Para 61%, cidade está melhor hoje do que antes da posse da prefeita
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), deixa o cargo com a aprovação de 49% dos moradores da capital paulista, segundo o Datafolha. Essa é a maior taxa de aprovação atingida pela prefeita desde que assumiu o cargo, e representa uma oscilação positiva de um ponto percentual em relação à registrada na pesquisa anterior, realizada no dia 8 de outubro, pouco depois do primeiro turno da eleição municipal. Se a prefeita encerra o mandato com aprovação recorde, por outro lado, a rejeição à sua administração aumentou sete pontos percentuais desde outubro, passando de 17% naquela ocasião para 24% hoje. A taxa dos que consideram o desempenho da prefeita regular caiu seis pontos, de 33% para 27%.
O Datafolha entrevistou 1076 moradores da cidade de São Paulo entre os dias 14 e 17 de dezembro de 2004, e a margem de erro máxima para o levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Comparando-se os números relativos à avaliação da prefeita com os obtidos ao final do mandato de quatro prefeitos que a antecederam, eleitos democraticamente a partir de 1985, verifica-se que Marta Suplicy só não tem aprovação maior do que a obtida por Paulo Maluf, que, em dezembro de 1996, era aprovado por 57% dos moradores da capital paulista. A prefeita supera Jânio Quadros, que recebeu 30% de aprovação ao final do mandato, Luiza Erundina, aprovada por 29% ao deixar o cargo, e Celso Pitta, a quem sucedeu na prefeitura, e que deixou a prefeitura com reprovação recorde (81%) e aprovação de apenas 4% dos moradores da cidade.
A pesquisa mostra que a aprovação à prefeita fica abaixo da média entre os mais escolarizados e de maior renda.
Entre os que têm escolaridade superior, a aprovação a Marta é de 36%, 13 pontos abaixo da média; já a reprovação chega a 33%, nove pontos maior do que a verificada entre o total de entrevistados. Já entre os que têm escolaridade fundamental, 50% aprovam e 25% reprovam o desempenho da prefeita, taxas que ficam dentro da média. Entre os que têm escolaridade média, 52% aprovam e 21% reprovam o desempenho de Marta.
A satisfação com a prefeita cai à medida que aumenta a renda familiar mensal do entrevistado: a aprovação é de 52% entre os que têm renda até cinco salários mínimos, de 45% entre os que ganham entre cinco e dez salários mínimos e de 43% entre os que têm renda acima de dez salários mínimos por mês. Já a reprovação é de 22% entre os de menor renda, de 24% entre os de renda intermediária e de 30% entre os mais abastados.
A pesquisa mostra que a aprovação à prefeita é maior entre as mulheres (52%) do que entre os homens (45%). Entre os moradores da cidade com 41 anos ou mais a reprovação chega a 33%, sendo de 21% entre os que têm de 26 a 40 anos e de 15% entre os que têm de 16 a 25 anos.
Entre os que declaram ter votado em Marta na eleição de outubro, a aprovação a ela chega a 81%. Já entre os que afirmam ter votado em José Serra, 24% aprovam o desempenho da prefeita, 33% o consideram regular e 42% o reprovam.
Em uma escala de zero a dez, a prefeita recebe nota média 6,0. Para 14% ela merece nota dez e, para 10%, nota zero.
A maioria (61%) acha que a cidade, hoje, de um modo geral, está melhor do que era antes do início do governo Marta Suplicy. Para 25% a cidade está igual e 12% consideram a cidade pior hoje do que antes de Marta assumir a prefeitura.
Para 68% a prefeita cumpriu parte das promessas que fez antes de ser eleita, mas não a maioria delas; 24% acham que Marta cumpriu a maioria de suas promessas e 7% afirmam que nenhuma promessa foi cumprida.
Pior momento foi em março de 2003, após criação de taxas do lixo e de iluminação pública
A primeira pesquisa feita pelo Datafolha sobre a avaliação da prefeita, após três meses de governo, em abril de 2001, mostrava que ela era aprovada por 34%, considerada regular por 42% e ruim ou péssima por 14% dos moradores da cidade. Ao completar seis meses no cargo, no final de junho, a reprovação a Marta tinha triplicado, chegando a 42%, enquanto a aprovação caíra para 20%.
Podem ter contribuído para tal avaliação o fato de que Marta Suplicy enfrentava a ameaça de uma CPI para investigar a questão do lixo na cidade, em razão da contratação emergencial de empresas de limpeza urbana no início do ano, assim como o aumento da passagem do ônibus na cidade (de R$ 1,25 para R$ 1,40), decretado em maio daquele ano, após uma paralisação dos funcionários do setor.
