Popularidade do governo Dilma fica estável

DE SÃO PAULO

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Saída de Palocci não arranha percepção sobre governo, mas atinge imagem pessoal da presidente

Metade dos brasileiros (49%) considera ótimo ou bom o governo de Dilma Rousseff (PT). Outros 38% o classificam de regular e 10% o chamam de ruim ou péssimo. Pesquisa nacional realizada pelo Datafolha nos dias 9 e 10 de junho mostra que a popularidade da administração petista junto aos brasileiros não sofreu alteração significativa nos últimos três meses. Em março deste ano, essas taxas correspondiam a 47%, 34% e 7%, respectivamente. O índice que mais sofreu alteração foi o dos que não sabem opinar - caiu de 12% para 3%. Foram ouvidas 2.188 pessoas em todas as unidades da Federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Nos últimos três meses, a aprovação a Dilma cresceu especialmente entre os homens (cinco pontos percentuais), entre os mais velhos (quatro pontos), entre os que possuem renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos (quatro pontos), entre os habitantes do Nordeste (quatro pontos) e Norte e Centro-Oeste (cinco pontos em cada). A reprovação subiu principalmente entre os que têm de 35 a 44 anos (cinco pontos), nível superior de escolaridade (seis pontos), os mais ricos (sete pontos) e os que moram na região Sudeste (cinco pontos).

A nota média atribuída pelos brasileiros à presidente da República nestes seis primeiros meses de governo é 6,8. Em março, era 6,9. No total, 13% dão a nota máxima (dez) ao desempenho de Dilma. A nota mínima (zero) é atribuída por 3% dos entrevistados. As maiores médias encontram-se entre os habitantes do Nordeste (7,3), entre os menos escolarizados (7,2) e entre os mais velhos (7,1). As menores estão entre os mais ricos (5,8) e os mais escolarizados (5,9).

A demissão do Ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que aconteceu na última semana, pode não ter arranhado a opinião dos brasileiros sobre o governo petista, mas parece ter atingido alguns aspectos da imagem pessoal da presidente. O episódio, que começou com a revelação do enriquecimento súbito do ex-ministro e se arrastou por algumas semanas sem explicações totalmente claras sobre a origem dos recursos, pode ter influenciado a queda na percepção que a população tem da presidente no quesito "decisão". Apesar da maioria julgar Dilma uma presidente decidida (62%), 34% a classificam de indecisa, taxa duas vezes maior à verificada em março deste ano. Na ocasião, 15% a chamavam de indecisa.

A presidente também sofreu prejuízo de imagem no aspecto inteligência. A taxa dos que a julgam muito inteligente caiu de 85% para 76% e a dos que a chamam de pouco inteligente subiu de 9% para 20%. No quesito sinceridade, não são observadas mudanças significativas - o índice dos que a consideram sincera oscilou negativamente de 65% para 62% e a dos que a julgam falsa foi de 17% para 22%. Em outro item, o resultado pode ser considerado até positivo. A taxa dos que acham Dilma democrática subiu de 44% para 52%, enquanto a dos que a veem autoritária foi de 44% para 41%.

*Cresce pessimismo dos brasileiros em relação à economia
Pioram as expectativas sobre inflação, desemprego e poder de compra*

A taxa de brasileiros que acredita em aumento da inflação daqui para frente subiu dez pontos percentuais nos últimos três meses. Em março, correspondia a 41% dos entrevistados e agora chega a 51%. O patamar é equivalente aos dados registrados no final de 2008 e início de 2009, em meio ao noticiário da crise econômica mundial (48% de pessimismo). O índice dos que apostam na estabilidade da inflação é de 31% - era 42% em março. Outros 12% acham que a inflação vai diminuir - eram 13% na pesquisa anterior.

Quanto ao desemprego, as opiniões se dividem - 32% acham que vai aumentar, 31% que vai diminuir e 33% apostam na manutenção das taxas atuais. No levantamento feito há três meses, esses percentuais correspondiam a 27% 39% e 31%, respectivamente. Em relação ao poder de compra dos salários, também nota-se maior equilíbrio na percepção da população. Em março, a maior parte (43%) apostava no aumento do poder de compra contra 18% que achavam que ele diminuiria. Hoje, essas taxas são de 33% e 25%, respectivamente.

