O apoio à democracia como forma de governo segue majoritário entre os brasileiros adultos. Seis em cada dez (62%) concordam que a democracia é sempre a melhor forma de governo, para 22%, tanto faz uma democracia ou uma ditadura, para 12%, em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que um regime democrático e 4% não opinaram.
Em comparação a pesquisa anterior, na semana da eleição do 1º turno do ano passado, a taxa de brasileiros que apoiam a democracia como a melhor forma de governo recuou sete pontos percentuais (era 69%), enquanto cresceu nove pontos percentuais a taxa de indiferentes (era 13%). A parcela de brasileiros que prefere a ditadura à democracia em certas circunstâncias ficou igual (era 12%).
Nesse levantamento, entre os dias 05 e 06 de dezembro de 2019, foram realizadas 2.948 entrevistas presenciais em 176 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro máxima no total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a preferência pela democracia cresce conforme aumenta o grau de instrução (48% entre os menos instruídos ante 85% entre os mais instruídos) e a renda familiar mensal do entrevistado (53% entre os mais pobres ante 81% entre os mais ricos). O índice é também mais alto entre os que se auto classificaram politicamente como de centro (72%), entre os que já ouviram falar do AI-5 (81%) e entre os simpatizantes do PSOL (91%).Já, o índice de indiferentes é mais alto entre os mais pobres (29%), entre os que nunca ouviram falar do AI-5 (29%) e entre os menos instruídos (30%).
Os brasileiros adultos estão divididos quanto às chances do país se tornar novamente uma ditadura. Para 46%, há alguma chance, desses, 21% avaliam que há muita chance e 25% um pouco de chance, e para 49%, não há nenhuma chance. Uma fração de 5% não opinou.
Na comparação com a pesquisa anterior, de outubro de 2018, o índice dos que avaliam que há chances do país se tornar novamente uma ditadura recuou (era 50%, sendo que 31% avaliavam haver muita chance e 19% um pouco de chance), enquanto cresceu a taxa dos que avaliam que não há chances de uma nova ditadura (era 42%).
A taxa dos que avaliam que há chances de uma nova ditadura no país fica acima da média entre os mais pobres (52%), entre os mais jovens (55%), entre os que nunca confiam nas declarações do presidente Jair Bolsonaro (57%), entre os que reprovam o governo Bolsonaro (59%) e entre os simpatizantes do PT (63%). Por outro lado, a taxa dos que avaliam que não há chances de uma nova ditadura fica acima da média entre os mais instruídos (58%), entre os mais ricos (65%), entre os que aprovam o governo Bolsonaro (64%) e entre os que confiam sempre nas declarações do presidente Bolsonaro (67%).
O Datafolha apresentou oito frases sobre ações de um governo autoritário e pediu para os entrevistados informarem se concordam ou discordam de cada uma delas. De maneira geral, a maioria discordou das frases e os índices de discordância subiram ou ficaram estáveis na comparação com a pesquisa anterior, de outubro de 2018. A única exceção foi com relação a frase sobre o fechamento do Congresso, cujo índice de concordância cresceu.
Oito em cada dez (82%) discordam em alguma medida que o governo deveria ter o direito de torturar suspeitos com o intuito de obter confissões ou informações (67% totalmente e 15% em parte) e 15% concordam em alguma medida (7% em parte e 8% totalmente). Ano passado era, respectivamente, 80% e 16%.
Três em cada quatro (75%) discordam que o governo deveria ter o direito de censurar a mídia (61% totalmente e 15% em parte) e 20% concordam (10% em parte e 10% totalmente). Há um ano era, respectivamente, 72% e 23%. Com índices próximos, 73% discordam que o governo deveria ter o direito de proibir greve (55% totalmente e 18% em parte) e 24% concordam (10% em parte e 14% totalmente). Ano passado era, respectivamente, 72% e 24%.
Uma parcela de 67% discorda em alguma medida que o governo deveria ter o direito de proibir a existência de algum partido político (48% totalmente e 19% em parte) e 28% concordam em alguma medida (10% em parte e 18% totalmente). Em comparação ao ano passado, a taxa de discordância cresceu e a taxa de concordância recuou (eram, respectivamente, 61% e 28%).
Quanto ao governo ter o direito de fechar o Congresso, 67% discordam (47% totalmente e 21% em parte) e 26% concordam (9% em parte e 17% totalmente) - esse é o índice mais alto da série.
Há um ano eram, respectivamente, 71% e 21%.
Com índices próximos, 64% discordam que o governo deveria ter direito a prender suspeitos de crimes sem autorização da Justiça (46% totalmente e 18% em parte) e 32% concordam (12% em parte e 20% totalmente). Ano passado era, respectivamente 65% e 32%.
As frases que mais dividiram as opiniões foram: o governo deveria ter o direito de controlar o conteúdo das redes sociais, com 59% de discordância (45% totalmente e 15% em parte) e 36% de concordância (16% em parte e 20% totalmente) - há um ano eram, respectivamente, 52% e 43% -, e, o governo deveria ter o direito de intervir nos sindicatos, com 56% de discordância (40% totalmente e 17% em parte) e 38% de concordância (17% em parte e 21% totalmente) - há um ano eram, respectivamente, 51% e 41%.