Os manifestantes que ocuparam a Avenida Paulista na noite de ontem são, em sua maioria, liberais ou extremo-liberais. Juntos, esses grupos representam 61% dos manifestantes, sendo que 32% eram extremo-liberais, e 29%, liberais.
Para chegar a estes resultados, o Instituto Datafolha aplicou uma metodologia que envolve diversas questões sobre valores sociais, políticos e culturais. Essas questões tornaram possível a classificação do eleitorado em cinco grupos ideológicos: liberais, extremo-liberais, medianos, conservadores e extremo-conservadores.
Entre os presentes ao protesto de ontem, na Avenida Paulista, havia ainda 17% classificados como medianos e 22% que estavam do lado conservador - destes, 20% eram conservadores, e 2%, extremo-conservadores.
Essa metodologia foi aplicada também em pesquisa realizada outubro do ano passado na cidade de São Paulo, e a comparação entre os resultados mostra um perfil mais conservador entre os paulistanos. Entre a população adulta da capital, 33% são conservadores, e 9%, conservadores. A fatia de medianos é de 23%, e 34% estão no espectro liberal, sendo que 28% são liberais, e 6%, extremo-liberais.
Apesar de ainda apoiados pela maioria, essas questões sobre drogas e punição a adolescentes têm apelo menor do que entre os paulistanos. Entre os moradores da capital, 81% são favoráveis à proibição do uso de drogas, enquanto 71% compartilham da opinião de que adolescentes que cometem crimes devem ser punidos como adultos.
O perfil dos manifestantes mostra que 22% deles se colocam à esquerda no espectro político, e outros 14%, na centro-esquerda. A parcela dos que se consideram de centro é de 31%. Há 10% dos manifestantes que se colocam à direita no espectro político, e 11% se posicionam como de centro-direita. Uma parcela de 13% não soube definir sua posição política de acordo com a consulta feita.
Esse retrato mostra que os manifestantes que estiveram na Paulista estão mais à esquerda, politicamente, do que os paulistanos, de forma geral. Entre os moradores de São Paulo, segundo pesquisa realizada na última semana de abril deste ano, 14% se posicionavam à esquerda, e 10%, na centro-esquerda.
A fatia de centristas entre os paulistanos é menor (24%), enquanto é maior a de pessoas que se colocam à direita (20%) e centro-direita (14%). Entre os moradores da cidade, 16% não souberam definir sua posição política.