Descrição de chapéu Datafolha

Marta ganha quatro pontos e divide liderança com Alckmin em todos os possíveis cenários; Alckmin e Kassab oscilam dentro da margem de erro

DE SÃO PAULO

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A primeira pesquisa de intenção de voto realizada pelo Datafolha após a definição de que a ex-prefeita e atual ministra do Turismo, Marta Suplicy, será a candidata do PT à prefeitura de São Paulo, contando com o apoio explícito do presidente Lula, mostra fortalecimento do nome da petista na disputa. O levantamento, realizado nos dias 25 e 26 de março, mostra que Marta divide a liderança com o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, em todos os cenários pesquisados, sendo que, no principal deles, ela ganhou quatro pontos percentuais.

Na pesquisa anterior, realizada em fevereiro, Alckmin liderava sozinho em dois cenários e ocorria empate entre o peessedebista e a petista em dois. Marta liderava sozinha apenas quando o nome do tucano era retirado da lista de pré-candidatos.

No primeiro cenário investigado, que considera a cada vez mais provável hipótese de que PSDB e DEM não repitam a parceria da eleição de 2002, Marta Suplicy ganhou quatro pontos percentuais, subindo de 25% para 29% das intenções de voto. Nesse cenário, Alckmin oscilou um ponto para baixo, de 29% para 28%. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) oscilou um ponto para cima, de 12% para 13% das preferências. Paulo Maluf (PP) oscilou de 10% para 8% e Luiza Erundina (PSB) passou de 8% para 7% das intenções de voto.

Paulinho (PDT) se manteve com 3%, Soninha (PPS) oscilou de 2% para 1% e Aldo Rebelo (PC do B) permanece com 1% das preferências. Ivan Valente (PSOL) e Zulaiê Cobra (PHS) foram citados, mas não atingem 1% das preferências, taxa que obtinham na pesquisa de fevereiro.

Foram ouvidos 1089 moradores da cidade de São Paulo, a partir dos 16 anos de idade, e a margem de erro máxima, para o total da amostra, é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Um segundo cenário, que considera Paulo Maluf fora da disputa, também permite comparação com a pesquisa anterior. Nessa hipótese, Geraldo Alckmin se manteve com 30% e Marta Suplicy oscilou de 28% para 29% das intenções de voto. Gilberto Kassab variou de 13% para 15% e Luiza Erundina continuou com 9%. Também oscilaram, dentro da margem de erro, Paulinho (de 4% para 3%), Soninha (de 2% para 1%) e Ivan Valente (tinha 1%, percentual que não chega a obter hoje). Aldo Rebelo e Zulaiê Cobra se mantém com 1%, cada, nesse cenário.

Sem Luiza Erundina, mas com Paulo Maluf disputando, Marta atinge 30% e Alckmin obtém 29% das intenções de voto. Kassab tem 15% das preferências e Maluf fica com 9% nessa hipótese. Vêm a seguir Paulinho (3%), Soninha (2%), Aldo Rebelo, Zulaiê Cobra (1%, cada) e Ivan Valente (que não chega a 1% das menções).

Um último cenário exclui os nomes de Erundina e Maluf. Nesse caso, Marta e Alckmin atingem 32%, cada, e Kassab chega a 17%. Completam o cenário Paulinho (4%), Soninha, Aldo Rebelo (2%, cada), Zulaiê Cobra (1%) e Ivan Valente (novamente, não atinge 1% das menções).

O fortalecimento do nome de Marta é confirmado pelo resultado da intenção de voto espontânea, que se refere às menções feitas antes da apresentação, aos entrevistados, dos cartões circulares com os nomes dos pré-candidatos. Em novembro do ano passado, a petista era citada espontaneamente por 7% dos entrevistados. Essa taxa oscilou para 10% em fevereiro e, hoje, é cinco pontos maior, tendo chegado a 15%. Kassab, por sua vez, oscilou de 10% em novembro para 11% em fevereiro, marca que mantém hoje. Alckmin tinha 4%, oscilou para 6% e chega hoje a 8%, ou metade do percentual de menções espontâneas obtido por sua principal adversária.

Entre os de maior renda, Marta e Kassab sobem, e Alckmin cai
61% dos simpatizantes do PSDB têm intenção de votar em Alckmin; 18% preferem Kassab

O segmento no qual se verificou a maior variação em relação ao levantamento de fevereiro foi aquele dos que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos (que representa 11% da população). Nesse estrato, Marta Suplicy ganhou nove pontos percentuais, passando de 15% para 24%. Gilberto Kassab teve evolução idêntica à registrada pela petista. Geraldo Alckmin, por sua vez, perdeu 12 pontos percentuais nesse estrato, caindo de 40% para 28%. Assim, ocorre, hoje, um empate entre os três principais pré-candidatos à prefeitura no segmento de maior renda.