A análise conjunta desses resultados explica o crescimento do pessimismo sobre a economia do país. Apesar da maior parte dos brasileiros achar que a economia vai melhorar (42%) ou ficar como está (37%) nos próximos meses, o índice dos que apostam em dias piores subiu de 9% para 17% nos últimos três meses. A taxa de otimistas caiu oito pontos percentuais (de 50% para 42%).

Um indício do porquê esse pessimismo ainda não atingiu a popularidade do governo pode estar no fato de que ele não se mostra tão intenso na rotina do entrevistado. Apesar da avaliação do poder aquisitivo da família não ser dos melhores (45% dizem que às vezes falta dinheiro), o índice dos que admitem muita dificuldade financeira oscilou dentro da margem de erro em um patamar bem abaixo de seu teto histórico (21% atualmente contra 46% em setembro de 1999, após a desvalorização do Real). Prova disso é que a taxa dos que se mostram pessimistas em relação à situação econômica pessoal passou de 7% para 10%, enquanto a taxa dos que acham que ela deve se manter subiu de 28% para 34%.

*Para maioria (60%), crise envolvendo Palocci prejudica governo Dilma
68% tomaram conhecimento da saída de ministro do governo*

A saída do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci do governo Dilma chegou ao conhecimento de 68% dos brasileiros, sendo que 34% disseram estar mais ou menos informados sobre o assunto, e 19%, bem informados. Há ainda uma parcela de 15% que tomou conhecimento mas diz estar mal informado. Mais homens (74%) do que mulheres (63%) souberam da queda do petista após as notícias sobre seu enriquecimento com serviços de consultoria particular durante os quatro anos em que foi deputado federal.

Os jovens (57%) também têm um índice de conhecimento sobre o assunto abaixo da média nacional, equiparando-se assim ao estrato dos menos escolarizados (59%). Aqueles que têm de 45 a 59 anos, por outro lado, têm um conhecimento maior sobre a saída de Palocci: 76%. É um índice igual ao verificado entre os mais velhos, acima de 60 anos. Na fatia dos que estudaram até o ensino superior, 93% estão informados, ainda que mal, sobre o assunto.

Entre os mais ricos, que têm renda mensal familiar acima de 10 salários mínimos ao mês, esse índice vai a 90%, e a 84% no caso daqueles que obtêm entre 5 e 10 mínimos ao mês. Na estratificação geográfica, encontra-se no Sul (74%) a maior proporção de pessoas que tomaram conhecimento da saída do petista, ante 64% no Nordeste. Quem avalia o governo Dilma Rousseff como ruim ou péssimo também está mais informado sobre o assunto do que quem o avalia como bom ou ótimo (74% a 66%, respectivamente).

O ex-ministro da Casa Civil deixou o governo após se recusar a revelar quem foram os clientes de sua consultoria, alegando que esses dados eram confidenciais. Ele também disse que nem a presidente Dilma Rousseff sabia quem eram esses clientes. Na opinião da maioria dos brasileiros (57%), porém, a presidente sabia o nome das empresas para quem Palocci trabalhava. Mais homens (62%) do que mulheres (53%) compartilham dessa opinião. Entre aqueles que estudaram até o ensino fundamental, há uma divisão: 49% acham que Dilma sabia, e 48%, que não sabia.

É uma realidade diferente da captada para os brasileiros com ensino superior, estrato no qual os que acham que a presidente tinha conhecimento dos negócios de seu ex-ministro são 74%. Na estratificação por renda, a lógica é parecida: quanto maior o ganho mensal, maior a disposição em acreditar que Dilma tinha conhecimento dos nomes dos clientes do Palocci. Assim, 56% daqueles que têm renda mensal de até cinco salários mínimos acreditam na versão de Palocci de que a presidente ignorava o nome de seus clientes.

