O presidente Lula encerrará seu mandato na Presidência da República no auge de sua popularidade. Após sete anos e 11 meses de governo, 83% dos brasileiros adultos avaliam sua gestão como ótima ou boa - com isso, repete a marca de outubro, a mais alta já alcançada por um presidente na série histórica do Datafolha. A fatia dos que veem seu governo como regular é de 13%, enquanto 4% consideram-no ruim ou péssimo.
No primeiro levantamento sobre a administração Lula, concluído no início de abril de 2003, pouco mais de três meses após sua posse, o atual presidente teve seu governo avaliado como ótimo ou bom por 43% dos brasileiros. Quase a mesma fatia (40%) considerava o governo iniciante regular, e outros 10% o viam como ruim ou péssimo.
Ainda durante o primeiro mandato, em 2005, o petista enfrentou a pior avaliação de seu governo. Em dezembro daquele ano, sofrendo as consequências do "escândalo do mensalão", que envolveu a administração federal e parlamentares da base aliada em um esquema de compra de apoio político, a gestão de Lula era avaliada como boa ou ótima por 28%, ante 29% dos que a tinham como ruim ou péssima. O índice dos que consideravam o governo regular atingia 41%. A recuperação veio ao longo de 2006, quando Lula disputou e venceu a reeleição. Em dezembro daquele ano, o nível dos que consideravam seu governo ótimo ou bom (52%) já superava, com folga, o dos que o avaliavam como ruim ou péssimo (14%). No ano seguinte, o patamar de ótimo e bom atribuído ao governo do petista se manteve estável, entre 48% e 50%. A arrancada rumo ao recorde atual teve início em 2008: em março daquele ano, 55% avaliavam sua gestão como ótima ou boa; em novembro, já eram 70% os que tinham a mesma opinião; em 2009, ano da crise econômica, essa avaliação variou entre 65% (março) e 72% (dezembro); em maio deste ano, atingiu 76%; e, em outubro, rompeu a casa dos 80% (81% no dia 15, 83% no dia 26, patamar que agora se repete).
Entre os brasileiros que estudaram até o ensino fundamental, a popularidade de Lula chega a 86%, mas cai a 74% entre a população que têm nível superior de ensino. Entre as regiões do país, o petista atinge a maior popularidade no Nordeste (88%) e Norte e Centro-Oeste (87%). No Sul, o índice esse índice é de 77%, e fica em 79% no Sudeste.
No atual levantamento do Datafolha, o petista atingiu ainda outro recorde: a nota atribuída a sua gestão alcançou 8,3, a maior desde que assumiu a presidência. Em outubro, foi de 8,2.
Essa popularidade recorde de popularidade permite ao petista concluir seu mandato acima do que os brasileiros esperavam quando ele tomou posse. Em dezembro de 2002, 76% acreditavam que Lula faria um governo ótimo ou bom, ante os 83% que fazem a mesma avaliação atualmente, com o mandato concluído. Na série histórica do Datafolha, o único presidente a concluir seu governo com uma aprovação acima do previsto foi Itamar Franco. A expectativa quanto à gestão do mineiro, porém, era bem mais baixa: 18% acreditavam que ele faria um ótimo ou bom governo em setembro de 1992, quando assumiu após o impeachment de Fernando Collor de Mello. Em dezembro de 2004, ao deixar a presidência, 41% avaliavam o governo Itamar como ótimo ou bom.
No caso de Collor, o primeiro a ter a expectativa de governo medida pelo Datafolha, 71% acreditavam que ele faria um governo ótimo ou bom. Apenas 9% tinham a mesma opinião após a conclusão de seu breve mandato.
Quando Fernando Henrique tomou posse, em 1995, 70% esperavam que ele fizesse um governo bom ou ótimo. Ao encerrar seu primeiro mandato, 35% diziam que ele havia feito um governo ótimo ou bom. A expectativa para o segundo mandato tucano era menor: 41% acreditavam num governo ótimo ou bom. Quatro anos depois, ao encerrar sua passagem pela presidência, 26% avaliavam sua gestão como ótimo ou boa.
