Apoio à democracia atinge 75%

DE SÃO PAULO

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Pesquisa Datafolha mostra que o apoio à democracia como a melhor forma de governo segue majoritário entre os brasileiros adultos, e na comparação com o levantamento anterior, de dezembro de 2019, o índice cresceu 13 pontos percentuais. Este é o primeiro levantamento sobre o tema da democracia feito por telefone, todos os demais anteriores da série histórica foram realizados presencialmente, em pontos de fluxo.

Três em cada quatro (75%) concordam que a democracia é sempre a melhor forma de governo (era 62% em dezembro passado), para 12%, tanto faz uma democracia ou uma ditadura (era 22%), para 10%, em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que um regime democrático (era 12%) e 3% não opinaram (mesmo índice anterior). A atual taxa de apoio à democracia é recorde e superou o índice observado em outubro de 2018, no mês da eleição presidencial, quando era 69%. Já, o patamar mais baixo da série foi em fevereiro de 1992, quando era 42%.

Nesse levantamento, nos dias 23 e 24 de junho de 2020, foram realizadas 2.016 entrevistas por telefone, com brasileiros de 16 anos ou mais, que possuem celulares, de todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.

Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a preferência pela democracia é majoritária em todos os segmentos e cresce conforme aumenta o grau de instrução (66% entre os menos instruídos ante 91% entre os mais instruídos) e a renda familiar mensal do entrevistado (69% entre os mais pobres ante 87% entre os mais ricos). O índice é também mais alto entre os que reprovam o governo Bolsonaro (85%, ante 68% entre os que aprovam o governo). Já, o índice de avaliação que em certas circunstâncias é melhor uma ditadura do que uma democracia é mais alto entre os que aprovam o governo Bolsonaro (15%).

Os brasileiros adultos estão divididos quanto às chances do país se tornar novamente uma ditadura. Para 46%, há alguma chance, desses, 21% avaliam que há muita chance e 25% um pouco de chance, e para 49%, não há nenhuma chance. Uma fração de 5% não opinou.

Na comparação com a pesquisa anterior, de dezembro de 2019, os índices ficaram iguais: 46% avaliavam que havia chances de uma nova ditadura no Brasil e 49% que não havia chances.

Observa-se que a parcela que avalia que há chances de uma nova ditadura no país é mais alta entre os mais jovens (55%), entre os que reprovam o governo Bolsonaro (56%) e entre os que avaliam que em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que uma democracia (58%).Por outro lado, da parcela que avalia que não há chance do Brasil se tornar novamente uma ditadura, observam-se índices mais altos entre os homens (57%), entre os mais instruídos (58%), entre os mais ricos (66%) e entre os que aprovam o governo Bolsonaro (61%).

O Datafolha apresentou nove frases sobre ações de um governo autoritário e mediu a taxa de concordância sobre cada uma delas. De maneira geral, observa-se que aumentou o índice de brasileiros que rejeitam medidas autoritárias na comparação com a pesquisa anterior, de dezembro de 2019. Observa-se entre os eleitores do presidente maior apoio à medidas antidemocráticas do que no total da população.

A maioria (86%) discorda em alguma medida que o governo deveria ter o direito de torturar suspeitos com o intuito de obter confissões ou informações (73% totalmente e 13% em parte) e 12% concordam em alguma medida (5% em parte e 7% totalmente). O índice de discordância é o mais alto da série histórica e vem crescendo aos poucos ao longo do tempo. Em 2014, 78% discordavam, passou para 80% em 2018 e para 82% em 2019.

Oito em cada dez (81%) discordam que o governo deveria ter o direito de proibir greve (59% totalmente e 22% em parte) e 17% concordam (7% em parte e 10% totalmente). Esse índice é o mais alto da série histórica e cresceu em comparação ao ano passado, quando 73% discordavam e 24% concordavam. No primeiro levantamento, em 2008, 62% discordavam e 30% concordavam.

Uma fração de 80% discorda que o governo deveria ter o direito de censurar a mídia (64% totalmente e 16% em parte) e 18% concordam (8% em parte e 10% totalmente). Em dezembro do ano passado os índices eram, respectivamente, 75% e 20%. Entre os eleitores de Bolsonaro, o índice dos que concordam com a censura a jornais, rádios e TV alcança 25%.

Três em cada quatro (78%) discordam que o governo deve ter o direito de fechar o Congresso (59% totalmente e 20% em parte) e 18% concordam (7% em parte e 11% totalmente). O índice de discordância é o mais alto da série histórica e cresceu em comparação ao ano passado, quando 67% discordavam e 26% concordavam. Entre os eleitores de Bolsonaro, 24% concordam em alguma medida, que o governo deveria ter o direito de fechar o Congresso Nacional, 16% concordam totalmente e 9% em parte.