Para 83%, Temer teve participação direta em esquemas de corrupção

DE SÃO PAULO

Pesquisa Datafolha mostra que nove em cada dez brasileiros adultos (88%) tomaram conhecimento sobre as denúncias de corrupção que envolvem o presidente Michel Temer e os executivos da JBS, Joesley e Wesley Batista, no âmbito da Operação Lava-Jato. Desses, 31% declararam estarem bem informados, 47% mais ou menos e 10% mal informados. Uma parcela de 12% declarou não ter conhecimento o sobre o assunto - entre os mais jovens (19%), entre os menos instruídos (19%) e entre os mais pobres (17%) são observados os índices de desconhecimento mais altos.

A maioria dos brasileiros acredita que o presidente está diretamente envolvido nas denúncias realizadas pelos irmãos Batista. Para 83%, Temer teve participação direta nos esquemas de corrupção - entre os mais instruídos e entre os mais ricos a taxa é maior e alcança, respectivamente, 93% e 90%. Já, para 6%, o presidente não teve participação - o índice é maior entre os que não têm conhecimento das denúncias (12%), entre os mais velhos (11%) e entre os menos instruídos (10%) - e 11% não opinaram.

Entre os que declararam ter conhecimento sobre as denúncias de corrupção envolvendo o presidente, a taxa de entrevistados que acreditam no envolvimento direto de Temer alcança 88%, enquanto entre os que não têm conhecimento, alcança 50%.

A maior parcela (79%) é favorável à renúncia do presidente Michel Temer, enquanto 18% são contrários e 3% não opinaram. Observa-se que o apoio à renúncia de Temer é mais alto entre os que têm conhecimento sobre as denúncias de corrupção (80%) do que entre os que não têm conhecimento sobre o tema (54%), e, entre os que acreditam que o presidente está diretamente envolvido (83%) do que entre os que não acreditam no seu envolvimento (38%).

Em comparação com sua antecessora, Dilma Rousseff (PT), em pesquisa de abril de 2016, às vésperas do impeachment, a petista estava numa situação um pouco melhor: 60% apoiavam a sua renúncia e 37% eram contra.

Caso Temer não renuncie à presidência, 84% declararam ser favoráveis à abertura do processo de impeachment no Congresso Nacional contra o pemedebista. Uma parcela de 12% declarou ser contra a abertura do processo de impeachment e 4% não opinaram. Entre os mais velhos (21%) e entre os mais ricos (28%) são observadas as taxas mais altas de reprovação à abertura de um processo de impeachment no Congresso Nacional.

O apoio ao impeachment de Temer é mais alto entre os que têm conhecimento sobre as denúncias de corrupção (84%) do que entre os que não têm conhecimento sobre o assunto (68%), e, entre os que acreditam que o presidente está diretamente envolvido nas denúncias (88%) do que entre os que não acreditam no seu envolvimento (39%).

Em comparação com Dilma Rousseff, os índices de Temer são piores: em pesquisa de novembro de 2015, 65% eram favoráveis à abertura do processo de impeachment da petista, 30% eram contrários e 5% não opinaram.

Quando questionados sobre o que seria melhor para o país: que o Congresso Nacional siga a Constituição e eleja indiretamente o novo presidente da República, ou, que ele mude a Constituição para que seja convocado novas eleições diretas para presidente, a maioria dos entrevistados optou por mudança na Constituição para novas eleições diretas. Oito em cada dez (83%) preferem que o Congresso mude a Constituição e sejam realizadas novas eleições diretas para presidente da República, 12% preferem que o Congresso siga a Constituição e eleja indiretamente o novo presidente e 5% não opinaram. Na análise por variáveis socioeconômicas, observa-se que o apoio às eleições indiretas é mais alto entre os mais instruídos (19%) e entre os mais ricos (27%).

Em comparação com a pesquisa de abril, os índices ficaram estáveis: 85% defendiam que o Congresso Nacional mude a Constituição para a aprovação de novas eleições diretas e 10% defendiam que o Congresso Nacional siga a Constituição e eleja indiretamente o novo presidente.

Dois em cada três (65%) avaliaram que seria melhor para o país que Temer encerasse imediatamente seu mandato - esse índice sobe para 74% entre os moradores da região Nordeste -, ante 30% que avaliaram que seria melhor o exercício completo de seu mandato, até 31 de dezembro de 2018, e 4% não opinaram. Observa-se que entre os que tomaram conhecimento das denúncias de corrupção envolvendo Temer e os donos da JBS, a taxa de entrevistados que defendem o fim imediato do mandato do presidente é maior do que entre os que não têm conhecimento sobre as denúncias (67% a 48%), o mesmo é observado entre os que avaliaram que o presidente está diretamente envolvido nas denúncias do que entre os que avaliaram que ele não está envolvido (72% a 24%).

Taxas mais altas pela manutenção de Temer até o fim de seu mandato são observadas entre os mais velhos (40%) e entre os mais ricos (40%).

O acordo de delação premiada firmado entre o Ministério Público e os irmãos Batista, donos da JBS, que garantiu em troca da delação multas ao invés de prisão, não foi bem avaliado pela maioria dos brasileiros. Para 64%, o Ministério Público agiu mal ao firmar nessas condições o acordo de delação premiada, para 27%, o Ministério Público agiu bem, 2% são indiferentes e 7% não opinaram.

A maior parte dos entrevistados (81%) avaliou que os donos da JBS deveriam ter sido presos. Uma parcela de 14% avaliou que os irmãos Batista não deveriam ser presos e 6% não opinaram. Entre os mais velhos a rejeição à prisão dos irmãos Batista é mais alta e alcançou 21% - mesmo índice entre os que não tomaram conhecimento sobre as denúncias da JBS.

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