Maior manifestação política da história de SP reúne 500 mil na Paulista

DE SÃO PAULO

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A maioria dos 500 mil manifestantes presentes à Avenida Paulista era do sexo masculino (57%), e a idade média registrada foi de 45,5 anos. Os manifestantes mais escolarizados, com ensino superior, eram 77%, e os demais tinham escolaridade média (18%) ou fundamental (4%). Esse foi o maior público já registrado pelo Datafolha em uma manifestação política: na comparação com março do ano passado, quando 210 mil pessoas passaram pela Paulista para protestar contra o governo Dilma, houve alta de 138% no público presente.

De forma geral, o perfil dos manifestantes não sofreu mudanças significativas quando comparado ao dos que foram à mesma avenida em março do ano passado, também para protestar contra Dilma Rousseff, seu partido e contra o ex-presidente Lula.

Faziam parte da PEA (População Economicamente Ativa) 82% dos que foram à avenida, com destaque para assalariados registrados (31%), autônomos regulares (12%) e empresários (12%). Entre os 18% que não faziam parte da população economicamente ativa, destacaram-se os aposentados (11%). Declararam-se da cor branca 77%, e os demais declararam ser pardos (15%), pretos (4%) e amarelos (3%).

Três em cada dez manifestantes (33%) eram da região Sul de São Paulo, à frente das regiões oeste (13%), leste (12%), centro (12%) e norte (8%). Havia ainda 21% de manifestantes que vieram de fora da capital paulista para o protesto. Em relação à renda mensal familiar, 14% disseram obter um ganho de até 3 salários mínimos por mês, 17%, de 3 a 5 salários, 26%, de 5 a 10 salários, e 37%, mais de 10 salários.

O PSDB foi o partido mais citado (21%) como preferido pelos manifestantes, e em seguida, em um patamar bem menor, foram mencionados Partido Novo (2%) e PV (2%), entre outros com 1% ou menos. A maioria (68%), porém, disse não ter um partido preferido. Na comparação com o perfil dos manifestantes que compareceram à Paulista em março do ano passado, na maior manifestação realizada contra o governo Dilma até então, a preferência pelo PSDB caiu: à época, 37% apontam o partido como agremiação preferida.

Houve quase unanimidade na reprovação ao governo Dilma Rousseff, considerado ruim ou péssimo por 98%, e regular por 1%. Os demais aprovam a gestão da petista ou não opinaram, com índices abaixo de 1%.

Oito em cada dez (79%) dos presentes declararam ter votado em Aécio Neves (PSDB) para presidente no 2º turno da eleição presidencial, e só 3% declaram ter votado em Dilma. Uma fatia de 9% não votou, 8% votaram em branco ou nulo, e 1% não respondeu.

Questionados sobre quem foi o melhor presidente da história do país, 60% citaram espontaneamente Fernando Henrique Cardoso, e em seguida aparecem Juscelino Kubitschek (7%), Getúlio Vargas (5%), Itamar Franco (3%), João Batista Figueiredo (3%), Lula (2%), Fernando Collor de Mello (1%), Médici (1%), Castelo Branco (1%), Jânio Quadros (1%) e Tancredo Neves (1%), entre outros com menos de 1%. Para 8%, nenhum presidente foi o melhor da história, e 7% não opinaram sobre o assunto.

O apoio ao impeachment da presidente é maciço entre os manifestantes (95%), e os demais são contra (4%) ou não opinaram (1%).

Um número menor (79%), contudo, acredita que a petista será afastada de seu cargo, e 17% avaliam que ela não será afastada. Uma parcela de 4% não opinou sobre o assunto.
A renúncia de Dilma é apoiada por 89% dos manifestantes que estiveram na Paulista e arredores, e para 10% ela não deveria renunciar.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), também é alvo de grande rejeição: entre os participantes do protesto, 96% são a favor da cassação de seu mandato, 2%, contra, e outros 2% são indiferentes ou não opinaram.

Ampla maioria (96%) também declarou apoio à decisão do juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento da operação Lava Jato, de obrigar o ex-presidente Lula a depor na Polícia Federal. Os demais acreditam que o juiz agiu mal (3%) ou não opinou (1%).

Sete em cada dez (70%) disseram já ter participado de atos contra o governo Dilma Rousseff no ano passado. A adesão aos grupos organizadores desses protestos, porém, é baixa: 94% não participam dos grupos organizadores da manifestação. Na fatia dos que participam,3% disseram ser do Vem Pra Rua, 1%, ao MBL, e 1%, ao Revoltados, entre outros menos citados.
Para obter a opinião e o perfil dos manifestantes, o Datafolha ouviu 2.262 pessoas com 12 anos ou mais na Avenida Paulista, ruas adjacentes e principais vias paralelas do local do protesto.