O petista Fernando Haddad completa 100 dias de governo à frente da Prefeitura de São Paulo com a aprovação de 31% dos moradores da cidade. Esse é o índice dos que avaliam sua gestão como ótima ou boa, menor do que o de paulistanos que lhe atribuem desempenho regular (42%). Há ainda 14% que avaliam o governo de Haddad como ruim ou péssimo, e 13% que não souberam analisar seu desempenho.
A nota média atribuída a seu governo é 5,9.
Até o momento, o novo prefeito se destaca nos segmento dos menos escolarizados (38% de aprovação), dos paulistanos com renda mensal familiar de até dois salários (36%) e daqueles com idade entre 45 e 59 anos (36%).
A arrancada de Fernando Haddad é melhor do que a de seus antecessores mais próximos, Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB), aprovados por 16% e 20%, respectivamente, após períodos equivalentes de governo. Em relação a sua correligionária Marta Suplicy, a avaliação é similar: em abril de 2001, após 100 dias de governo, a petista tinha sua administração avaliada como ótima ou boa por 34% dos moradores de São Paulo.
Para 63%, Haddad faz um governo melhor do que o de Kassab. Outros 21% dizem que sua administração é igual à do antecessor, e 9%, que é pior. Na comparação com o desempenho de Serra na prefeitura, 54% indicam que o governo do petista é melhor, 23% dizem que é igual, e 17%, que é pior do que o do tucano. Em relação à gestão de Marta, 47% avaliam que o governo do atual prefeito é melhor, 31% acreditam que é igual, e 14% afirmam que é pior do que da petista. O governo de Haddad também foi comparado ao de Celso Pitta e Paulo Maluf (PP), e 74% e 66%, respectivamente, avaliam que o do petista é melhor.
Um governo com ações diferentes das realizadas por Gilberto Kassab é o que a maioria (89%) dos moradores da capital espera de Haddad. Uma fatia de 7%, porém, diz preferir que a maioria das ações do atual prefeito sejam iguais às do anterior.
Apenas 9% dos paulistanos se surpreenderam com as ações de Haddad em seus 100 primeiros dias de governo e afirmam que ele fez mais do que esperavam que fizesse. Metade (49%) tem opinião contrária e diz que o petista fez menos do que esperavam que fizesse. Para 30%, o petista fez o que esperavam que fizesse. Na zona norte da cidade, fica acima da média (em 56%) o índice dos que creem que o petista fez menos do que esperado até o momento. O mesmo ocorre entre os mais jovens, de 16 a 24 anos (54%).
Uma comparação com o início do mandato de José Serra como prefeito mostra que o petista parte melhor também nesse aspecto. Em abril de 2005, 70% acreditavam que o tucano havia feito, até então, menos do que esperavam que ele fizesse.
Questionados sobre o que Haddad poderia ter feito e não fez em seus três primeiros meses de governo, 27% mencionaram espontaneamente assuntos relacionados à área da saúde, com destaque para a inclusão de mais médicos na rede (13%), diminuição do tempo de espera para exames e consultas (4%) e melhoria no atendimento (4%), entre outros. Temas relacionados ao transporte somam 23% das indicações sobre o que prefeito poderia ter feito e não fez, com destaque para aumento da frota de ônibus (9%), implementação do bilhete único mensal (4%), melhoria do transporte público (3%) e melhoria ou diminuição do preço da passagem de ônibus (3%), entre outros. Em seguida aparecem as citações com referência a infraestrutura (19%), entre as quais se destacam às relacionadas ao combate a enchentes (5%), pavimentação e reforma de vias (5%) e melhoria da limpeza (5%), entre outras. O tema educação foi mencionado por 17% (construção de creches e escolas, investimento e melhoria da educação, qualificação de professores etc.), segurança, por 14% (aumento de policiamento, aumento de policiamento, guardas civis nas ruas etc.), moradia, por 5% (construção de casa, moradias para baixa renda etc.) e trânsito, por 4% (cuidar melhor do trânsito, arrumar semáforos etc.), entre outros temas citados.