No segmento dos que ganham entre dois e cinco salários mínimos, Marta ganhou sete pontos percentuais, passando de 25% para 32%, ficando agora cinco pontos à frente de Alckmin, que oscilou de 28% para 27% nesse estrato. A maior vantagem da petista sobre o tucano, no que se refere à estratificação por renda, se dá entre os que têm renda até cinco salários mínimos (32% a 27%). Alckmin fica dez pontos à frente de Marta (35% a 25%) entre os que se situam na faixa de renda que vai de cinco a dez salários mínimos.

No que diz respeito à escolaridade, Marta ganhou oito pontos percentuais entre os que têm o ensino médio (subiu de 26% para 34%), segmento no qual Alckmin perdeu cinco pontos (passou de 32% para 27%). Entre os que têm escolaridade fundamental, a petista oscilou dois pontos para cima (de 26% para 28%) e o tucano variou um ponto para cima (de 25% para 26%), persistindo assim o empate entre os dois. Entre os que têm nível superior de escolaridade, os três principais pré-candidatos tiveram oscilações positivas. Nesse segmento, Alckmin, que vinha perdendo pontos (chegou a ter 43% em agosto do ano passado), lidera, com 34%. Kassab, com 22%, e Marta, com 19%, seguem na disputa pelo segundo lugar na preferência dos mais escolarizados.

Se a discussão sobre candidatura própria ou preservação da aliança com o DEM vem dividindo os políticos do PSDB, os simpatizantes do partido ouvidos pelo Datafolha demonstram, em sua maioria, preferir um vôo solo: 61% dos que declaram o PSDB como partido de preferência têm intenção de votar em Geraldo Alckmin, ante 18% que preferem Gilberto Kassab (percentuais que se referem ao cenário principal da pesquisa).

A pesquisa também mostra que, entre os que consideram o desempenho de Gilberto Kassab ótimo ou bom, ocorre empate entre ele (31%) e Geraldo Alckmin (29%). Já entre os moradores da cidade que aprovam o desempenho do presidente Lula, a ministra Marta Suplicy atinge 38% (nove pontos acima da média), ficando à frente de Alckmin (22%, ou seis pontos abaixo da média). Kassab fica com 14%, percentual dentro da média.

Rejeição e simulações de segundo turno mostram estabilidade
Exceção é aumento da vantagem de Marta sobre Kassab em hipotético segundo turno

Marta Suplicy ganhou pontos no que diz respeito à intenção de voto, mas seu nome continua enfrentando rejeição de parcela significativa da população. A taxa de rejeição à petista é o dobro da obtida por seu principal adversário, Geraldo Alckmin. O percentual dos que não votariam de jeito nenhum na petista oscilou um ponto para cima, de 28% em fevereiro para 29% hoje. A rejeição a Alckmin, que era de 14% em fevereiro, oscilou para 15% hoje.

Gilberto Kassab tem um percentual de rejeição similar ao de Marta: 27% não votariam de jeito nenhum pela reeleição do atual prefeito (eram 26% em fevereiro).

Paulo Maluf continua enfrentando a maior resistência entre os possíveis candidatos a prefeito. A taxa dos que não votariam de jeito nenhum nele, no primeiro turno da eleição para prefeito, oscilou de 52% em fevereiro para 51% hoje.

A taxa dos que não votariam de forma alguma em Luiza Erundina oscilou de 21% para 23%.

Aldo Rebelo e Paulinho obtém 12% de rejeição, cada. Não votariam de jeito nenhum em Zulaiê Cobra 11%, e Soninha e Ivan Valente são rejeitados por 10%, cada.

A simulação de um segundo turno entre Marta Suplicy e Geraldo Alckmin continua mostrando vitória do tucano. Os resultados são praticamente idênticos aos registrados em fevereiro: votariam em Alckmin 53%, ante 41% que dariam seu voto a Marta. No levantamento anterior, o peessedebista obtinha 52% e a petista ficava com 40% das preferências.

Também praticamente não houve mudança no que se refere a uma hipotética disputa entre Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab. Nesse caso, o peessedebista teria 59% (mesmo percentual que obtinha em fevereiro) e o atual prefeito ficaria com 27% (26% no levantamento anterior).

