagem pessoal do presidente somam 13%, entre as quais se destacam a falta de estudo (7%) e o fato de simplesmente não gostar dele. Têm uma visão pessimista sobre o futuro do governo Lula por acharem que ele não está combatendo a inflação 10%; acham que ele não tem capacidade administrativa 9%, e que lhe falta experiência nesse sentido 7%. Para 6% falta apoio ao presidente (na Câmara, entre os integrantes de seu e de outros partidos), mesma taxa dos que afirmam que o combate à fome não está funcionando.

Outros resultados da pesquisa mostram a persistência do otimismo em relação ao governo Lula: para 75% dos brasileiros Lula fará um governo melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso (eram 76% na pesquisa realizada antes da posse, em dezembro); 73% acham que ele fará um governo melhor do que o de Itamar Franco (eram 72%); na opinião de 85% Lula será melhor do que Fernando Collor de Mello (mesmo percentual de dezembro) e para 67% ele terá um desempenho melhor do que o de José Sarney (única variação fora da margem de erro; eram 70% em dezembro).

A pesquisa mostra que, em relação ao verificado antes da posse, não mudou significativamente a taxa dos que acreditam que Lula vai cumprir suas promessas: 64% acreditam que ele vai cumprir parte delas (eram 62% em dezembro) e 29% acham que ele vai cumprir a maioria (eram 31% na pesquisa anterior).

Cai taxa dos que acreditam que trabalhadores serão mais beneficiados

Se o otimismo persiste, por outro lado, mudou a percepção de quais setores serão beneficiados e prejudicados durante o governo Lula.

Antes da posse, os brasileiros, de um modo geral, acreditavam que os trabalhadores seriam os maiores beneficiados e que políticos e banqueiros os maiores prejudicados durante o governo Lula; hoje já não é bem assim.

O percentual dos que acreditam que os trabalhadores serão os maiores beneficiados pelo governo petista caiu de 43% em dezembro para 31% hoje; em contrapartida, a taxa dos que acreditam que os trabalhadores serão os mais prejudicados pelo governo de Lula subiu de 10% para 16%.

Inversamente, caíram as taxas dos que acreditam em mais prejuízos para os políticos (de 21% para 18%) e, principalmente, para os bancos (de 17% para 12%). O percentual dos que acreditam que os políticos serão os maiores beneficiados passou de 7% para 13%.

A taxa dos que acreditam que a Agricultura será o setor mais beneficiado durante o governo Lula subiu de 14% em dezembro para 20% hoje. Nos demais setores pesquisados não foram verificadas alterações significativas. Vêm a seguir, como os setores que serão mais beneficiados durante o governo petista o setor de Serviços e bancos (6%, cada), e o Comércio (5%).

O percentual dos que acreditam que o Comércio será o setor mais prejudicado durante o governo Lula cresceu de 10% em dezembro para 13% hoje; em relação ao setor de Serviços essa taxa passou de 5% para 8%. Vêm a seguir Indústria (8%, mesma taxa de dezembro) e Agricultura (7%; eram 6% na pesquisa anterior).

Para 45% o presidente fez até o momento menos do que esperavam dele; 34% afirmam que, nesses três primeiros meses de governo, Lula fez o que esperavam que ele fizesse, e segundo 12% o presidente fez mais do que esperavam que ele fizesse.

Entre os que declaram ter votado no petista 40% afirmam que ele fez menos do que esperavam, 39% que o realizado até o momento está dentro de suas expectativas. Para 13% dos eleitores do petista ele, até o momento, fez mais do que esperavam que fizesse.

Combate ao desemprego decepciona
Para brasileiros, melhor desempenho se dá no combate à fome

Passados três meses de governo, Lula decepciona em uma questão que foi decisiva para sua eleição: o combate ao desemprego, considerado pelos brasileiros o principal problema do país. Além disso, foi exatamente nesta área que o desempenho do governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, foi considerado pior.

Antes da posse, indagados sobre qual área o petista se sairia melhor, 27% citavam, espontaneamente, o combate ao desemprego. Hoje apenas 2% afirmam que essa é área na qual o governo tem seu melhor desempenho. Por outro lado, a taxa dos que acreditavam que o combate ao desemprego seria o setor no qual Lula se sairia pior era de 6% em dezembro; hoje 13% acham que essa é a área de pior desempenho do governo petista.

Para 31% dos brasileiros o desemprego é o principal problema do país. Vêm a seguir a fome e a miséria, problemas citados por 22% (taxa sete pontos superior à verificada em dezembro) e a segurança pública, mencionada por 18% (quatro pontos acima da observada na pesquisa anterior).

Considerando a avaliação feita pelos entrevistados de algumas áreas específicas, o desemprego também se destaca negativamente: o desempenho do governo nessa área é reprovado por 43% e aprovado por 19% dos entrevistados. Antes da posse, 72% esperavam do governo Lula um desempenho ótimo ou bom nessa área; apenas 5% achavam que ele seria ruim ou péssimo no enfrentamento deste problema.