A principal realização do ex-ministro da Educação ao longo dos quatro anos de mandato em São Paulo deve estar a relacionada à área da saúde, segundo 36% dos moradores da capital. Dentro desta área, as citações espontâneas mais frequentes se referem novamente à inclusão de mais médicos na rede de saúde (15%), construção de mais hospitais (7%), melhoria na qualidade do atendimento (7%), diminuição do tempo de espera para exames e consultas (6%) e construção de mais postos de saúde e ambulatórios (4%), entre outras. Para 19%, a área da educação deve ser a prioridade da gestão Haddad, e para isso os paulistanos indicam investimento e melhoria na área, de forma geral (5% das citações), qualificação dos professores (5%) e a construção de escolas e creches (4%), entre outras realizações. O transporte público é a prioridade citada por 13%, sendo que destes 7% reivindicam mais ônibus e 3%, mais linhas de trem e metrô. Em seguida aparece a indicação da área de segurança (10%), com menções principalmente a aumento de policiamento nas ruas; e moradia (8%), com destaque para a construção de casas para a população mais pobre; e infraestrutura (8%), com menções, principalmente, ao combate a enchentes, limpeza urbana e pavimentação, entre outras prioridades apontadas.
Nova comparação com o início da gestão de José Serra mostra que a área da saúde segue sendo o principal alvo de reivindicação dos moradores. Em abril de 2005, 43% citavam realizações ligadas à saúde como prioridade para o então prefeito. Em seguida vinham transporte (17%), combate ao desemprego (11%, ante 2% atualmente), transporte (9%) e segurança (7%), entre outras áreas.
Para 30% dos paulistanos, Haddad está dando mais atenção aos bairros pobres da cidade, índice próximo ao dos que acreditam que sua prioridade são os bairros ricos (26%). Uma fatia de 15% afirma o atual prefeito dá atenção tanto bairros ricos quanto pobres, e 26% não souberam opinar sobre o tema. Na zona oeste da cidade, um índice acima da média (38%) acredita que Haddad está dando mais atenção aos bairros pobres da cidade.
Número de insatisfeitos volta a subir
A fatia de paulistanos nada satisfeitos em morar na cidade passou de 6% em janeiro de 2010 para 12% em abril deste ano, puxando para baixo tanto o índice dos que dizem estar muito satisfeitos em morar em São Paulo (de 47% para 44%) quanto o de um pouco satisfeitos (também de 47% para 44%). Essa taxa de insatisfeitos, no entanto, já foi bem mais alta: em agosto de 2001, quando Marta Suplicy governava a cidade, chegou a 27%; recuou para 7% em dezembro de 2003, ainda sob a gestão Marta, e voltou a subir, desta vez para 17%, em abril de 2005, no início da administração Serra. A nota média atribuída pelos moradores a cidade foi 7, ante 7,4 em janeiro de 2010.
Simpático e moderno, Haddad ainda precisa provar à maioria que trabalha muito
Após pouco mais de três meses de mandato, as características mais fortes de Fernando Haddad junto aos paulistanos são sua simpatia, modernidade e inteligência. Para 82% dos moradores da capital, o atual prefeito é moderno (12% o consideram antiquado), enquanto 81% o consideram simpático (12% também o acham antipático) e 78% o classificam como muito inteligente (para 14%, o petista é pouco inteligente).
Outros atributos em alta do prefeito são a preferência por trabalhar em equipe (73% creem que ele prefere trabalhar com outras pessoas, ante 17% que avaliam que ele prefere trabalhar sozinho); a humildade (71% dizem que é humilde, ante 19% que avaliam que é orgulhoso); o perfil público (65% dizem que é democrático, ante 26% que acreditam que seja autoritário) e a sinceridade (59% o avaliam como sincero, e 24%, como falso).
