A segunda pesquisa realizada pelo Datafolha para saber a opinião dos brasileiros sobre o desempenho dos deputados e senadores eleitos em 2006 mostra que, de março, quando foi feita a primeira pesquisa sobre o tema, para hoje, houve um aumento de 15 pontos percentuais na reprovação ao Congresso: hoje, 45% acham que os representantes do povo em Brasília estão tendo um desempenho ruim ou péssimo; no levantamento anterior essa taxa era de 30%. Esse aumento reflete a queda de nove pontos percentuais daqueles que classificam o desempenho de deputados e senadores como regular (de 46% para 37%) e de três pontos daqueles que aprovam o Congresso (de 16% para 13%).
Essa taxa de reprovação é próxima do recorde negativo atingido em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, quando 48% consideravam o desempenho de deputados e senadores ruim ou péssimo, a pior avaliação recebida por parte de senadores e deputados federais desde o chamado escândalo do Orçamento, que se tornou público em 1993.
Além disso, a reprovação ao Congresso não era tão alta desde abril de 2006, quando a taxa dos que consideravam o desempenho de deputados e senadores ruim ou péssimo era de 47%. Aquela pesquisa possivelmente repercutia a absolvição dos congressistas envolvidos no escândalo do mensalão e a dança da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), no plenário da Câmara, em comemoração ao fato do também petista João Magno ter escapado da cassação. Em dezembro, quando terminou a Legislatura iniciada em 2003, a taxa de reprovação tinha registrado quedas, e era de 36%.
Foram ouvidos 11741 brasileiros a partir dos 16 anos de idade, entre os dias 26 e 29 de novembro, e a margem de erro máxima, para os resultados que se referem ao total de entrevistados, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Entre os brasileiros com escolaridade superior a taxa de reprovação ao Congresso chega hoje a 59%. Ela é de 46% entre os que têm escolaridade média e de 40% entre os que não passaram do ensino fundamental.
A reprovação também é mais alta entre os brasileiros com maior renda, chegando a 57% entre os que fazem parte de famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos por mês. No outro extremo, entre os que ganham até dois salários mínimos, a taxa dos que consideram o desempenho dos congressistas ruim ou péssimo é de 39%.
Entre os que moram em cidades localizadas em regiões metropolitanas, capitais incluídas, a reprovação ao Congresso é de 50%, cinco pontos acima da média nacional; entre os que moram no interior, ela é de 41%, quatro pontos abaixo da média.
De nove capitais que permitem uma leitura em separado dos resultados desta pesquisa, as únicas em que a reprovação ao Congresso não fica acima da média são Belo Horizonte, onde 46% reprovam os congressistas, e Fortaleza, onde essa taxa é de 40%, cinco pontos abaixo da média.
Na cidade do Rio de Janeiro a reprovação ao Congresso chega a 58%; a aprovação é de apenas 8%, cinco pontos menor do que a registrada nacionalmente. Em São Paulo, a reprovação chega a 55%; no Recife, a 52%, e, em Salvador e em Porto Alegre, a 51%.
Quando os Estados são considerados como um todo, a reprovação fica acima da média no Rio de Janeiro (55%) e em Santa Catarina (54%), e abaixo da média no Ceará (35%) e em Minas Gerais (39%). No Distrito Federal a reprovação ao Congresso chega a 54%. A reprovação fica dentro da média nos Estados de São Paulo (47%), Rio Grande do Sul (46%), Paraná e Bahia (44% em cada Estado).
Os simpatizantes do PDT são, no que diz respeito ao partido de preferência declarado, os mais críticos ao Congresso: entre eles, a aprovação é de 8% e a reprovação chega a 64%. Entre os simpatizantes do PP a reprovação é de 50%, similar à registrada entre os que declaram o PSDB como partido que preferem (49%). A taxa de reprovação ao Congresso entre os simpatizantes do PT (41%) é parecida com a registrada entre os que simpatizam com o DEM (40%), em ambos os casos ligeiramente abaixo da média. Entre os peemedebistas a avaliação do Congresso é bastante similar à média nacional: 14% aprovam, 37% consideram regular e 44% reprovam o desempenho de deputados e senadores.
Entre os que aprovam o desempenho do presidente Lula a taxa dos que aprovam o Congresso fica um pouco acima da média, chegando a 19%; a reprovação, nesse estrato, é de 39%, seis pontos abaixo da média. Já entre os que reprovam o presidente a taxa dos que consideram o desempenho de deputados e senadores ruim ou péssimo chega a 63%, 18 pontos acima da média.