A única simulação de segundo turno que registrou alterações acima da margem de erro foi a que considera a hipótese de enfrentamento entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab. A vantagem da petista sobre o provável candidato à reeleição subiu de 11 para 16 pontos percentuais. Em fevereiro, ela venceria por 50% a 39%; hoje, a vitória seria por 53% a 37%.

No caso de um segundo turno entre Geraldo Alckmin e Marta Suplicy, o tucano contaria, hoje, com o apoio da maioria dos que votariam em Gilberto Kassab (69%) e em Paulo Maluf (61%) no primeiro turno. Entre os que votariam em Luiza Erundina, por outro lado, 60% declaram que dariam seu voto à ministra do Turismo em um segundo turno contra Alckmin.

Se a disputa ficasse entre Marta e Kassab, 52% dos que votariam em Alckmin no primeiro turno dariam seu voto ao prefeito do DEM. Se fossem Alckmin e Kassab a disputar, 59% dos potenciais eleitores de Marta optariam pelo tucano no segundo turno.

Maioria acha que Serra deveria apoiar Alckmin
Entre simpatizantes do PSDB, defesa de apoio a ex-governador chega a 80%

Levados a considerar a hipótese de que tanto Gilberto Kassab quanto Geraldo Alckmin concorram à Prefeitura de São Paulo na eleição deste ano, 60% dos entrevistados opinam que o governador José Serra deveria dar seu apoio a seu companheiro de partido. Para 25% ele deveria apoiar Kassab, que foi seu vice e o substituiu na Prefeitura quando o tucano deixou o cargo para concorrer ao governo estadual. Acham que Serra deveria apoiar os dois 3% e dizem que ele não deveria apoiar nenhum dos dois 9%. Entre os simpatizantes do PSDB a taxa dos que dizem que Serra deveria apoiar Alckmin chega a 80%.

Indagados sobre como reagiriam caso soubessem que o seu candidato a prefeito, mesmo sendo eleito, tem planos para ficar dois anos na Prefeitura, e então deixar o cargo e concorrer à Presidência em 2010, 51% afirmam que mudariam seu voto; 44% votariam nele mesmo assim. Entre os que têm intenção de votar em Geraldo Alckmin, os resultados são o inverso do que se verifica entre o total de entrevistados: 52% votariam nele mesmo sabendo que o tucano teria planos de deixar a Prefeitura para concorrer à Presidência e 43% mudariam o voto caso soubessem dessa ambição. Entre os que pretendem votar em Marta ou em Kassab os resultados ficam dentro da média.

Quando se considera a troca da prefeitura por uma candidatura ao governo do Estado, as opiniões se dividem: 48% votariam em um candidato que tivesse esse plano e 47% mudariam o voto. Nesse caso, 59% dos que têm intenção de votar em Alckmin e 53% dos que pretendem votar em Kassab votariam neles mesmo se soubessem que eles têm tal plano. Já entre os que têm intenção de votar em Marta Suplicy, 52% deixariam de votar nela caso tivessem conhecimento de suas pretensões ao governo do Estado.

A maior parte dos moradores da cidade de São Paulo continua declarando indiferença tanto ao apoio do presidente Lula quanto ao do governador José Serra nas eleições deste ano. Porém, essa indiferença está ligeiramente menor do que era em fevereiro.

No caso do presidente, 55% dizem que o apoio de Lula a um candidato a prefeito nas eleições deste ano seria indiferente, 23% afirmam que não votariam em um candidato apoiado por ele e 17% dizem que poderiam ser levados a escolher esse candidato. No levantamento anterior, 58% se diziam indiferentes, 24% não votariam em um candidato com o apoio presidencial e 15% poderiam ser levados a votar nele.

No que se refere ao governador paulista, a taxa dos que se dizem indiferentes a seu apoio a um candidato a prefeito caiu cinco pontos em relação a fevereiro, tendo passado de 53% para 48%. Essa queda reflete a oscilação dos percentuais dos que dizem que o apoio de Serra faria com que não votassem no candidato (de 22% para 24%) e dos que afirmam que esse apoio poderia resultar em um motivo para votar nele (de 23% para 25%).

Entre os que têm intenção de votar em Marta Suplicy, a taxa dos que dizem que poderiam ser levados a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula é de 25%, oito pontos acima da média. Entre os que pretendem votar em Geraldo Alckmin, 38% afirmam que o apoio de Serra poderia ser um motivo para votar em um candidato a prefeito (13 pontos acima da média); essa taxa é de 29% entre os que têm intenção de votar em Gilberto Kassab (quatro pontos acima da média).

São Paulo, 28 de março de 2008.