Apesar disso, o desempenho de Lula nessa área é melhor avaliado do que o de Fernando Henrique Cardoso. Em dezembro, 67% definiam o desempenho do ex-presidente nessa área como ruim ou péssimo; apenas 8% o consideravam ótimo ou bom quanto a esse aspecto.

Ainda no que diz respeito à pergunta sobre a área de melhor desempenho, a pesquisa mostra que, passados três meses de governo, o percentual dos que não sabem apontar uma área na qual o governo estaria se saindo melhor (33%) é significativamente maior do que a dos que, em dezembro, não sabiam fazer um prognóstico a respeito (14%).

Para 38% o combate à fome e à miséria vem sendo o aspecto no qual o governo Lula vem se saindo melhor. Em dezembro, 18% acreditavam que esse seria o setor no qual Lula se sairia melhor. Para 4% o governo vem se destacando positivamente na área da educação, 3% citam a Saúde, mesmo percentual dos que apontam a economia, de uma maneira geral, como área de melhor desempenho. Vêm a seguir, o já citado combate ao desemprego, a área da segurança pública (2%, cada), e a reforma agrária, citada por 1% (em dezembro, 6% acreditavam que essa seria a área de melhor desempenho do governo Lula). Para 8% o governo não está se saindo melhor em nenhuma área.

O combate ao desemprego e a questão da segurança pública são as áreas nas quais o governo Lula vem se saindo pior, na opinião dos brasileiros. Como já foi dito acima, o desemprego é citado como área de pior desempenho do governo, espontaneamente, por 13%; a questão da segurança é mencionada por 12%. Vêm a seguir a área da saúde, o combate à fome e à miséria (4%, cada), a questão salarial, a economia, de modo geral (3%, cada), a educação, o combate à inflação (2%, cada), a questão agrária e o combate à corrupção (1%, cada).

Como acontece em relação à pergunta sobre a área de melhor desempenho, o percentual dos que, hoje, não sabem apontar uma área na qual o governo estaria se saindo pior (45%) é maior do que a dos que, em dezembro, não sabiam fazer um prognóstico a respeito (36%), embora a diferença em relação à pesquisa anterior seja um pouco menor. Para 4% dos entrevistados o governo não vem se saindo pior em nenhuma área.

O Datafolha pediu aos entrevistados que avaliassem o desempenho do governo Lula em 18 áreas específicas. Destacam-se, no que diz respeito à aprovação, o combate à fome e à miséria (53%), o esporte (49%), a cultura (47%), a educação, as comunicações (44%, cada), o turismo (42%) e o meio-ambiente (40%).

O combate ao desemprego e a área da segurança pública recebem as piores avaliações: o desempenho do governo no combate ao desemprego é reprovado por 43%, e sua atuação na questão da segurança é considerada ruim ou péssima por 45% dos brasileiros.

Também se destacam negativamente, com aprovação similar ou menor do que a reprovação a habitação (26% de aprovação, 25% de reprovação), a reforma agrária (26% e 22%, respectivamente), a economia, de modo geral (26% e 29%) e o combate à corrupção (26% e 35%).

Na tabela abaixo encontram-se os resultados da expectativa em relação ao governo Lula, conforme pesquisa realizada em dezembro, e as respectivas taxas de avaliação após três meses de governo. Importante: em dezembro a área de segurança pública não foi incluída.

46% Acreditam que fome zero será muito eficiente

Para 46% dos brasileiros o programa Fome Zero será muito eficiente no combate à fome e à miséria, revela a pesquisa do Datafolha. Essa taxa chega a 52% entre os que tomaram conhecimento do programa e se dizem bem informados a respeito.

Na opinião de 43% o programa será um pouco eficiente na solução do problema. Acreditam que o programa não terá eficácia alguma 7%.

Em dezembro, quando o Fome Zero ainda era um projeto anunciado pelo então presidente eleito, 52% acreditavam que o programa seria muito e 37% um pouco eficiente no combate à fome e à miséria. Naquela ocasião, 5% achavam que o programa não seria nada eficiente.

O conhecimento do programa aumentou significativamente em relação a dezembro: hoje 90% tomaram conhecimento do Fome Zero; eram 46% no final do ano passado.

PT tem ajudado mais do que atrapalhado

O PT tem ajudado o governo, mais do que atrapalhado, acreditam os brasileiros. Para 32% o partido do presidente Lula tem ajudado muito; para 37%, tem ajudado um pouco. Acreditam que o PT tem atrapalhado muito 6%, e atrapalhado um pouco, 10% dos entrevistados.

Entre os que se declaram simpatizantes do PT, 43% acham que o partido tem ajudado muito e 38% um pouco. Na opinião de 3% dos petistas o partido tem atrapalhado muito e para 9% tem atrapalhado um pouco.

A maioria (67%), no entanto, não tomou conhecimento das críticas de alguns integrantes do PT ao governo Lula. Tomaram conhecimento dessas críticas 33%, dos quais 7% se dizem bem informados, 19% mais ou menos informados e 6% mal informados a respeito.