Petista entregará país melhor do que quando assumiu
O país que Lula entregará a sua sucessora na Presidência da República, Dilma Rousseff, estará melhor do que quando ele assumiu, há oito anos atrás. Essa é a opinião de 84% dos brasileiros quando questionados se o petista deixará um país igual, melhor ou pior do que era antes de se tornar presidente. Outros 12% acreditam que ele entrega a direção do Brasil em situação igual há oito anos atrás, enquanto 2% dizem que o país piorou no governo do petista.
Essa avaliação é mais baixa no Rio Grande do Sul, onde 78% acham que o país está melhor do que antes, e em São Paulo, Estado no qual 79% têm a mesma opinião. Em Pernambuco, por outro lado, 90% acreditam que o Brasil melhorou nos últimos oito anos, índice que chega a 91% no Ceará.
Avaliação do governo Fernando Henrique Cardoso feita pelo Datafolha ao término de seu governo apontava um cenário mais dividido: 35% disseram acreditar que o tucano deixava um país melhor do que havia assumido oito anos antes, enquanto 34% diziam o contrário, que o Brasil havia piorado nesse intervalo. A fatia dos que avaliavam a situação nacional como igual ao que era antes do governo tucano era de 28%.
Quando perguntados sobre a área de melhor desempenho do governo Lula sem que nenhum assunto lhes fosse apresentado, como na questão anterior, 19% disseram ser a atuação nas questões relacionadas à fome e à miséria. O desempenho na economia foi o segundo mais citado (13%), seguido pelo emprego (10%). O índice dos que não souberam responder espontaneamente à questão foi de 11%. Quanto ao governo Fernando Henrique, diante da mesma questão, em 2002, 19% mencionaram a saúde como a área de melhor desempenho, seguida pela educação (10%) e economia (9%). A taxa dos que não souberam respondera atingiu 40%.
No início de abril de 2003, três meses após o início do mandato de Lula e ainda sob o impacto do lançamento do Programa Fome Zero, o combate à fome e a miséria era apontada como a área de melhor desempenho do governo, com 38% das citações. O desempenho na área econômica, nessa época, era mencionado por 3%, e o combate ao desemprego, por 2%
O Datafolha também pediu aos brasileiros que apontassem, espontaneamente, sem o auxílio de uma lista de assuntos, as áreas de pior desempenho do governo Lula. Lidera essa lista negativa a saúde (23%), seguida pela segurança pública (19%), educação (7%) e corrupção (6%). Quase um quinto (19%) não soube responder. Em 2002, a mesma questão foi apresentada sobre o governo FHC. Segundo os brasileiros, a área de pior desempenho no governo tucano foi o emprego (19%), seguido pela segurança pública (10%). A fatia dos que não souberam responder foi de 24% naquela época.
Em 2003, a saúde, que hoje lidera a queixa dos brasileiros, era apontada por 4% como a área de pior desempenho do governo, atrás combate ao desemprego (13%) e violência (12%). Em julho de 2005, era o combate ao desemprego que liderava, com 23%, e a saúde já aparecia a seguir, com 16%.
Trabalhadores foram os mais beneficiados por governo Lula
Os trabalhadores brasileiros formam o segmento mais beneficiado pelo governo Lula, de acordo com pesquisa Datafolha que traça um balanço da gestão do petista. A fatia dos brasileiros que indica os trabalhadores, de maneira geral, como os mais beneficiados pela administração de Lula é de 33%. Os políticos e os bancos aparecem a seguir na lista dos setores mais beneficiados - são apontados, cada um deles, por 13%. Para 9%, a indústria foi o setor mais beneficiado durante os últimos oito anos, enquanto outros 7% apontam a agricultura.
Durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, os políticos (33%) e os bancos (29%) foram os setores mais beneficiados, segundo avaliação feita pelos brasileiros em pesquisa Datafolha de dezembro de 2002. Os trabalhadores eram vistos como os principais beneficiários da gestão tucana por 5%, fatia similar à apontada para indústria (7%), agricultura (7%) e comércio (6%).
