Na primeira avaliação de seu governo realizada pelo Datafolha, dois meses após assumir, Temer larga com aprovação similar à de Dilma antes de deixar o cargo: atualmente, 14% consideram a gestão do peemedebista ótima ou boa; no início de abril, 13% tinham a mesma opinião sobre o governo da petista. Os índices de reprovação, porém, são diferentes: o governo de Temer é visto como ruim ou péssimo por 31%, cerca de metade do índice atribuído a Dilma (65%) antes de ser afastada. Essa diferença é explicada pelo índice dos que consideram a gestão de Temer regular (42%), em patamar superior ao obtido pela petista (24%). Uma parcela de 13% não soube opinar sobre a gestão do interino.
A comparação da avaliação de Temer com o início do governo de Itamar Franco mostra uma aprovação inicial maior do mineiro à frente da Presidência: em dezembro de 1992, dois meses após assumir no lugar de Fernando Collor, a gestão de Itamar era considerada ótima ou boa por 34%, regular por 45% e ruim ou péssima por 11%, com outros 11% sem opinião sobre o assunto.
Temer tem aprovação acima da média entre os mais ricos (23%) entre simpatizantes do PSDB (38%) e PMDB (27%). Entre os que têm o PT como partido preferido, a reprovação ao peemedebista sobe pra 45%.
De 0 a 10, a nota média atribuída ao desempenho de Temer até o momento é 4,5.
Um em cada três brasileiros (33%) não sabe o nome do atual ocupante do cargo da Presidência da República, e 65% respondem corretamente que Michel Temer é o ocupante do cargo, além de 2% que citaram nomes errados.
O afastamento definitivo de Dilma Rousseff pelo Senado é defendido por 58% dos brasileiros, e 35% se opõem à saída. Há ainda 3% que declaram ser indiferentes em relação à situação, e 3% não opinaram. Em abril deste ano, quando consultados sobre o afastamento da petista pela Câmara dos Deputados, 61% defendiam o impedimento da presidente, e 33% eram contrários à medida.
Independente da posição sobre o assunto, 71% acreditam que Dilma será afastada definitivamente da Presidência da República, e para 22% ela não será afastada. Há ainda 7% que preferiram não opinar.
Entre a volta de Dilma e a continuidade de Temer à frente do governo, 50% avaliam que, para o Brasil, seria melhor que o peemedebista continuasse no cargo até 2018, e 32% gostariam que Dilma voltasse. Uma parcela de 9% não opinou, e outros 9% apontaram outras respostas.
Corrupção é principal problema do país para 32%
Uma parcela de 32% dos brasileiros cita espontaneamente a corrupção como o principal problema do país atualmente, índice inferior ao registrado em março deste ano, quando 37% tinham a mesma opinião. Na sequência aparecem a área da saúde (17%, mesmo índice de março), desemprego (16%, ante 14% em março; é o índice mais alto para a categoria desde março de 2009), violência e falta de segurança (6%, ante 4% em março), educação (6%, ante 5% em março), economia (4%, ante 7% em março), inflação (3%, mesmo índice anterior) e fome/miséria (2%) e políticos (2%), entre outros com 1% ou menos das citações.
Em dezembro de 2014, após a reeleição de Dilma, 43% viam a saúde como principal problema do país, e 18%, a violência e insegurança. Só então apareciam a corrupção (9%), com o mesmo índice da educação, e o desemprego (4%).
A corrupção atinge níveis acima da média entre os brasileiros mais ricos e mais escolarizados e cede espaço para saúde e desemprego entre os menos escolarizados e mais pobres. Entre os que cursaram o ensino superior, 47% veem a corrupção como o principal problema do país; na parcela com renda mensal familiar de 5 a 10 salários, esse índice é de 48%; entre quem mora em domicílio com renda superior a 10 salários, fica em 49%.
No segmento de brasileiros que estudaram até o ensino fundamental, 22% consideram a corrupção o principal problema do país, índice similar ao verificado para a área da saúde (25%) e igual ao do desemprego (22%). Na parcela dos que vivem em domicílios com renda mensal de até 2 salários, 23% citam a corrupção como maior problema nacional, em patamar similar à área da saúde (21%) e ao desemprego (22%).
Entre aqueles que consideram o governo Temer ótimo ou bom, 29% veem a corrupção como principal problema, e 22%, o desemprego. Na parcela que considera o governo do peemedebista regular, 35% citam a corrupção como maior problema. Entre quem o avalia como ruim ou péssimo, 32% têm a mesma opinião.
Os potenciais eleitores de Lula na disputa presidencial, considerando o quadro em que Aécio é candidato pelo PSDB, se dividem quanto ao principal problema do país: 26% indicam a corrupção, 21%, o desemprego, e 17%, a saúde. Entre aqueles que preferem Marina, 32% citam a corrupção, 17%, o saúde, e 16%, o desemprego. No segmento que opta por Aécio, a corrupção é mencionada por 27%, e em seguida aparecem desemprego (18%) e saúde (17%). Entre aqueles que preferem Jair Bolsonaro na Presidência, a corrupção atinge 50%, a saúde fica com 11%, e o desemprego, com 4% das indicações.
Em consulta sobre a atuação o juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato, 62% avaliaram sua atuação como ótima ou boa, 16%, como regular, 13%, como ruim ou péssima, e 10% não souberam opinar. Entre os homens, 70% aprovam o desempenho do juiz, ante 54% entre as mulheres. Na parcela dos mais escolarizados, 74% aprovam o trabalho de Moro, índice que fica em 53% entre os que estudaram até o ensino fundamental (neste segmento, sobe para 16% a taxa dos que não souberam opinar).
A discussão sobre o conteúdo desta pesquisa foi publicada em matéria da Folha.