No estrato a seguir, com renda de 5 a 10 mínimos por mês, 67% opinam que Dilma sabia, e entre o que ganham acima disso, 80% dizem o mesmo. No Nordeste, repete-se a divisão: 48% acreditam na versão do ex-ministro, e 51% dizem que Dilma sabia. Quanto pior a avaliação feita do governo de Dilma Rousseff, maior a tendência em acreditar que ela tinha conhecimento dos nomes para quem Palocci prestava consultoria. Compartilham dessa versão, por exemplo, 79% dos que dizem que seu governo é ruim ou péssimo. Na estratificação por conhecimento do assunto, apenas entre quem não tomou conhecimento da queda a taxa dos que creem que a presidente nada sabia fica abaixo da média (37%). Para os mal informados, o índice vai a 55%, subindo para 68% entre os mais ou menos informados e atingindo 74% entre os bem informados.

Para a maioria da população (60%), a crise provocada pelas notícias envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci prejudicou o governo da presidente Dilma Rousseff, enquanto 23% acreditam que não prejudicou. Uma parcela de 17% não soube responder a essa questão. A fatia que acredita que a crise foi prejudicial se divide entre 25% que acreditam que prejudicou muito e 35% que acreditam que prejudicou um pouco. A proporção de homens que acredita que o governo saiu prejudicado é maior do que de mulheres (65% a 56%).

Na faixa de idade acima de 60 anos, a taxa dos que não veem prejuízo a Dilma é proporcionalmente menor (53%), mas sobe o número dos que não sabem responder (21%). O mesmo acontece com aqueles que têm ensino fundamental (51% não veem prejuízo, mas 24% não sabem responder). No grupo que estudou até o ensino superior, acontece o contrário: 77% dizem que a crise prejudicou a gestão de Dilma Rousseff, e apenas 3% não souberam responder. Entre aqueles que tomaram conhecimento da queda de Palocci, 71% apontam que houve prejuízo ao governo no episódio, índice que cai à metade entre quem não tomou conhecimento (38%).

O desempenho da presidente Dilma Rousseff durante a crise política provocada pelas notícias envolvendo seu ministro da Casa Civil dividiu os brasileiros. Um terço (33%) avalia que seu desempenho foi bom, fatia similar (36%) à que considera que Dilma foi regular. Para 17%, o desempenho da presidente foi ruim ou péssimo. Mais uma vez, brasileiros que estudaram até o ensino fundamental discordam da fatia que completou o ensino superior: entre os menos escolarizados, 36% consideram boa ou ótima a atuação de Dilma, ante 30% entre os que estudaram por mais anos. Nesse caso, porém, a diferença entre os índices de avaliação é menor, próximos do intervalo da margem de erro. Entre aqueles que obtêm renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, 24% avaliam o desempenho de Dilma como bom ou ótimo. A taxa de ruim ou péssimo, para esse estrato, vai a 31%, próxima à daqueles que ganham de 5 a 10 mínimos (28%).

*Participação de Lula em decisões de Dilma tem o apoio de 64%
77% acreditam que Lula já participa do governo de Dilma*

Para quatro de cada cinco brasileiros (77%), o ex-presidente Lula participa das decisões do governo de sua sucessora, Dilma Rousseff. Uma parcela de 19% avalia que Lula não tem participação, e 4% não souberam responder. No Sul, a fatia dos que dizem que o ex-presidente tem participação no governo da petista alcança 82%, mesmo índice próximo ao daqueles que têm renda de mais de 10 salários mínimos (83%).

A participação de Lula na gestão de sua sucessora, porém, não é visto de forma negativa. Pelo contrário, 64% dizem acreditar que ele deveria participar das decisões da gestão de Dilma Rousseff, ante 34% que dizem que não deveria. A taxa dos que não souberam responder sobre o assunto é de 2%. Entre os mais velhos, cai o apoio à participação de Lula (57%).

No grupo de pessoas que estudou até o ensino fundamental, a participação do ex-presidente no governo Dilma tem apoio ainda maior (69%, ante 27% que dizem o contrário). Esse quadro se inverte entre aqueles com ensino superior (45% acreditam que Lula deveria participar, ante 53% que dizem que não deveria) e entre os mais ricos (41% a 58%).

No Nordeste, região em que o ex-presidente mantinha suas mais altas taxas de popularidade, 71% afirmam que ele deveria participar, ante 27% que têm opinião oposta. No Sul, uma porção menor (54%) é favorável à intervenção de Lula no governo Dilma. Entre aqueles que obtêm renda familiar 5 a 10 salários mínimos, 49% dão apoio à participação do ex-presidente, enquanto 51% são contrários a essa atitude.