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Número de menções a carteira de trabalho explode após provocação de Marçal em debate

Viralizaram nas redes imagens do empresário provocando Boulos; volume de citações ao documento superou até quantidade de posts sobre alguns candidatos

Este texto é resultado de uma parceria entre Datafolha e a Codecs, empresa especializada em análise de cenários digitais e reputação

O termo "carteira de trabalho" ganhou protagonismo no ambiente digital após o último debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, promovido por Estadão, Terra e Faap na quarta-feira (14). O motivo foi uma provocação de Pablo Marçal (PRTB) a Guilherme Boulos (PSOL). Marçal mostrou uma CTPS a Boulos dizendo que ia exorcizá-lo, enquanto o psolista tentava dar um tapa no documento nas mãos do empresário. O assunto viralizou. Foram 70.200 menções ao termo "carteira de trabalho" entre os dias 14 e 15 de agosto, 137% a mais que o registrado nos 30 dias anteriores (foram 29.600 entre 13 de julho e 13 de agosto).

O episódio aconteceu nos bastidores do debate, após o terceiro bloco do programa. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o psolista em pé, voltando ao seu assento, quando Marçal mostra a CTPS em direção a ele. A confusão foi contida pela produção do programa.

Montagem (Da esq. p/ dir.): SÃO PAULO, SP, 28.08.2023, O deputado Federal pelo PSOL e pré candidato a Prefeito da cidade de São Paulo, Guilherme Boulos. (Foto Marlene Bergamo/Folhapress) SÃO PAULO, SP, 07.06.2024 - O pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), durante entrevista à Folha na sede do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). (Foto: Rafaela Araújo/Folhapress)

Na volta do intervalo, Boulos afirmou que Marçal era o "Padre Kelmon do debate", e o empresário respondeu que iria exorcizá-lo com a carteira de trabalho. Marçal ainda chamou Boulos de vagabundo e disse que o psolista nunca trabalhou.

Depois disso, as menções ao termo dispararam. 96% de todas as citações ao documento ocorreram nas redes sociais, e outros 4% na imprensa.

Nesses 2 dias, a carteira de trabalho foi mais mencionada na internet do que alguns dos candidatos à Prefeitura de SP em uma semana inteira. Entre os dias 5 e 11 de agosto, Ricardo Nunes foi citado 65.637 vezes; Tabata Amaral apareceu em 37.975 oportunidades; enquanto Marina Helena foi alvo de 13.910 citações; todos eles com volume inferior de menções do que a CTPS, o que dá a medida do tamanho da repercussão.

Só em seu perfil do Instagram, Pablo Marçal fez 15 posts diferentes, com cortes que fazem alguma menção ao momento em que ele exibe a carteira de trabalho para o rival. O de maior sucesso, que foi fixado entre os principais conteúdos do empresário, registrou 1.488.011 interações e foi visto 41,3 milhões de vezes.

Os 10 posts de melhor desempenho, ou seja, que geraram maior número de curtidas, comentários e compartilhamentos, sobre o assunto, foram todos de Marçal, o que mostra como ele conseguiu capitalizar o episódio e pautar o debate.

Isso também revela que o sentimento das principais menções sobre a polêmica foi negativo a Boulos, em um tom de deboche, favorecendo o empresário. Nas próprias redes de Boulos, várias pessoas postaram, no comentário de seus posts, vídeos com trechos do momento. Em contrapartida, os defensores do deputado federal utilizaram a narrativa de que um "coach", que "ficou conhecido por venda de cursos", mostra uma carteira de trabalho para "provocar um professor", como no exemplo abaixo, que gerou 144 mil interações e 3,7 milhões de visualizações.

Boulos também utilizou a polarização com Marçal para engajar nas redes. Seu post de melhor desempenho, na semana, foi um que mostra Pablo Marçal e contém o título: "Mau-caráter ou psicopata?", com um corte do debate, em que lembra a condenação do empresário, em 2010, por fazer parte de uma quadrilha. O post teve 173.923 interações no Instagram e foi visto 1,7 milhão de vezes.

O termo carteira de trabalho apareceu em 17% de toda a repercussão sobre Marçal nos dias 14 e 15; enquanto foi associada ao nome de Boulos em 21% de todas as vezes que seu nome foi mencionado na web, no mesmo período. Em muitos casos, os internautas não necessariamente digitam o nome do candidato para falar sobre ele, por isso a estimativa é de que o tema tenha tido mais protagonismo ainda sobre a repercussão envolvendo cada um deles.