50% veem chance de Bolsonaro dar golpe de Estado

DE SÃO PAULO

Os brasileiros adultos estão divididos quanto às chances do país se tornar novamente uma ditadura. A parcela que avalia que existe alguma chance cresceu cinco pontos percentuais em comparação à pesquisa de junho de 2020. No período, o índice foi de 46% para 51%, desses, 20% avaliam que há muita chance (era 21%) e 31% um pouco de chance (era 25%). Para 45%, não há chance do Brasil se tornar novamente uma ditadura (era 49%) e 5% não opinaram (mesmo índice anterior).

A parcela que avalia que há alguma chance do país se tornar uma ditadura é o mais alto da série, superando o índice de outubro de 2018 (quando era 50%). Já, o índice mais baixo aconteceu no início da série, em fevereiro de 2014, quando 39% avaliavam que existia alguma chance do Brasil se tornar uma ditadura e 51% que não havia chance.

Quanto às chances do presidente Jair Bolsonaro dar um golpe de Estado, 50% avaliam que existe essa chance, desses, 30% avaliam que há muita chance e 20%, pouca chance. Para 45%, não há chance de o presidente dar um golpe de Estado e 6% não opinaram.

O índice daqueles que avaliam que há chances de Bolsonaro dar um golpe de Estado é mais alto entre os que reprovam o governo Federal (70%), entre os mais jovens (62%), entre os que têm 25 a 34 anos (57%), entre os moradores da região Nordeste (57%), entre os mais pobres (56%) e entre as mulheres (55%). Em contrapartida, o índice daqueles que avaliam que não há risco de um golpe de Estado é mais alto entre os homens (53%), entre os que têm 45 a 59 anos (50%), entre os mais instruídos (51%), entre os mais ricos (71%) e entre os que aprovam o governo Federal (85%).

A pesquisa mostra também que o apoio à democracia como melhor forma de governo segue majoritário entre os brasileiros adultos, porém a taxa recuou cinco pontos percentuais em comparação ao levantamento anterior, de junho de 2020. No período, a parcela de indiferentes, para quem tanto faz uma democracia ou uma ditadura, cresceu cinco pontos percentuais.

A taxa de apoio à democracia segue em patamar elevado, sendo a segunda mais alta de toda a série histórica, iniciada em 1989. Sete em cada dez (70%) concordam que a democracia é sempre a melhor forma de governo (era 75% em junho de 2020), para 17%, tanto faz uma democracia ou uma ditadura (era 12%), para 9%, em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que um regime democrático (era 10%) e 4% não opinaram (era 3%).

Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a preferência pela democracia é majoritária em todos os segmentos e cresce conforme aumenta o grau de instrução (57% entre os menos instruídos ante 89% entre os mais instruídos) e a renda familiar mensal do entrevistado (64% entre os que possuem renda familiar mensal de até 2 salários mínimos ante 87% entre os que possuem renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos). Já, o índice de indiferentes com o tipo de regime é mais alto entre os menos instruídos (25%) e entre os mais pobres (21%).

Nesse levantamento, entre os dias 13 a 15 de setembro de 2021, foram realizadas 3.667 entrevistas presenciais em 190 municípios, com brasileiros de 16 anos ou mais, de todas as classes sociais e de todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.

O Datafolha apresentou três situações aos entrevistados e pediu para eles avaliarem se elas representam ou não uma ameaça à democracia brasileira. De maneira geral, a maioria avalia essas situações como ameaças à democracia e na comparação com a pesquisa anterior, de junho de 2020, os índices ficaram estáveis.

A maioria (77%) avalia que a divulgação de notícias falsas sobre políticos e ministros do STF é uma ameaça à democracia (era 81%) - o índice é majoritário em todos os segmentos sociodemográficos. Já, 19% avaliam que não ameaçam a democracia (era 17%) e 3% não opinaram (mesmo índice anterior).
Dois em cada três (66%) avaliam que as manifestações nas ruas de apoiadores do presidente Bolsonaro pedindo o fechamento do Congresso e do STF são ameaças à democracia brasileira (era 68%). Para 31%, essas manifestações não ameaçam a democracia (era 29%) e 3% não opinaram (mesmo índice anterior).

Os índices de avaliação são parecidos para as manifestações nas redes sociais em apoio ao fechamento do Congresso e do STF. Dois terços (65%) avaliam essas manifestações nas redes sociais como uma ameaça à democracia brasileira (era 66%), 31% avaliam que não (era 31%) e 4% não opinaram (era 3%).

De maneira geral, é majoritária em todos os segmentos sociodemográficos, com exceção daqueles que possuem renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos e entre os empresários, a avaliação que esses tipos de atos em defesa do fechamento do Congresso e do STF, tanto nas ruas quanto nas redes, são formas de ameaças à democracia.

Entre os que aprovam o governo Bolsonaro, 58% avaliam que manifestações nas ruas em defesa do fechamento do Congresso Nacional e STF não ameaçam a democracia, índice 27 pontos percentuais acima do observado na população. Nesse segmento, 55% consideram que as manifestações por meio de rede sociais também não ameaçam a democracia, 24 pontos percentuais acima do observado na população.

Quando questionados se atualmente os três Poderes do regime ameaçam a democracia brasileira, a maioria avalia que sim, sobretudo, quando avaliam o Poder Executivo e Legislativo. Para 72%, atualmente, o Poder Executivo ameaça a democracia brasileira - desses, 37% avaliam que ameaça muito e 34%, um pouco -, para 25%, não ameaça e 4% não opinaram.

Com relação ao Poder Legislativo, 69% avaliam que atualmente ele ameaça a democracia brasileira - desses, 24% avaliam que ameaça muito e 45%, um pouco -, para 27%, não ameaça e 4% não opinaram. E, por fim, com relação ao Poder Judiciário, 64% avaliam que ele atualmente ameaça a democracia - desses, 26% avaliam que ameaça muito e 37%, um pouco -, para 32%, não ameaça e 5% não opinaram.

A avaliação que atualmente os três Poderes ameaçam a democracia brasileira alcança índices mais altos entre os que têm 16 a 24 anos e entre os que têm 25 a 34 anos.

Três em cada quatro (76%) avaliam que o presidente Bolsonaro deveria sofrer processo de impeachment caso se negue a cumprir ordens determinadas pela Justiça. Nessa situação, 21% avaliam que o presidente não deve sofrer processo de impeachment 3% não opinaram.

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