Descrição de chapéu Opinião e sociedade Datafolha

64% acreditam que carga máxima de trabalho no Brasil deveria ser reduzida

43% dos trabalhadores não têm tempo suficiente para lazer e descanso

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Sete em cada dez (70%) brasileiros com 16 anos ou mais fazem parte da PEA (População Economicamente Ativa), sendo trabalhadores assalariados (25%), profissionais autônomos regulares (11%), prestadores de trabalho free lance ou bicos (9%), assalariados sem registro (7%) e funcionários públicos (6%) os tipos de ocupação mais comuns.

No universo de pessoas que fazem parte da PEA, 27% possuem mais de um trabalho, ou seja, exercem mais de uma atividade que lhes garantem renda recorrente. No grupo dos que possuem mais de um trabalho, 64% são homens (na média da população com 16 anos ou mais são 48%), 30% têm de 25 a 34 anos (na população, 19%), 34% possuem curso superior completo ou incompleto (ante 23% na média da população e 27% entre que possui um trabalho). Uma parcela de 36% desse grupo atua como assalariado registrado, 18%, como autônomo regular, 14%, como assalariado sem registro, 10%, como free lancer ou fazendo bicos, e 8%, como empresários.

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Gabriel Cabral/Folhapress

Em média, os brasileiros trabalham 9 horas por dia. A maioria (60%) trabalha até oito horas por dia, 31% trabalham mais de oito horas a 12 horas, e há 6% que trabalham mais de 12 horas diariamente.

Apenas 12% dos brasileiros economicamente ativos trabalham até quatro dias por semana, e parcelas similares trabalham cinco (36%) ou seis (35%) dias ao longo da semana. Há ainda 15% que declaram trabalhar todos os dias.

Considerando a rotina de trabalho, 7% dizem ter mais tempo do que o suficiente para lazer e descanso, e ampla maioria se divide entre os que têm tempo suficiente (47%) ou menos do que o suficiente (43%). Entre os assalariados registrados, 52% consideram o tempo livre menos do que o suficiente, entre os funcionários públicos esse índice é de 33%.

Na população de 16 anos ou mais, a maioria (58%) avalia que o limite máximo da jornada de trabalho de quem tem carteira assinada deve ser definida por lei, e 39% acreditam que esse limite deve ser negociado entre patrões e empregados. Há ainda 3% que preferiram não opinar. Entre os homens, 43% opinam que o limite da jornada de trabalho deveria ser negociado por patrões e empregados, e na parcela de mulheres esse índice é de 35%. Na parcela de brasileiros que se define como bolsonarista ou inclinada ao bolsonarismo, 51% avaliam que a jornada máxima de trabalho deveria ser definida por lei, e para 47% deveria ser negociada entre patrões e empregados. Entre aqueles que se definem petistas ou inclinados ao petismo, 65% preferem ver esse limite definido por lei, e 32% avaliam que ele deveria ser negociado entre patrões e empregados.

Informados de que, pela lei atual, o limite máximo para o trabalhador com carteira assinada é de 44 horas por semana, até seis dias por semana, e que essa carga horária é conhecida como escala seis por um, os brasileiros foram consultados sobre a proposta, atualmente debatida no Congresso, para reduzir a jornada máxima que uma pessoa com registro em carteira poderia trabalhar. Para 64% dos brasileiros com 16 anos ou mais, a carga máxima de trabalho no Brasil deveria ser reduzida, e 33% acreditam que não deveria, além de 3% que não opinaram.

Entre homens, 58% dizem que a jornada máxima deveria ser reduzida, índice mais baixo do que o registrado entre mulheres (70%). A oposição à redução é mais baixa entre jovens de 16 a 24 anos (19%) e sobe conforme o avanço da idade, ficando em 31% na faixa intermediária, de 35 a 44 anos, e em 48% entre quem tem 60 anos ou mais. Na parcela com renda familiar até 2 salários, 28% são contra a redução da jornada máxima de trabalho, índice que vai a 35% entre quem tem renda de 2 a 5 salários e a 43% no grupo com renda familiar superior a 5 salários. Entre empresários, 70% são contra a medida. Na parcela de bolsonaristas ou brasileiros inclinados ao bolsonarismo, 54% gostariam de ver a jornada máxima de trabalho reduzida, e 44% são contra a redução desse teto. Entre petistas e inclinados ao petismo, 73% são favoráveis à redução, e 25%, contra.

Os brasileiros também opinaram sobre qual deveria ser a jornada diária e semanal máximas no Brasil, e a média de respostas para a jornada diária foi de 7 horas, sendo que 82% defendem jornadas de até oito horas, e 8% avaliam que a jornada deveria ser superior a oito horas.

Quanto aos dias trabalhados na semana, a média das respostas é de 5 dias, com a maioria (70%) indicando cinco dias como limite. Há 17% que citam seis dias, 9% que mencionam menos de cinco dias e 2% que dizem que deveria ser de sete dias, além de 3% que não opinaram. Entre as mulheres, 73% avaliam que a jornada máxima deveria ser de cinco dias, e para 12% deveria ser de seis dias. Na parcela masculina da população, 67% apontam a jornada máxima de cinco dias, e 21%, a jornada de seis dias. Entre empresários, 45% defendem o limite de seis dias, e 44%, de cinco dias.

49% VEEM EFEITO POSITIVO PARA ECONOMIA EM FIM DA ESCALA SEIS POR UM, E PARA 24% CONSEQUÊNCIA SERÁ NEGATIVA

A maioria dos brasileiros acredita que acabar com a escala seis por um, de seis dias de trabalho por um dia de descanso, vai ser positivo para os trabalhadores, mas se dividem sobre as consequências paras as empresas. Para 72%, o fim da escala seis por um será ótima ou boa para a qualidade de vida dos trabalhadores, e para 14% a consequência será ruim ou péssima. Há ainda 11% que veem um efeito regular, e 3% não responderam. Entre os mais jovens, 78% avaliam que o fim desse tipo de escala será positivo, e na parcela dos mais velhos esse índice cai para 62%.

Na avaliação sobre os efeitos para as empresas do fim da escala seis por um, 35% avaliam que será positivo, ante 42% que preveem um cenário negativo. Para 19%, o efeito será regular, e 4% não opinaram. Entre os homens, 46% acreditam que o cenário será ruim ou péssimo para as empresas com o fim desse tipo de escala, ante 37% das mulheres com a mesma opinião. Na parcela dos mais pobres, com renda familiar de até 2 salários, 35% preveem que o resultado será negativo para as empresas, índice que sobe para 48% na faixa de renda de 2 a 5 salários, e oscila para 49% entre os mais ricos, com renda superior a 5 salários. Na fatia de empresários, 65% veem consequências negativas.

Em relação às consequências para a economia brasileira em geral, 49% avaliam que o fim da escala seis por um terá um efeito ótimo ou bom, 24% acreditam que será ruim ou péssimo, e para 22% será regular, com 5% sem opinião. Na fatia com renda familiar de até 2 salários, 18% preveem consequências negativas para a economia, taxa que vai a 27% na parcela com renda de 2 a 5 salários, e a 33% entre quem tem renda superior a 5 salários.