Ampla maioria dos paulistanos (89%) tomou conhecimento da ação para acabar com a cracolândia, na região central de São Paulo. Estão bem informados sobre o assunto 42%, e os demais estão mais ou menos informados (39%) ou mal informados (7%).
Questionados sobre quem foi o principal responsável pela ação na cracolândia, o prefeito João Doria ou o governador Geraldo Alckmin, 60% apontaram Doria como o principal responsável, e 9%, Alckmin. Para 18%, ambos agiram juntos, e 13% preferiram não opinar. Entre os que declaram estar bem informados sobre a ação, 65% apontam o prefeito como principal responsável.
O desempenho de João Doria na ação na cracolândia foi aprovado por 48% dos paulistanos, e os demais reprovaram (23%) ou consideraram regular (25%) o papel do tucano, além de 3% que não opinaram. Esse nível de aprovação é diferente entre homens (52%) e mulheres (45%), e entre menos escolarizados (54%) e mais escolarizados (42%). Também fica mais baixo entre os mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos (40%) do que entre os mais velhos, com 60 anos ou mais (58%).
Quando o desempenho de Geraldo Alckmin na ação realizada na cracolândia é avaliado, a aprovação é menor (29%) do que a de Doria. A reprovação em relação ao papel desempenhado pelo governador fica em 33%, e 30% consideram que foi regular. Há ainda 8% que não opinaram. Novamente a aprovação registrada é mais baixa entre os mais jovens (26%) do que entre os mais velhos (38%), e entre os mais escolarizados (18%) do que entre os que estudaram somente até o ensino fundamental (38%) ou ensino médio (31%).
Questionados sobre a maneira como foi realizada a ação para acabar com a cracolândia, 59% declararam ser a favor, e 34%, contra. Uma parcela de 4% disse ser indiferente à questão, e 4% não opinaram. Entre os homens, 63% apoiam a maneira como foi realizada a ação, taxa que cai para 54% entre as mulheres. Entre os jovens, 49%, são favoráveis, e 40%, contrários. Na faixa de 35 a 44 anos, a parcela que é a favor sobe para 64%, e atinge 74% entre quem têm 60 anos ou mais. Também há diferença de avaliação dependendo da escolaridade do entrevistado: 70% dos menos escolarizados são favoráveis à maneira como foi realizada a intervenção na cracolândia, e 22% declaram contrariedade; entre os que possuem nível superior, 49% são a favor, e 43%, contra.
A maioria (55%) também apoia a demolição de alguns imóveis utilizados como pensões e hotéis na região da cracolândia como forma de combater o crack naquela região. Uma fatia de 41% é contra a medida, 2% não opinaram e 1% é indiferente ao tema. Na parcela dos mais jovens, 55% se posicionam contra essa medida, e 41%, a favor. Na faixa seguinte, de 25 a 34 anos, 51% são a favor, e 45%, contra. Nas posteriores, a fatia de favoráveis amplia essa diferença. Entre aqueles que dizem que convivem com locais de uso de crack a céu aberto, como a cracolândia, em seu próprio bairro, 58% defendem a demolição dos imóveis, e 39% são contrários. Na parcela dos que declaram não conviver com esse tipo de situação no bairro em que vive, 53% defendem a demolição, e 44% se posicionam contra a medida.
Outra medida tomada, o fechamento e interdição de bares no entorno da cracolândia, tem opinião favorável de 56%, e contrária de 41%. Uma fatia de 4% é indiferente ou não opinou. Neste caso, há apoio majoritário também entre os mais jovens (53%).
Para 53% dos paulistanos houve violência contra os usuários de crack na ação realizada na cracolândia, e 37% acreditam que não houve violência. Há ainda 9% que não opinaram e 1% que declarou ser indiferente ao assunto. Na faixa de 16 a 24 anos, 72% veem uso de violência, índice que cai conforme o avanço da faixa de idade e fica em 36% entre os mais velhos. Entre os que estudaram até o ensino fundamenta as opiniões estão divididas: 45% acreditam que houve violência, e 43%, que não houve. Na fatia que estudou até o ensino médio, 54% avaliam que houve violência contra os usuários, índice que sobe para 59% entre quem estudou até o ensino superior.
Consultados sobre o uso de força usada na ação na cracolândia, 47% avaliam que foi utilizada força na medida certa, Para 34%, houve foi usada mais força do que se deveria, e 15% acreditam que foi usada menos força do que se deveria. Uma parcela de 5% não opinou. Entre os homens, 54% avaliam que houve uso de força na medida adequada, índice que cai para 41% entre as mulheres. Entre os mais jovens, 45% avaliam que houve exagero no uso da força, e 40%, que uso de força foi adequada. Na fatia dos mais velhos, 54% veem uso de força na medida certa, e 21%, excesso de força.
