100 mil foram à Paulista em 12 de abril; 77% defendem impeachment

DE SÃO PAULO

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Os cerca de 100 mil manifestantes que foram à Avenida Paulista para protestar no domingo, 12 de abril, tinham opiniões e perfil similar aos dos que estiveram na manifestação ocorrida em 15 de março deste ano, no mesmo local, com exceção da idade - o evento de abril reuniu um público mais velho do que o de março. Os dois eventos também guardam em comum a rejeição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o posicionamento de centro-direita, a preferência por Aécio Neves (PSDB) na última eleição e a má avaliação que também fazem do Congresso Nacional.

Segundo contagem realizada pelo Datafolha, 100 mil pessoas passaram pelo protesto na Avenida Paulista entre 12h e 18h. Entende como o instituto realiza essa contagem de multidões acessando este vídeo.

A maioria dos manifestantes presentes à Avenida Paulista no domingo, 12 de abril, era do sexo masculino (56%), e 44% eram do sexo feminino. Uma parcela de 11% tinha até 25 anos, 19%, de 26 a 35 anos, 30%, de 36 a 50 anos, e 41%, 51 anos ou mais. A idade média ficou em 45 anos. Na comparação com o protesto realizado na Paulista em 15 de março, aumentou a idade média de idade dos participantes (era de 40 anos).

Uma parcela de 78% dos que estiveram em 12 de abril na avenida tinha ensino superior (77%), e 20% tinham ensino médio. Apenas 3% haviam estudado até o ensino fundamental. Faziam parte da PEA (População Economicamente Ativa) 82% dos presentes, com destaque para assalariados registrados (35%), autônomos regulares (15%) e empresários (10%).

A segmentação por renda mostra que 14% tinham rendimento familiar mensal de até 3 salários mínimos, 14%, de 3 a 5 salários mínimo, 24%, de 5 a 10 salários mínimos, 25%, de 10 a 20 salários mínimos, e 16%, de 20 salários ou mais. Uma fatia de 5% não informou sua renda mensal familiar.

Quatro em cada cinco (73%) se declararam de cor branca, e 18%, de cor parda. Apenas 4% se declararam da cor preta, 1% afirmou ser indígena, 2% disseram ser amarelos, e 2% indicaram, espontaneamente, outras cores. Os locais de moradia mais frequentes entre os participantes era a região sul (32%), e em seguida apareciam oeste (18%), centro (13%), leste (11%), norte (8%). Moradores de outras cidades eram 17%.

Seis em cada dez manifestantes (63%) também estiveram na avenida Paulista em 15 de março. .

Maioria quer impeachment e conhece vice-presidente

A reprovação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) entre os manifestantes alcança 96%, e 3% o veem como regular. Essa avaliação é similar à registrada em 15 de março (96% e 3%, respectivamente). Na população brasileira adulta, a rejeição ao governo da petista é menor, mais ainda abrange a maioria (60%), e há ainda 27% que o consideram regular e outros 13% que o avaliam como bom ou ótimo.

O desempenho dos deputados e senadores no Congresso é considerado ruim ou péssimo por 77% dos que foram protestar em 12 de abril. Para 19%, é regular, e somente 2% avaliam o trabalho dos congressistas como ótimo ou bom. O resultado é similar ao verificado na manifestação realizada em 15 de março (77% de ruim ou péssimo, 19% de regular, 3% de ótimo ou bom). Entre os brasileiros, a imagem dos membros do Congresso é menos negativa: 44% consideram o desempenho deles ruim ou péssimo, 38%, regular, 11%, ótimo ou bom, e 6% não têm opinião.
Dos que foram à Paulista, 83% declaram ter votado em Aécio Neves (PSDB) no 2º turno da eleição presidencial. Apenas 3% votaram em Dilma, e os demais não votaram (7%) ou votaram em branco ou nulo (6%).

Os motivos mais citados espontaneamente pelos manifestantes para ir à Paulista foi protestar contra a corrupção (33%), pelo impeachment da presidente Dilma (13%), contra o governo (11%), contra o PT (10%), por indignação e insatisfação, sem especificar (8%), por mudanças no Brasil, por um país melhor (8%), para dar apoio à maioria (4%), por mudança, sem especificar (4%), pela reforma política (3%), contra Dilma (2%), por insatisfação com a situação econômica (2%), pela saúde (2%) e por direitos, de forma geral (2%), além de outras respostas com base menor de menções.

Quatro em cada dez manifestantes (77%) acreditam que o Congresso Nacional deveria abrir processo de impeachment contra Dilma Rousseff por tudo o que foi apurado na Operação Lava-Jato até o momento. Os demais acham que não deveria abertura de processo para afastar a petista (21%) ou não têm opinião a respeito deste assunto (3%). O apoio é maior entre os que estudaram até o ensino médio (85%) do que entre os que têm curso superior (75%).O Datafolha também consultou a população brasileira adulta sobre o tema entre 09 e 10 de abril de 2015, e 63% defendiam a abertura de processo de cassação do mandato da petista.

Questionados se acreditam que Dilma será afastada da Presidência da República por causa das denúncias de corrupção da Operação Lava-Jato, 48% dizem que não, e um índice similar, de 44%, acredita que sim, a petista será afastada. Há ainda 7% que não souberam opinar sobre o assunto. Entre os brasileiros com 16 anos ou mais, 64% acreditam que ela não será afastada.
Quase metade (45%) dos que foram protestar menciona corretamente o nome de Michel Temer (PMDB) quando consultados sobre quem assumiria o cargo de presidente caso Dilma fosse afastada. Há ainda 29% que citam o vice-presidente, sem especificar seu nome. Os demais não souberam responder 6%, ou mencionaram Aécio (2%). O conhecimento espontâneo do nome do vice entre os presentes ao protesto é superior ao registrado na população brasileira (39% não sabe, e somente 13% citam corretamente o nome do peemedebista).

A maioria (90%) dos manifestantes também indica corretamente o nome de Michel Temer ao ser questionada sobre o nome do vice-presidente do Brasil. Uma parcela de 9% declarou não saber, e 1% citou outros nomes. Entre os brasileiros de forma geral, apenas 36% citaram o nome de Temer, e 63% declararam não saber.

86% dos manifestantes na Paulista defendem democracia sobre qualquer forma de governo

Para 86%, a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo, e 3% acreditam que tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditatura. Uma fatia de 9% dos que foram à Paulista acreditam que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático. Na parcela dos que estudaram até o ensino superior, 89% defendem a democracia sobre qualquer outra forma de governo, índice que cai para 77% entre os que estudaram até o ensino fundamental.

Em uma escala de 1 a 7, em que 1 é o máximo à esquerda e 7 o máximo à direita, 34% dos que estiveram no protesto se colocam na posição de centro (4), e 21% ficam entre o centro e a direita (5). A parcela de direita soma 26%, considerando as posições 6 (12%) e 7 (14%). A média registrada entre os manifestantes foi 4,6, ou seja, entre o centro e a direita do espectro ideológico. A fatia dos que se posicionam mais à esquerda é de 14%, incluindo as posições 3 (7%), 2 (3%) e 1 (4%).

Apenas 5% dos manifestantes tinha alguma filiação partidária, com destaque para os manifestantes filiados ao PSDB (2%). A maioria (93%) também declarou não ser ligada a nenhum dos grupos que organizaram a manifestação. Entre aqueles ligados a algum grupo, 4% afirmaram fazer parte do Vem pra Rua, 1%, do MBL, e 1%, do Revoltados, entre outros menos citados.