A reprovação ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) subiu de 45% em maio para 51% na primeira semana de julho, a taxa mais alta registrada pelo Datafolha desde que o presidente tomou posse, há dois anos e seis meses. A aprovação à gestão Bolsonaro, entre maio e julho, ficou estável, em 24%, e o crescimento de sua avaliação negativa veio com a queda do percentual dos que classificam seu governo como regular, de 30% para 24%. Há ainda 1% preferiu não opinar sobre o tema.
Na primeira pesquisa feita pelo Datafolha para avaliar o governo Bolsonaro, no início de abril de 2019, sua taxa de aprovação era de 32%, e parcelas similares o reprovavam (30%) ou o classificavam como regular (33%). As taxas mais altas de avaliação positiva da gestão do atual presidente foram registradas em agosto e dezembro de 2020 (37% em ambas as avaliações), e a taxa negativa mais elevada, numericamente, foi a registrada no último mês de maio.
Entre maio e julho, a reprovação à gestão de Jair Bolsonaro teve alta ou variação para cima em quase todos os segmentos sociodemográficos relevantes da população, e as exceções envolvem as faixas de renda mais alta: na parcela com renda mensal familiar de 5 a 10 salários, sua reprovação recuou de 47% para 41%, e entre quem tem renda familiar acima de 10 salários variou de 63% para 58% (mesmo com essa queda, os mais ricos formam o segmento que mais reprova o governo). Juntos, esses dois grupos representam 10% dos brasileiros com 16 anos ou mais. Na outra ponta, estão os 57% de pessoas com renda familiar de até 2 salários, e foi neste segmento, mais numeroso, que Bolsonaro viu sua taxa de reprovação crescer com mais intensidade, de 45% para 54%. A alta na avaliação ruim ou péssima do presidente também foi de nove pontos entre os menos escolarizados (de 40% para 49%) e na região Nordeste (51% para 60%).
De forma geral, a avaliação negativa do governo Bolsonaro também segue mais alta entre mulheres (56%) do que homens (44%), na parcela dos mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos (56%, ante 45% entre aqueles com 60 anos ou mais), entre brasileiros que estudaram até o ensino superior (58%, contra 49% entre aqueles que estudaram até o ensino médio ou fundamental). Na parcela que se declara de cor preta, 57% reprovam o governo do atual presidente. Entre os brasileiros que se declaram homossexuais e bissexuais, a reprovação à gestão Bolsonaro atinge 72%.
Os empresários formam o único segmento em que Bolsonaro tem aprovação (49%) numericamente superior à reprovação (36%). Entre os evangélicos, 37% avaliam a gestão do presidente como ruim ou péssima, e para 34% é ótima ou boa.
52% veem bolsonaro como desonesto, e 59%, como incompetente
No início de abril de 2019, mais brasileiros consideravam o presidente Jair Bolsonaro sincero (59%) do que falso (35%). Pouco mais de dois anos depois, essa imagem mudou: 55% o avaliam como falso, e 39%, como sincero. Essa mudança de percepção da opinião pública sobre a qualidades pessoais do presidente já havia sido parcialmente captada pelo Datafolha em junho do ano passado, quando 48% o apontavam como sincero, e 46%, como falso. E outros itens reforçam esse movimento.
A avaliação de que Bolsonaro é decidido era compartilhada por 56% em 2019, por 46% em 2020, e agora por 41%. No mesmo intervalo, a taxa dos que o veem como indeciso subiu 42% para 53%, e agora é de 57%.
Em março de 2019, 52% viam Bolsonaro como preparado, e 44%, como despreparado. Esses índices passaram para 38% e 58%, respectivamente, em junho de 2020, e agora estão em 34% e 62%.
A parcela dos que viam o presidente como muito inteligente no início do mandato (58%) já havia se tornado minoritária em junho do ano passado (40%), e essa percepção se mantém: 39% agora o consideram muito inteligente, e para 57% ele é pouco inteligente (em junho de 2019, 54%).
Dois em cada três brasileiros (66%) classificam Bolsonaro como autoritário, índice similar ao registrado em junho de 2020 (64%) e superior a abril de 2019 (57%). Para 28%, o presidente é democrático (ante 30% em 2020 e 37% em 2019).
Também é de 66% o índice de brasileiros que avaliam que o presidente respeita mais os ricos, e há 17% que consideram que ele respeita mais os pobres. Em junho do ano passado, esses índices eram de 58% e 18%, respectivamente, e em abril de 2019, de 57% e 24%.
Duas questões, sobre a honestidade e a competência do presidente, foram aplicadas em junho de 2020 e repetidas agora, e os resultados mostram queda na percepção de que Bolsonaro é honesto (de 48% para 38%) e competente (de 44% para 36%), e altas respectivas na avaliação de que seja desonesto (de 40% para 52%) e incompetente (de 52% para 58%). Entre aqueles que votaram em Bolsonaro no 2º turno da eleição de 2018, 71% o consideram honesto, e 21%, desonesto.