A maioria dos paulistanos (64%) avalia que as recentes ações na cracolândia irão resolver o problema do crack na região central da capital. Desses, 51% avaliaram que as ações irão solucionar o problema, mas levará tempo, 11% avaliaram que irão solucionar o problema em pouco tempo e 3%, que as ações já resolveram o problema. Para um terço dos moradores da capital (34%), as recentes ações não irão resolver o problema com o crack e 2% não opinaram.
Não há diferenças significativas entre os que tomaram conhecimento das ações na cracolândia e os que não têm conhecimento, respectivamente, 64% e 60% avaliaram que as recentes ações irão resolver o problema do crack na região e 34%, que não (cada um). Na análise por região da cidade, os menos otimistas com a efetividade das recentes ações na cracolândia são os moradores da região central, enquanto os moradores da região oeste são os mais otimistas: o índice alcança 60% entre os moradores da região central, 62% entre os moradores da região leste, 64% entre os moradores da região sul, 66% entre os moradores da região norte e 69% entre os moradores da região oeste.
Entre os que estão satisfeitos com a gestão Doria (79%) e entre os mais ricos (74%) são observadas as taxas mais altas de otimismo quanto à solução do problema do crack no centro da cidade com as recentes ações na região.
O Datafolha apresentou sete frases quanto às expectativas dos paulistanos com as ações na cracolândia e avaliações sobre o problema do crack e pediu para os entrevistados declararem se concordam ou discordam de cada uma delas. Em cinco delas a maioria se posicionou para uma das respostas e em duas, as opiniões ficaram divididas.
Nove em cada dez (91%) concordaram que a operação na cracolândia irá fazer com que os usuários busquem o crack em outras regiões da cidade (desses, 74% concordaram totalmente e 17% em parte), 1% não concorda nem discorda e 8% discordaram da frase (desses, 2% em parte e 6% totalmente). Oito em cada dez (78%) concordaram que a situação dos usuários de crack é um problema de segurança pública (desses, 53% concordaram totalmente e 25% em parte), 1% não concorda nem discorda e 20% discordaram da frase (desses, 9% em parte e 11% totalmente).
Com índices de concordância próximos aparecem as frases "a situação dos usuários de crack é um problema de saúde pública", com 77% (56% concordaram totalmente e 21% em parte); "para abandonar o crack os usuários precisam mais de força de vontade do que de tratamento médico", com 74% (52% concordaram totalmente e 22% em parte; e "a operação na cracolândia irá fazer com que os usuários diminuam temporariamente o uso de crack, mas sem que busquem necessariamente ajuda para abandonar o vício", com 71% (45% concordaram totalmente e 26% em parte).
Já com relação as frases "a operação na cracolândia irá fazer com que os usuários busquem tratamento para abandonar o vício" e "pessoas boas não se envolvem com droga, como o crack" dividiram as opiniões: respectivamente, 50% concordaram com a primeira frase - entre os menos instruídos o índice sobe para 67% e entre os mais velhos para 65% -, e, 43% concordaram com a segunda frase - entre os mais pobres o índice sobe para 56%.
Na comparação com a pesquisa de janeiro de 2012, também realizada após ação na cracolândia, observa-se que o otimismo com as ações promovidas pela Prefeitura e pelo Governo do Estado, na região, diminuiu. No período cresceu a taxa de paulistanos que concordam que as ações na cracolândia irão fazer com que os usuários de crack diminuam temporariamente o uso do crack, sem que busquem necessariamente ajuda para abandonar o vício (de 60% para 71%). O mesmo ocorreu com o índice dos que concordaram que a operação na cracolândia irá fazer com os que usuários busquem o crack em outras regiões da cidade (de 82% para 91%). Enquanto, a taxa de concordância com que os usuários de crack buscarão tratamento para abandonar o vício após as ações recuou (de 58% para 50%).
Já, as demais frases possíveis de comparação - a situação dos usuários de crack é um problema de saúde pública e a situação dos usuários de crack é uma situação de segurança pública - apresentaram índices estáveis no período.
Uma parcela significativa dos paulistanos responsabiliza os traficantes (29%) e os usuários (22%) pelos problemas que envolvem o crack na capital, em detrimento dos governos - federal (15%), estadual (12%) e municipal (3%). Outras respostas alcançaram 15%, não opinaram são 2% e 1% declarou que ninguém é responsável. Observa-se que a taxa de entrevistados que responsabilizam principalmente os traficantes é mais alta entre os mais velhos do que entre os mais novos, enquanto, a taxa dos que responsabilizam os próprios usuários é mais alta entre os mais jovens do que entre os mais velhos.
Na comparação com a pesquisa de 2012, a responsabilidade dos traficantes cresceu sete pontos (era 22%), enquanto as demais taxas oscilaram no período.
Oito em cada dez entrevistados (80%) são favoráveis à internação compulsória, sobretudo, os mais velhos (87%), os menos instruídos (87%) e os satisfeitos com o governo Doria (90%). Da parcela que é contra à internação compulsória (19%), destacam-se os insatisfeitos com o governo municipal (36%). Há diferenças significativas a respeito da internação compulsória entre as variáveis grau de instrução e faixa etária: o apoio é maior entre os menos instruídos do que entre os mais instruídos e entre os mais velhos do que entre os mais novos.