Após um ano de mandato, Marta recuperou parte da popularidade perdida, embora sua taxa de reprovação ainda fosse maior do que a de aprovação: em dezembro de 2001 o desempenho da prefeita era considerado ótimo ou bom por 28% e ruim ou péssimo por 34%; para 36%, a prefeita vinha fazendo um governo regular.
Em fevereiro de 2002, a reprovação à prefeita tinha aumentado quatro pontos percentuais, chegando a 38%, enquanto a aprovação caíra para 25%.
Após um ano e dez meses, em outubro de 2002, Marta atingiria sua maior taxa de aprovação até aquele momento, 36%; a reprovação à prefeita caíra para 28%. Tal recorde na aprovação à prefeita podia refletir, entre outros fatores, o aumento do número de beneficiados pelos programas sociais da prefeitura, a implantação do Vai-e-Volta, que oferecia transporte, uniforme e material escolar para alunos da rede municipal de ensino, e a campanha eleitoral para a Presidência: a uma semana do segundo turno, o candidato do partido da prefeita, e hoje presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, contava com 61% das intenções de voto, segundo o Datafolha.
No final de 2002, ao completar dois anos de governo, no entanto, a prefeita voltaria a sentir a rejeição da maior parte dos moradores da cidade, sendo então reprovada por 39%, ante 23% que aprovavam seu desempenho. Podem ter contribuído para isso denúncias de irregularidades no setor de transportes, novo aumento da tarifa, e a proposta de criação da taxa do lixo.
Seu pior momento, porém, aconteceria em março de 2003, quando foi registrada a maior taxa de reprovação de toda sua gestão: naquele momento, 45% consideravam o desempenho da prefeita ruim ou péssimo, mais do que o dobro da taxa de aprovação (20%). Para 34%, o desempenho da prefeita vinha sendo regular. A taxa do lixo, já em vigor, assim como a contribuição para a iluminação pública, estão entre os fatores que podem explicar esse recorde negativo.
Em outubro daquele ano, depois de ter inaugurado algumas unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), um dos principais projetos de sua administração, centros que oferecem educação básica, além de atividades culturais e esportivas, e são abertos à população, e de ter iniciado algumas mudanças no transporte, com criação de terminais e corredores de ônibus, a prefeita voltaria a recuperar parte da popularidade, sendo então aprovada por 34%. Apesar disso, idêntico percentual reprovava o desempenho da prefeita. Para 31%, ela vinha fazendo um governo regular. Em relação à pesquisa anterior, a aprovação à prefeita tinha aumentado 14 pontos percentuais, enquanto a reprovação caíra 11 pontos. A avaliação da prefeita se manteria estável no final de 2003, quando completou três anos de governo, apesar de oscilações, dentro da margem de erro dos levantamentos: 32% consideravam seu desempenho ótimo ou bom, 31% regular e 36% ruim ou péssimo.
O ano de 2004 foi marcado pela eleição municipal, e a prefeita entrou na disputa por sua reeleição.
No final de março, a prefeita viu sua taxa de aprovação cair novamente, dessa vez para 22%. A taxa de reprovação tinha oscilado para 38%, enquanto a dos que consideravam o desempenho da prefeita regular tinha aumentado para 39%.
A partir de então, a aprovação à prefeita passou a apresentar uma tendência de elevação: subiu para 28% em maio e oscilou para 29% em junho; a reprovação oscilou para 39% em maio e caiu para 33% no mês seguinte.
Em setembro, pouco antes do primeiro turno da eleição, verificou-se um salto, e a taxa de aprovação à prefeita chegou a 42%, seu melhor momento até então. Pela primeira vez, desde outubro de 2002, o percentual dos que aprovavam a prefeita era maior do que a taxa dos que a reprovavam (20%). Aquela era a primeira pesquisa de avaliação da prefeita realizada após o início do horário eleitoral, em agosto.
Um levantamento do Datafolha, feito no dia 26 daquele mês, já mostrava melhora na imagem da prefeita junto aos eleitores paulistanos. Entre outros resultados, a pesquisa revelava que, levando-se em consideração seis aspectos específicos que dizem respeito à administração da cidade, Marta progredira em todos eles, superando seus adversários em quatro (mais preparada para cuidar do transporte, do trânsito, da educação e da limpeza da cidade).
Em outubro, após o primeiro turno da eleição, novo salto, e a aprovação à prefeita chegou a 48%, seu recorde positivo; a taxa de reprovação foi a 17%, uma das menores de todo o seu governo.
