49% têm posições de esquerda, índice mais alto desde novembro de 2013

DE SÃO PAULO

Baixa a pesquisa completa

Pesquisa Datafolha mostra que o perfil ideológico dos eleitores mudou em comparação ao observado em 2017, quando se trata de comportamento, valores e economia. Naquela data, havia uma divisão mais equitativa entre esquerda e direita na população, e agora, há uma parcela maior de brasileiros que se identificam com o espectro político de esquerda. Para chegar a essa classificação de esquerda e direita, o Datafolha consultou os brasileiros adultos sobre uma série de questões envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos, e partir daí os posicionou em duas escalas, de comportamento e pensamento econômico, dentro das quais os entrevistados foram segmentados em esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita. A união dos resultados dessas escalas resultou em uma escala geral de posicionamento ideológico, definida pela mesma segmentação.

A mudança de perfil em direção à esquerda - já observada em 2017, ainda de forma menos acentuada - se deve, principalmente, ao crescimento da taxa daqueles que se identificam mais à esquerda e à queda na taxa daqueles que se identificam como centro-direita. A parcela identificada com a esquerda alcançou o índice mais alto da série histórica, iniciada em 2013, 49% (eram 41% em 2017 e 35% em 2014), desses, 17% estão mais ao extremo do espectro político (eram 10% em 2017) e 32% mais à centro-esquerda (eram 31% em 2017).

Já, 17% se identificam com o centro político (eram 20% em 2017 e em 2014) e 34% com o espectro político de direita - esse é o índice mais baixo da série histórica (era 40% em 2017 e 45% em 2014) -, desses, 9% se identificam mais ao extremo do espectro político (eram 10% em 2017) e 24% à centro-direita (eram 30% em 2017).

Na comparação com pesquisas anteriores, observa-se que a maior taxa de brasileiros identificados com o espectro político de direita ocorreu em setembro de 2014, quando era 45% - ante 35% daqueles que se identificavam com a esquerda.

Quando se considera de forma conjunta esquerda e centro-esquerda e se analisa por perfil sócio demográfico, observam-se índices de identificação com espectro político de esquerda mais altos entre as mulheres do que entre os homens (55%, ante 42%), entre os que têm 16 a 24 anos (67%, ante 39% entre os que têm 60 anos ou mais) e entre os mais instruídos (55%, ante 42% entre os menos instruídos). Por outro lado, quando se considera de forma conjunta direita e centro-direita, observa-se índices de identificação com o espectro político de direita mais altos entre os homens do que entre as mulheres (41%, ante 27%), entre os que têm 60 anos ou mais (41%, ante 19% entre os que têm 16 a 24 anos) e entre os que possuem renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos (50%, ante 31% entre os mais pobres).

A diminuição da parcela de direita na população está ligada, principalmente, ao crescimento do apoio a posições mais identificadas com a esquerda no campo de comportamento e valores. Considerando somente a escala de comportamento e valores, a parcela de brasileiros identificados com a esquerda cresceu e registrou o índice mais alto da série histórica, 42% (eram 31% em 2017 e 24% em 2014), enquanto a parcela de direita recuou e alcançou o índice mais baixo da série, 39% (eram 47% em 2017 e 55% em 2014). O centro político se mostra estável, em 20% (eram 22% em 2017 e 21% em 2014).

De forma menos acentuada, observa-se a mesma tendência no campo do pensamento econômico. Considerando-se apenas essa escala, a parcela identificada com a esquerda cresceu e registrou o índice mais alto da série, 50% (eram 44% em 2017 e 43% em 2014). Já, a parcela identificada com a direita recuou e registrou a taxa mais baixa da série, 25% (eram 28% em 2017 e 30% em 2014). O grupo identificado com o centro político ficou estável, em 25% (eram 28% em 2017 e 27% em 2014).