Apesar de o Brasil ser a sede da COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) em 2025, 34% dos brasileiros desconhecem o que são as mudanças climáticas, enquanto 7% se consideram mal-informados sobre o tema. Essas são algumas das descobertas de pesquisa realizada pela Tereos, uma das líderes na produção de bioenergia, etanol e açúcar no país, em parceria com o Instituto Datafolha.
A desinformação é especialmente alta entre as classes D e E, alcançando 54% desse grupo. O levantamento, realizado no fim de 2024, destaca que, apesar da crescente preocupação com as questões ambientais, a falta de informação se apresenta como um grande obstáculo para a construção de uma economia de baixo carbono.
Felipe Mendes, diretor de Sustentabilidade, Novos Negócios e Relações Institucionais da Tereos, reforça a relevância dos resultados da pesquisa para subsidiar políticas públicas e campanhas educativas. "Apesar de um aumento na conscientização sobre mudanças climáticas, a pesquisa mostra que ainda há uma distância entre o discurso e a prática. Esse é um momento para unir esforços entre governo, sociedade e setor privado, transformando a preocupação em ações concretas. Para mudar o cenário, o conhecimento é essencial — ele representa o ponto de partida para uma transformação real e sustentável", afirma.
Por desconhecerem o que as mudanças climáticas representam, os brasileiros também não sabem como colaborar no dia a dia para reduzir a emissão de GEE (gases de efeito estufa) e enfrentar o aquecimento global. De acordo com a pesquisa, 51% dos respondentes disseram não saber como podem contribuir.
No entanto, ao serem questionados sobre ações para cuidar do futuro do planeta, 55% apontaram ações de preservação ambiental como as mais importantes, enquanto 29% citaram o descarte correto de resíduos e lixo e, 15%, o uso consciente da água.
A pesquisa questionou, ainda, de quem deve ser a responsabilidade no combate às emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para 38% dos brasileiros, cabe ao governo, incluindo administrações federal e regionais e Congresso, liderar os esforços. Outro grupo, também de 32%, acredita que a sociedade como um todo deve assumir a responsabilidade, destacando a relevância da ação coletiva. Já 22% dos entrevistados veem as indústrias como principais responsáveis.
Em relação às soluções que as empresas podem adotar para mitigar as mudanças climáticas, medidas como controle do desmatamento e incentivo ao plantio de árvores (41%), investimentos em energias renováveis (35%) e redução do uso de combustíveis fósseis (34%) foram consideradas essenciais.
Como opção para reduzir a utilização dos combustíveis fósseis, a pesquisa evidenciou que os brasileiros reconhecem o etanol como um combustível limpo, sendo mencionado por 51% dos entrevistados. Por outro lado, mais de 20% dos entrevistados citaram a gasolina (14%) e o diesel (8%) como exemplos de combustíveis limpos, mostrando que falta informação sobre o assunto.
O papel do agronegócio na percepção dos brasileiros
O estudo também abordou o impacto do agronegócio nas emissões de GEE. Segundo os dados, 38% dos brasileiros acreditam que a agricultura nacional emite grandes quantidades de GEE, enquanto 29% consideram essa emissão moderada. Apesar disso, somente 4% entendem que o setor agrícola brasileiro deve ser o principal responsável pelo combate às emissões de GEE no país.
Além disso, há um consenso sobre a importância do setor: 89% dos entrevistados concordam que o Brasil deve buscar reconhecimento como exemplo de agronegócio sustentável, equilibrando produção e preservação ambiental. Além disso, 76% reconhecem o papel fundamental do agro na economia local, reforçando a necessidade de aliar desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.
"O agro é uma alavanca poderosa para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Na Tereos, estamos comprometidos em liderar pelo exemplo, com metas validadas pelo SBTi e ações concretas que conciliam produtividade, rentabilidade e sustentabilidade. Queremos mostrar que é possível transformar compromissos em práticas reais", reforça Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos no Brasil.
A pesquisa ouviu 2.009 pessoas, em todas as regiões do Brasil, e tem margem de erro de 2 pontos percentuais.