Após ápice (79%) no governo Bolsonaro, 71% agora veem democracia como melhor forma de governo

46% dizem que Brasil é democracia com grandes problemas, e para 16% não há democracia

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A maioria (71%) dos brasileiros com 16 anos ou mais acredita que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo, e para 18% tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura. Há 7% que avaliam ainda que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático, e 5% preferiram não opinar sobre o tema. Esses resultados mostram oscilação na comparação com levantamento realizado em dezembro do ano passado, quando 74% defendiam a democracia como melhor do que qualquer outra forma de governo, 15% relativizavam se o governo era uma democracia ou uma ditadura, e 7% diziam que em certos casos era melhor uma ditadura do que uma democracia.

Na série histórica do Datafolha sobre o tema, a maior adesão à democracia como melhor forma de governo foi registrada em outubro de 2022 (79%), e os índices mais baixos são de fevereiro de 1992 (42%) e setembro de 1989 (43%). Na média de 30 levantamentos, incluindo o atual, o índice de apoio à democracia como melhor forma de governo é de 58%. A avaliação de que tanto faz se um governo é uma democracia ou ditadura tem índice médio de 19% na série histórica, sendo o mais alto deles registrado em junho de 2000 (29%). Em relação aos que dizem que em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que uma democracia, o apoio médio desde 1989 é de 14%, com ápice em setembro de 1992 (23%).

Projeção na fachada do Congresso Nacional e iluminação no Palácio do Planalto marcam 1 ano dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. - Pedro Ladeira/Folhapress

Entre as mulheres, a avaliação de que a democracia é melhor do que qualquer outra forma de governo é menor do que a registrada entre homens (66% a 75%). A posição de que tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura, por outro lado, vai a 21% entre as mulheres, ante 13% entre homens. A adesão à democracia sobre outras formas de governo também fica abaixo da média entre os menos escolarizados (59%, e 24% avaliam que tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura).

Às vésperas da data em que se completam 60 anos do golpe militar de 1964, 18% dos brasileiros estão muito satisfeitos com o funcionamento da democracia no Brasil, e 53% estão um pouco satisfeitos. Os insatisfeitos somam 27%, e 2% preferem não opinar. Há dez anos, quando o golpe completava 50 anos, a taxa de muito satisfeitos com a democracia no país era metade da atual (9%), com índice mais alto de pessoas um pouco satisfeitas (59%) e nível similar de insatisfeitas (28%).

A taxa de nada satisfeitos com o funcionamento da democracia fica acima da média entre quem avalia a gestão Lula (PT) como ruim ou péssima (57%) e entre quem votou em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno em 2022 (45%).

Ainda sobre o estado da democracia brasileira atualmente, apenas 6% avaliam que o país vive uma democracia plena, e para 28% é uma democracia com pequenos problemas. Uma parcela de 46% acredita que o Brasil vive uma democracia com grandes problemas, e 16% dizem que o Brasil não é uma democracia. Há ainda 3% que preferiram não opinar.

Na comparação com o levantamento de 2014, há um recuo significativo na avaliação de que o país é uma democracia com grandes problemas, de 61% para 46%. Essa diferença se distribui entre quem vê a democracia mais forte (oscilou de 3% para 6% o índice dos que veem uma democracia plena, e de 21% para 28% o de pessoas que veem uma democracia com pequenos problemas) e entre céticos com o atual sistema democrático (sobe de 9% para 16% o índice dos que acreditam não haver democracia no país).

Nos segmentos de renda familiar mais altos, as taxas de descrença na existência de uma democracia em funcionamento no Brasil são mais altas (21% na faixa de 5 a 10 salários, e 22% entre quem tem renda superior a 10 salários). Entre eleitores de Bolsonaro em 2022, também fica em 22%, e entre quem avalia o governo Lula como ruim ou péssimo vai a 28%. Para a avaliação de que a democracia brasileira funciona com grandes problemas, ficam acima da média os índices entre mais escolarizados (53%), eleitores de Bolsonaro (54%) e pessoas que reprovam o governo Lula (54%).

Questionados sobre a chance de haver uma nova ditadura no Brasil, 20% avaliam que há grande chance, e para 22% existe um pouco de chance. Para 53%, não há chance, e 5% preferiram não opinar.

A taxa dos que não veem chance de nova ditadura no país é a mais alta entre sete levantamentos realizados sobre o tema desde 2014. Em outubro de 2018 foi registrado o índice mais baixo (42%), quando o índice dos que viam muita chance de nova ditadura alcançou 31%. Na última consulta sobre o tema, realizada em agosto de 2022, 49% não viam chance de nova ditadura no país, 25% viam um pouco de chance, e para 20% havia grande chance.

Entre quem reprova o governo Lula, 33% acreditam que há grande chance de uma nova ditadura no Brasil, e entre quem votou em Bolsonaro contra o petista em 2022, esse índice fica em 28%. No universo de eleitores do petista, 62% não veem chance de nova ditadura, e entre quem aprova sua administração esse índice é de 60%.

No início de abril de 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, 36% dos brasileiros acreditavam que o aniversário do golpe militar de 1964 deveria ser comemorado, e a maioria (57%) avaliava que a data deveria ser desprezada, com 7% sem opinião. Atualmente, o índice dos que apontam que deveria ser desprezada avançou para 63%, e 28% acreditam que deveria haver comemoração, com 9% sem opinião.

Entre os mais escolarizados, 69% apontam que o aniversário do golpe deveria ser desprezado, ante 62% na fatia com escolaridade média e 59% entre quem tem escolaridade fundamental. No universo dos que votaram em Lula contra Bolsonaro em 2022, 69% defendem que o aniversário do golpe seja desprezado, e entre eleitores do ex-presidente esse índice fica em 58%.

Informados de que presidente Lula determinou que seus ministros não realizem atos para relembrar o golpe militar de 1964 porque isso faz parte do passado, os brasileiros foram consultados se o petista agiu bem ou agiu mal ao determinar que o golpe militar de 1964 não fosse relembrado em atos oficiais de seu governo. Para 59%, ele agiu bem, e um em cada três (33%) avaliam que o presidente agiu mal, com 8% sem opinião.

O índice dos contrários à posição de Lula fica acima da média entre os mais escolarizados (41%, ante 35% entre quem tem escolaridade média e 24% na faixa de quem estudou até o ensino fundamental), e na parcela da população que votou em Bolsonaro em 2022 (48%, ante 42% que avaliam que o petista agiu bem). Entre quem votou em Lula, 78% acreditam que ele agiu bem, índice que também fica acima da média na faixa de 35 a 44 anos (65%) e no Nordeste (68%). No Sudeste, há uma diferença menor entre avaliações favoráveis e contrárias à posição de Lula (54% a 38%, respectivamente) do que as registradas no conjunto de Centro-Oeste e Norte (59% a 34%), no Sul (60% a 28%) e Nordeste (68% a 26%)