A capacidade de trabalho e o tratamento dispensado a ricos e pobres são as características de Haddad que mais dividem a percepção dos paulistanos. Para 45%, ele trabalha muito, e outros 40% dizem que ele trabalha pouco, além de 13% que não souberam responder. Entre os mais jovens, 50% acreditam que ele trabalha pouco, índice similar ao registrado na zona norte (49%); Em relação ao respeito a pobres e ricos, 37% acreditam que ele respeita mais os pobres, 35%, que ele respeita mais os ricos, e 6%, que ele respeita ricos e pobres de forma igual.
Construção e reforma de hospitais é meta mais importante, e mudança no bilhete único, a mais factível
Dentre as 100 medidas apresentadas por Fernando Haddad como metas para sua gestão ao longo de quatro anos, 17 foram selecionadas pelo Datafolha e avaliadas pela população da cidade de São Paulo com base em dois critérios: importância e expectativa de realização. Para cada uma delas, os entrevistados indicaram se era muito importante, um pouco importante ou nada importante para cidade, e, em seguida, se Haddad essa meta totalmente, em parte ou não a cumpriria. As avaliações foram transformadas em um índice de cumprimento do plano de metas do atual prefeito, a ser acompanhado ao longo de seu mandato.
Para o calculo do índice de importância subtrai-se da taxa de "muito importante" a taxa de "nada importante" + 100 (para evitar número negativo). Para o calculo do índice de realização subtrai-se da taxa de "irá cumprir" a taxa de "não irá cumprir" + 100 (para evitar número negativo). O índice é um valor que varia de 0 a 200.
Das metas selecionadas, a apontada como mais importante pelos paulistanos foi a recuperação e adequação de 16 hospitais, com pontuação 197. Em seguida, entre as cinco consideradas mais importantes, aparece a construção de 65 escolas e centros de educação infantil (193), a implantação de 5 novas UPA (Unidades de Pronto Atendimento), a implantação de 150 quilômetros de corredores exclusivos de ônibus (191) e ampliação da coleta seletiva municipal para 21 distritos não atendidos atualmente (190).
A implantação de 42 áreas de conexão wi-fi aberta, com qualidade e estabilidade de sinal, teve pontuação 149, a mais baixa entre as elencadas no levantamento. Aparecem ainda entre as cinco de menor pontuação as metas de beneficiar 228 mil novas famílias com o Bolsa Família (158), implantar uma rede 400 km de vias para ciclistas (162), abertura de 32 novos locais para a prática de esporte, que irão funcionar 24 horas nos finais de semana (168) e implantação de as novas modalidades temporais (diária, semanal e mensal) de Bilhete Único (168).
Quanto à expectativa de cumprimento, os moradores da capital paulistas apontam a implantação de novas modalidades do bilhete único aparece como a mais factível, com 174 pontos. A modernização de semáforos (9ª meta mais importante) aparece em seguida, com 170 pontos, à frente de ampliação de 5 novas UPAs (169 pontos), ampliação da coleta seletiva para 21 distritos não atendidos (167) e benefício a 228 mil novas famílias com o Bolsa Família (165).
A implantação de 42 áreas de conexão wi-fi aberta também é vista como a meta com menor probabilidade de cumprimento, com 142 pontos. Entre as seis metas avaliadas pelos moradores com menor chance de serem cumpridas estão a revisão do Plano Diretor Estratégico (12ª meta mais importante), com 151 pontos; a transformação de 850 mil metros² de calçadas em vias acessíveis para portadores de deficiência (10ª meta em importância), também com 151 pontos; implantação do horário de funcionamento 24 horas para o transporte público (8ª meta mais importante), com 155 pontos; abertura de 32 novos locais para prática de esporte, com 155 pontos; e o benefício a 70 mil pessoas no Programa de Urbanização de Favelas (7ª meta mais importante), também com 155 pontos.