A percepção atual de que os trabalhadores foram os mais beneficiados durante o governo Lula é inédita. Em pesquisa feita seis meses após a posse do petista, em julho de 2003, apenas 9% os apontavam como os principais beneficiados. Em primeiro lugar, à época, apareciam os políticos (27%), seguido por bancos (17%) e agricultura (17%). Em julho de 2005, o índice dos que viam os trabalhadores como principais beneficiado pelo governo Lula era ainda menor: 5%. Os políticos apareciam, novamente, em primeiro, com 29%, seguidos por bancos (24%), agricultura (11%) e indústria (9%).
No grupo de brasileiros que tem ensino superior, é maior a percepção de que os bancos (21%) e políticos (20%) foram os mais beneficiados no atual governo.
Brasileiro quer ver Lula no governo Dilma
Para 41% dos brasileiros, Lula deveria deixar o cargo de presidente, mas não o governo federal. A participação do atual presidente no governo de sua ex-ministra Dilma Rousseff é a opção mais apontada quando os entrevistados são questionados sobre o que Lula deveria fazer após o final de seu mandato. Outros 24% defendem que ele continue atuando politicamente no Brasil, mas sem ter um cargo na gestão Dilma Rousseff. Um a cada cinco brasileiros (20%) afirma que gostaria de ver Lula aposentado e de volta a São Bernardo do Campo. A fatia dos que gostariam de ver o petista assumir um cargo em algum órgão internacional, como a ONU, é de 11%.
O desejo de ver Lula no governo Dilma é maior entre os brasileiros adultos com mais de 16 anos que completaram o ensino fundamental (47%) e de metade disso (23%) entre aqueles que têm ensino superior completo. Também é mais baixa no grupo que tem renda mensal familiar de cinco a dez salários mínimos (29%) e no grupo que tem renda superior a isso (26%), Entre os mais escolarizados e ricos, fica acima da média o desejo de ver o petista aposentado (28% e 32%, respectivamente).
Brasil está mais importante no mundo; e Brasileiro, mais orgulhoso do país
Ao fim de dois mandatos do presidente Lula, três de cada quatro brasileiros (76%) consideram o Brasil um lugar bom ou ótimo para viver. Esse patamar é superior ao verificado pelo Datafolha ao final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando dois terços (66%) avaliavam o país como bom ou ótimo para viver. O resultado, porém, mostra uma piora no orgulho do brasileiro na comparação com julho de 2005, quando 80% consideravam o Brasil ótimo ou bom, o maior nível da série histórica do Datafolha, que tem início em março de 2000. Nesse ano, 64% diziam ter orgulho de viver no país. No ano seguinte, em 2001, o índice caiu para seu patamar mais baixo: 60%.
No levantamento atual, o índice dos que consideram o país regular atinge 21%, ante 26% em dezembro de 2002. Para 3%, o Brasil é um lugar ruim ou péssimo para viver, praticamente metade dos que faziam essa avaliação em 2002 (7%).
Na faixa etária mais jovem coberta pela pesquisa, que vai de 16 a 24 anos, a taxa dos que consideram o país ótimo ou bom para viver é menor (66%) do que entre os mais velhos, com 60 anos ou mais (85%). Entre os Estados brasileiros, os moradores do Rio de Janeiro também têm a menor taxa de satisfação com o país (67%), enquanto os mineiros têm a maior (81%).
Entre 2002 e 2010 também cresceu, de 84% para 89%, a porcentagem de brasileiros que tem mais orgulho do que vergonha de viver no Brasil. É o índice mais alto da série histórica do Datafolha, que começa em 2000. Nesse primeiro levantamento, 87% diziam ter mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro. Na pesquisa seguinte, que foi a campo em junho de 2001, o índice atingiu seu patamar mais baixo, 78%. Quase um quinto (19%) dos brasileiros com mais de 16 anos tinham, em junho de 2001, mais vergonha do que orgulho de ser brasileiro. Atualmente, esse grupo soma 9%, o mais baixo em uma década.