Apesar disso, a prefeita, que já tinha ficado em segundo lugar no primeiro turno, atrás de José Serra, teve, no segundo, 45,14% dos votos válidos, sendo derrotada pelo peessedebista, que obteve 54,86%.
64% esperam que Serra faça um governo ótimo ou bom
O prefeito eleito de São Paulo, José Serra, assume, no dia 1º de janeiro, com alta expectativa positiva para seu governo: 64% dos moradores da cidade que ele deverá administrar nos próximos quatro anos acreditam que ele terá um desempenho ótimo ou bom e 54% acham que ele vai fazer uma administração melhor do que a prefeita a quem está sucedendo, Marta Suplicy.
A expectativa positiva quanto ao governo José Serra é maior do que a verificada em relação a Marta (57%), Celso Pitta (56%), Luiza Erundina (59%) e Jânio Quadros (37%) e similar à registrada antes da posse de Paulo Maluf (63%).
Entre os que declaram ter votado em Serra no segundo turno da eleição, 79% acham que ele vai fazer um governo ótimo ou bom. Entre os que afirmam ter votado em Marta, 46% esperam um governo ótimo ou bom, 27% regular e 21% ruim ou péssimo.
Para 63%, Serra vai cumprir parte das promessas feitas durante a campanha eleitoral, mas não a maioria delas; na opinião de 24% ele vai cumprir a maioria das promessas e 9% acham que nenhuma promessa será cumprida.
*Saúde é área de pior desempenho; educação e transporte são marcas positivas
Aumentam menções a enchentes como principal problema da cidade*
Marta Suplicy deixa a prefeitura de São Paulo decepcionando em uma área que foi um dos temas mais citados durante a disputa eleitoral deste ano, tendo inclusive sido motivo de troca de acusações entre os candidatos. Solicitados a dizer, de maneira espontânea, em qual área a prefeitura está se saindo pior, 34% citam a saúde. Essa é a maior taxa de menções a essa área registrada ao longo do governo da prefeita.
Em dezembro de 2003, quando essa pergunta foi feita pelo Datafolha aos moradores da cidade pela primeira vez, essa taxa era de apenas 8%. Desde então, ela aumentou a cada pesquisa sobre o tema: foi a 11% em março de 2004, chegou a 17% em junho deste ano, a 28% em agosto, até atingir o atual recorde.
Vêm a seguir, como área de pior desempenho, entre outras citadas espontaneamente pelos entrevistados: combate às enchentes (7%), combate ao desemprego (6%), segurança, educação (4%, cada), transporte, calçamento (3%, cada).
A saúde também ocupa o primeiro lugar quando se trata do principal problema da cidade. No entanto, a taxa de menções a essa área é sete pontos menor, hoje (19%), do que era em agosto (26%). Além disso, ela divide essa liderança com três outros problemas: o desemprego, cujo percentual de menções caiu de 21% para 15%, a violência, cuja taxa de menções caiu pela metade, de 22% para 11%, e as enchentes, que, de apenas 3% de menções em agosto, após as chuvas de dezembro atingem 18% de citações espontâneas.
Se decepcionou em relação à saúde, Marta deixou uma boa imagem em pelo menos duas outras áreas: transporte coletivo e educação.
O transporte é citado, espontaneamente, por 36% como a área na qual a prefeitura vem se saindo melhor. Em abril de 2001 apenas 3% citavam o transporte como área de melhor desempenho da prefeitura. Essa taxa foi a 6% e oscilou para 5% em dezembro daquele ano. No final de 2003 10% já citavam o transporte; em março de 2004, eram 11%. Em junho, após o lançamento do Bilhete Único, sistema que permite aos paulistanos fazer várias viagens de ônibus ou lotações no intervalo de duas horas, pagando apenas uma passagem, as menções ao transporte chegaram a 24%; elas aumentaram para 32% em agosto e chegam hoje a um patamar recorde.
Em abril de 2001, a educação era considerada a área de melhor desempenho da prefeitura por 6% dos entrevistados. Essa taxa dobrou na pesquisa seguinte, em agosto daquele ano, chegando a 12%, foi a 16% em dezembro daquele ano e atingiu o maior percentual de menções em dezembro de 2003, após a inauguração de unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), 34%. Depois desse pico, as menções à educação se reduziram, para 28% em março de 2004, e para 23% em junho deste ano, voltando a subir, para 28% em agosto e chegando hoje a 32%.
Atingem 1% das menções, cada: calçamento, saúde, trânsito, combate à miséria, e habitação. Para 9%, a prefeitura não vem se saindo melhor em nenhuma área.