Para 56% dos que tomaram conhecimento das críticas, esses integrantes do PT têm razão em parte delas, mas não na maioria; para 29%, eles não têm razão em nenhuma dessas críticas. Na opinião de 10%, eles têm razão na maioria das críticas que fazem ao governo Lula (essa taxa chega a 18% entre os que se dizem bem informados sobre o assunto).

O Datafolha indagou os entrevistados sobre quais partidos apoiam e quais fazem oposição ao governo Lula.

Em relação ao PT, 81% acreditam que o partido apoia o presidente; 5% dizem que o PT é oposição.

Têm uma imagem predominante de apoio ao governo o PDT (43%), o PL (40%), o PTB (38%), o PSB (31%), e o PPS (29%).

Por outro lado, aparecem como oposição aos olhos dos brasileiros o PSDB (39%) e o PFL (35%).

Em relação a PMDB e PPB as opiniões se dividem. Para 36% os peemedebistas fazem oposição; para 35%, eles apoiam o governo Lula. Na opinião de 27% o PPB apóia; para 25% o partido faz oposição ao governo.

É importante frisar que o desconhecimento em relação ao assunto é significativo: em nove dos dez partidos pesquisados a taxa de entrevistados que não soube dizer se o partido faz oposição ou apoia o governo supera 30%. A exceção fica por conta do PT: no caso do partido do presidente, 13% não souberam responder à questão.

*Brasileiros reprovam aumento da taxa de juros
Inflação é preferível a desemprego*

A maioria (61%) dos brasileiros acha preferível que o governo não aumente a taxa de juros, para que o desemprego não cresça, mesmo que com isso a inflação volte a subir, mostra a pesquisa do Datafolha. Um quarto (25%) aprova o aumento da taxa de juros com o objetivo de controlar a inflação, mesmo que isso cause aumento do desemprego.

Para 64% o governo agiu mal ao aumentar a taxa de juros; para 29% o governo agiu bem (essa taxa chega a 39% entre os que tomaram conhecimento da medida e se dizem bem informados a respeito).

Tomaram conhecimento do aumento da taxa de juros 45% dos brasileiros, dos quais 12% se dizem bem informados, 26% mais ou menos informados e 7% mal informados a respeito.

A maioria (55%) dos brasileiros não acha que as medidas econômicas tomadas pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam parecidas com a de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Para 26% essas medidas são um pouco parecidas e para 10% muito parecidas. Não souberam responder 9%.

Entre os que declaram ter votado no petista no segundo turno da eleição presidencial, 58% acham que as medidas econômicas do governo Lula não são parecidas com a do governo Fernando Henrique Cardoso; já entre os que votaram no candidato peessedebista, José Serra, 15% (taxa cinco pontos acima da média) acham que essas medidas são muito parecidas.

Brasileiros continuam otimistas quanto à situação econômica

O otimismo em relação ao cenário econômico para o futuro próximo, verificado pelo Datafolha em dezembro do ano passado, poucos dias antes do final do governo Fernando Henrique Cardoso e da posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, persiste após três meses de governo petista, revela a pesquisa do Datafolha.

Em dezembro, o percentual dos que acreditavam no aumento da inflação era de 46%, a menor desde dezembro de 1998, quando 48% acreditavam no crescimento inflacionário.

Hoje, 44% acreditam no aumento da inflação e 23% acham que ela vai diminuir. A taxa dos que acreditam na diminuição da inflação caiu quatro pontos percentuais em relação a dezembro; no entanto, a dos que acham que ela vai permanecer como está aumentou nove pontos, passando de 21% para 30%.

Quanto ao desemprego, 39% acreditam que, daqui para a frente, ele vá diminuir, taxa idêntica à verificada em dezembro. Assim, está mantida a maior taxa verificada desde que essa pergunta foi feita pela primeira vez, em março de 1995. Para 22% o desemprego vai permanecer igual (quatro pontos acima do percentual verificado em dezembro) e para 36% ele vai aumentar (oscilação negativa de dois pontos percentuais).

Indagados sobre o poder de compra dos salários, 40% acham que ele vai aumentar. Esse resultado representa uma oscilação positiva de dois pontos percentuais em relação a dezembro. Acham que o poder de compra vai diminuir 27% e que ele vai ficar como está 28%.

O otimismo também se mantém em relação à situação econômica, do país de modo geral, e do entrevistado, em particular. Os números são bastante semelhantes aos verificados em dezembro e, assim, mais uma vez, em ambos os casos as taxas verificadas são as maiores desde dezembro de 1997, quando o Datafolha incluiu essa pergunta em seus questionários pela primeira vez.

Para 49%, nos próximos meses, a situação econômica do país vai melhorar. Para 18% a situação econômica do país vai piorar e para 31% vai continuar igual. Acham que sua situação econômica individual vai melhorar 55%; 12% acham que ela vai piorar e 30% que vai continuar igual.