O termo mensalão, como ficou conhecida a acusação de compra de apoio no Congresso durante o governo Lula, é amplamente identificado pelos brasileiros, assim como o julgamento dos envolvidos nesse caso, atualmente em curso no STF. A maior parte dos brasileiros deseja que os principais réus do episódio sejam condenados e presos, mas uma minoria acredita, de fato, que isso irá acontecer. Responsável por julgar o caso, o STF é tido com menos confiável que a imprensa e a Presidência da República, mas supera os partidos políticos e o Congresso. É o que aponta pesquisa de opinião realizada pelo Datafolha em 159 cidades brasileiras no dia 10 de agosto de 2012. Foram ouvidas 2562 pessoas 18 anos anos ou mais. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.
Quando questionados se têm conhecimento do caso conhecido como mensalão, 81% dos brasileiros responderam positivamente, sendo 18% declararam estar bem informados sobre o assunto, 44%, mais ou menos informado, e 19%, mal informados. Em setembro de 2006, o Datafolha perguntou aos brasileiros se eles tinham conhecimento das acusações do ex-deputado Roberto Jefferson, de que o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava uma mesada de R$ 30 mil por mês a parlamentares de outros partidos, o chamado mensalão, em troca de apoio ao governo no Congresso. À época, 83% afirmavam ter conhecimento do caso, sendo que 27% se declaravam bem informados, 43%, mais ou menos informados, e 13%, mal informados.
Sobre o julgamento do caso, 75% tomaram conhecimento, segundo o atual levantamento. Destes, 39% estão mais ou menos informados, 16%, bem informados, e 20%, mal informados. A taxa dos que dizem bem informados sobre o julgamento cai pela metade entre os mais jovens (8%). Também fica abaixo da média entre aqueles que têm ensino fundamental (11%), mas dobra entre os brasileiros com curso superior (33%).
Informados que, no caso conhecido como mensalão, alguns defendem que se tratou de um caso de corrupção que envolvia a compra e venda de votos ou apoio no Congresso, e outros dizem que não foi um esquema de corrupção, mas de arrecadação de dinheiro para pagamentos de dívidas de campanhas eleitorais, os brasileiros foram questionados se eles consideravam ou não o mensalão um caso de corrupção. A maioria (82%) disse acreditar que o mensalão foi um caso de corrupção, e 7% disseram que não se tratou de corrupção. Uma fatia de 11% não soube responder.
Na segmentação por escolaridade, fica acima da média o índice dos que avaliam o mensalão como um caso de corrupção entre aqueles que têm curso superior (93%). Entre os menos escolarizados, destaca-se a fatia dos que disseram não saber responder à questão (18%).
Entre aqueles que dizem estar bem informados sobre o julgamento no STF, 93% dizem que o mensalão foi um caso de corrupção, índice similar ao verificado entre os mais ou menos informados (92%).
Para 73%, os principais acusados no caso do mensalão deveriam ser condenados e presos. Outros 14% dizem que deveriam ser condenados, mas não irem para a prisão, e uma fatia de 5% afirma que eles deveriam ser absolvidos. Os que não souberam responder, nesse caso, somam 8%.
Sobre o que de fato acontecerá com os principais acusados do caso, 43% dizem acreditar que eles serão absolvidos pelo STF, e 37%, que serão condenados, mas não serão presos. Apenas 11% afirmam acreditar que os principais réus do julgamento do mensalão serão condenados e presos, mesmo patamar dos que não souberam responder (9%). Entre os mal informados pelo julgamento, 48% acreditam que os principais réus do caso serão absolvidos, índice similar ao verificado entre os que dizem estar bem informados do assunto (47%). Na região Sul, um índice acima da média acredita em condenação e prisão (17%).
Cobertura do julgamento divide brasileiros
A opinião dos brasileiros está dividida em relação à cobertura da imprensa no caso do mensalão. Sobre a abrangência dessa cobertura, por exemplo, 45% dizem que é completa, índice similar ao dos que a veem como incompleta (42%). Não souberam responder 13%. Quanto à parcialidade adotada pela imprensa no caso, 46% afirmam que a cobertura é parcial, e 39%, que é imparcial e 15% não souberam responder. Para 46%, a forma como o assunto é tratado pela imprensa é séria, ante 38% que a consideram sensacionalista.
Entre os que dizem estar bem informados sobre o julgamento do mensalão, ficam acima da média os índices dos que avaliam a cobertura como completa (63%), parcial (57%) e séria (59%). No grupo dos mais escolarizados, a taxa dos que avaliam a cobertura como sensacionalista também fica acima da média (47%).
Como nas demais questões relacionadas ao caso, o índice dos que não sabem responder fica acima da média na fatia dos menos escolarizados, dos mais pobres, dos mais velhos e dos que desconhecem o assunto.
Julgamento terá pequena influência nas eleições para prefeito
Metade dos brasileiros (50%) diz que o resultado do julgamento do mensalão não terá nenhuma influência em sua decisão de voto para prefeito nas eleições deste ano. Para 21%, terá grande influência, mesmo patamar dos que afirmam que terá uma pequena influência (20%). Não souberam responder 8%. Entre aqueles que moram em regiões metropolitanas, fica acima da média a taxa dos que dizem que o julgamento terá grande influência no voto para prefeito (27%). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, essa tendência se inverte: 15% dizem que o resultado terá grande influência. Entre aqueles que afirmam estar bem informados sobre o julgamento do mensalão, fica acima da média tanto o índice dos que dizem que o resultado do caso não influenciará no voto para prefeito (56%) quanto o dos que dizem que terá grande influência (28%).
Presidência e imprensa são mais confiáveis que STF, partidos e Congresso
A Presidência da República e a imprensa são as instituições mais confiáveis entre os brasileiros, em patamar acima do Supremo Tribunal Federal (STF), dos partidos políticos como um todo e do Congresso Nacional. Um em cada três (33%) brasileiros adultos dizem confiar muito na Presidência, e outros 52% dizem confiar um pouco. Na imprensa, 31% dizem confiar muito, e 51%, um pouco. Os que dizem não confiar na Presidência e na imprensa representam, respectivamente, 15% e 18%. Nos dois casos, o índice dos que dizem confiar muito fica acima da média entre os menos escolarizados e com menor renda e decresce à medida que cresce a escolaridade e o rendimento mensal. Com a idade acontece o contrário: entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, 24% dizem confiar muito na Presidência e 21% afirmam confiar muito na imprensa. Na fatia dos que têm 60 anos ou mais, 44% confiam muito na Presidência, e 38%, na imprensa.
O STF também é confiável para a maioria, sendo que 16% dizem confiar muito nessa instituição, e 51%, confiar um pouco. A taxa dos que não confiam na mais alta corte judicial do país fica em 32%.
Dentre as instituições incluídas no levantamento, os partidos políticos e o Congresso Nacional são as menos confiáveis. O índice dos que dizem não confiar nos partidos é de 52%, mesmo patamar dos que não confiam no Congresso (52%). Confiam um pouco nos partidos 41%, enquanto 7% confiam muito. No Congresso, 40% confiam um pouco, e 8%, muito.