Lula mantém liderança, mas com menor vantagem em relação a Alckmin. Presidente estaria reeleito no primeiro turno hoje; porém, simulação de segundo turno mostra avanço de peessedebista
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A primeira pesquisa de intenção de voto para a Presidência realizada após o PMDB definir que não vai participar da disputa mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua favorito e estaria reeleito hoje, sem necessidade de segundo turno. Se a eleição fosse realizada hoje, 46% dos eleitores brasileiros votariam pela reeleição do petista. Votariam no ex-governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), 29%. A senadora Heloisa Helena (PSOL) seria a opção de 6%. Cristovam Buarque (PDT), Rogério Vargas (PSC) e José Maria Eymael (PSDC) têm 1% das intenções de voto, cada. As menções a Luciano Bivar (PSL) e Rui Costa Pimenta (PCO) não chegam a 1%.
Não é possível comparar essa pesquisa com a realizada em maio, porque, naquela ocasião, Enéas (PRONA) e Roberto Freire (PPS) ainda constavam como possíveis candidatos, e tinham, respectivamente, 4% e 2% das intenções de voto. O cenário apresentado aos eleitores entrevistados pelo Datafolha na pesquisa atual, realizada nos dias 28 e 29 de junho, é o mais provável de se confirmar em outubro.
Naquela ocasião, Lula, com 45% das intenções de voto em um cenário sem candidato do PMDB, tinha uma vantagem de 23 pontos sobre Alckmin, que contava com 22% das preferências. Hoje, sem o PMDB, e sem Enéas e Roberto Freire, a vantagem do petista é de 17 pontos percentuais. Menor, mas ainda suficiente para uma vitória já no primeiro turno: excluídos votos brancos, nulos e os indecisos, Lula teria hoje 54% dos votos válidos. Alckmin ficaria com 35%.
Entre os eleitores que participam, ou que têm um familiar que participa de programas sociais do governo, como o Bolsa-Família, a intenção de voto em Lula chega a 56%. Entre os que têm renda familiar até dois salários mínimos nesse segmento essa taxa é de 58%.
A vantagem de Lula em um eventual segundo turno contra Alckmin caiu de 17 pontos percentuais em maio para 11 pontos hoje. Na pesquisa anterior, o petista tinha 52% e o peessedebista 35% na simulação de segundo turno. Hoje, o presidente estaria reeleito com 51%, e o ex-governador ficaria com 40%.
Na simulação de segundo turno, Alckmin ganhou pontos principalmente na região Sul: passou de 39% para 52%, ou seja, um crescimento de 13 pontos percentuais. Por outro lado, Lula perdeu sete pontos entre os eleitores dessa região, passando de 41% para 34% das intenções de voto. O petista mantém sua vantagem no Nordeste, batendo o peessedebista em um eventual segundo turno por 69% a 24%.
Entre os eleitores com escolaridade superior, Alckmin, com 53%, supera Lula, que obtém 38%, nessa simulação de segundo turno. Em maio ocorria empate: o peessedebista tinha 43% e o petista obtinha 42%. Entre os que têm escolaridade fundamental, Lula manteve os 56% obtidos em maio e Alckmin foi de 31% para 34%.
Lula ganhou seis pontos percentuais entre os que têm renda acima de 10 salários mínimos, passando de 35% para 41% das intenções de voto, diminuindo um pouco sua desvantagem em relação a Alckmin nesse segmento, no qual o ex-governador paulista se mantém com 48%.
Entre as mulheres, Alckmin ganhou nove pontos percentuais, passando de 34% para 43%, enquanto Lula foi de 50% para 47% no eleitorado feminino.
Alckmin também ganhou pontos no que diz respeito à intenção de voto espontânea, ou seja, quando o eleitor diz em quem gostaria de votar para presidente sem que lhe sejam apresentados possíveis nomes para a disputa em um cartão circular. Em maio, 9% diziam que gostariam de votar no peessedebista; essa taxa hoje é de 15%. A intenção de voto espontânea em Lula também subiu, de 31% para 35%.
Apesar de favorito, Lula têm um expressivo percentual de rejeição: cerca de um terço (31%) dos eleitores brasileiros não votariam de jeito nenhum nele no primeiro turno da eleição para presidente. Entre os eleitores com nível superior de escolaridade essa taxa chega a 46%, mesmo percentual verificado entre os que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos. Seu principal rival, Geraldo Alckmin, tem rejeição 12 pontos menor (19%), similar à taxa obtida por Heloisa Helena (21%). Rui Costa Pimenta é rejeitado por 18% e não votariam em José Maria Eymael, Cristovam Buarque e Rogério Vargas, 17% dos eleitores, cada. Descartariam totalmente Luciano Bivar 16%. Votariam em qualquer um dos possíveis candidatos listados na pesquisa 10% e não votariam em nenhum deles 4%.
No Nordeste, a rejeição a Lula fica 13 pontos abaixo da média (é de 18%), enquanto as taxas dos que não votariam de jeito nenhum em Heloisa Helena (30%) nem em Geraldo Alckmin (26%) ficam acima da média nacional.
Um em cada cinco (20%) dos eleitores brasileiros afirmam não ter nenhum interesse pela eleição para presidente deste ano. Dizem ter grande interesse 36%, médio interesse 32% e pequeno interesse 11%.
O Datafolha indagou os eleitores sobre a principal qualidade e o principal defeito dos dois candidatos à Presidência que lideram a disputa hoje, ou seja, Lula e Geraldo Alckmin.
Para 10%, a principal qualidade do presidente Lula é ajudar os pobres. Entre os que declaram intenção de votar no petista essa taxa chega a 16%, mesma taxa verificada entre os eleitores que moram no Nordeste. Para 6% ele é uma pessoa humilde. Acham que a honestidade é a principal qualidade de Lula 5%. Foram citadas, ainda, entre outras qualidades: ser trabalhador (4%), ter criado o Bolsa Família, ser um homem bom, determinado e um bom governante (2% das menções cada). A maior parte, porém, acha que Lula não tem uma qualidade sequer (18%) ou não sabe citar uma (22%).
Em relação a Geraldo Alckmin, 52% não sabem citar uma qualidade e 7% acham que ele não tem uma sequer. Algumas das qualidades citadas são honestidade (6%), ser trabalhador (5%), um bom administrador (4%), inteligente (2%). Entre os que pretendem votar no peessedebista 15% afirmam que sua principal qualidade é ser honesto e 10% que ele é trabalhador.
Quando se trata do principal defeito, 7% dizem que Lula é mentiroso, mesmo percentual dos que acham que ele é corrupto ou conivente com a corrupção. Entre os que declaram intenção de votar na ex-petista Heloisa Helena, a taxa dos que dizem que o principal defeito de Lula é ser mentiroso chega a 19%. Vêm a seguir, entre outros defeitos citados, não cumprir o que promete (6%), viajar demais (4%), falar demais (3%), não ter autoridade, ser ingênuo e a ideia de que ele nunca sabe de nada (2%, cada). Um quarto (25%) dos entrevistados não sabe citar algum defeito de Lula e 14% acham que ele não tem qualquer defeito.
A taxa dos que não sabem dizer qual o principal defeito de Geraldo Alckmin chega a 67%; para 14% ele não tem nenhum defeito. Entre alguns dos defeitos apontados pelo eleitorado estão ser mentiroso (2%), arrogante, falar muito, ser do PSDB e ser corrupto (1%, cada).