Na comparação com a pesquisa de 2012 os índices ficaram estáveis (82% era a favor da internação compulsória e 16% contra).
A defesa da internação é mais alta quando a família é a favor da medida. Para 95% se o dependente de crack não demonstra capacidade de tomar decisões por si próprio e a família é favorável a sua internação, o dependente deve ser internado mesmo contra sua vontade. Nesta situação, 5% declararam ser contra a internação. Os resultados são próximos ao de 2012, quando eram, respectivamente, 93% a favor e 6% contra a internação.
A defesa pela internação é alta mesmo quando a família do dependente de crack não é localizada. Nesta situação, 88% são favoráveis a internação, mesmo que o dependente de crack seja avesso, e 11% são contrários à internação. Observa-se que apoio a internação é mais alto entre os mais velhos do que entre os mais novos e entre os menos instruídos do que entre os mais instruídos.
Há cinco anos, os resultados eram próximos: 91% eram a favor e 7% contra.
Os paulistanos estão divididos quanto à possiblidade de erradicar o tráfico e o uso de crack na capital paulista. Para 51%, não é possível e para 49%, é possível. Essa divisão é observada em todos os segmentos. A maior diferença é observada entre os mais instruídos (57% ante 43% entre os menos instruídos). Na comparação com a pesquisa de 2012, o otimismo cresceu (era 42%) e o pessimismo recuou (era 57%).
A metade dos paulistanos (50%) declarou existir nos bairros onde vivem locais como a cracolândia. Uma parcela de 44% declarou não existir e 6% não opinaram. A presença de locais como a cracolândia nos bairros é mais alta entre os mais pobres (57%) do que entre os mais ricos (37%).
Na análise por região da cidade, observa-se diferenças significativas na taxa de entrevistados que declararam haver em seus bairros locais como a cracolândia. A taxa alcança 57% entre os residentes da região leste, 50% entre os residentes da região sul, 49% entre os residentes da região central, 47% entre os residentes da região norte e 36% entre os moradores de região oeste.
Uma pequena parcela dos paulistanos (3%) declarou já ter utilizado crack no passado, sem atualmente fazer uso da droga, ante 97% que declararam nunca terem utilizado. A taxa de paulistanos que já utilizaram crack, mas não fazem mais uso da droga, apresentou uma pequena redução em comparação a de 2012 (era 7%, ante 93% que nunca utilizaram crack). Da parcela que já foi usuária de crack, o tempo médio de uso da droga ficou em 8 anos.
O índice de usuários de crack na família também é baixo, 8% declararam ter atualmente casos na família (mesmo índice de 2012). Em média, os entrevistados declararam que o parente faz uso do crack há 13 anos. A maioria (90%) declarou não ter atualmente casos na família - índice próximo ao de 2012 (era 89%) - e 2% não opinaram (era 3%).
Não são observadas diferenças significativas entre os segmentos.
Avaliação de governo
A taxa de aprovação do prefeito João Doria (PSDB) pelos paulistanos oscilou de 43% para 41% entre o início de abril e o início de junho. Sua taxa de reprovação, no mesmo período, oscilou de 20% para 22%, e os demais consideram o governo do tucano regular (34% atualmente, ante 33% em abril) ou preferiram não opinar (3%).
De 0 a 10, a nota média atribuída ao desempenho de Doria até o momento é 5,7, ligeiramente abaixo da verificada no levantamento anterior (6,0).
Os paulistanos também avaliaram a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), e 27% deles aprovam a administração do tucano. Em levantamento realizado no início de abril, esse índice era de 31%. A reprovação ao governador na capital paulista atinge 31%, mesmo índice verificado na última pesquisa (31%). Há ainda 40% que consideram a gestão Alckmin regular (em abril, 36%) e 2% que não opinaram.
O desempenho do governador tem nota média 4,9 entre os paulistanos, também ligeiramente abaixo de abril (5,3).
Uma parcela de 53% dos moradores da capital paulista avalia que o prefeito João Doria fez, até o momento, menos do que esperavam pela cidade, índice superior ao registrado no início de abril (47%) e em fevereiro (39%). Os demais acreditam que o tucano fez o que esperavam que ele fizesse (24%, ante 28% na pesquisa anterior e 32% em fevereiro), fez mais do que esperavam (18%, ante 20% no início de abril e também em fevereiro), e há aqueles que não opinaram ou deram outras respostas (5%).
Quando consultados sobre as realizações até o momento em seu bairro, 74% avaliam que Doria fez menos do que esperavam, índice também superior ao registrado em abril (67%). Os demais avaliam que o prefeito fez em seu bairro o que esperavam que ele fizesse (12%, ante 17% no levantamento anterior), que fez mais do que o esperado (6%, em nível similar ao índice de 7% da última pesquisa), e 8% não opinaram ou deram outras respostas.