Este texto é resultado de parceria entre Datafolha e Codecs, empresa especializada em análise de cenários digitais e reputação
Na mesma semana em que ampliaram ataques aos adversários, as candidatas Marina Helena (Novo) e Tabata Amaral (PSB) foram as concorrentes na disputa eleitoral em São Paulo que tiveram maiores crescimentos percentuais em engajamento em suas redes sociais. Entre segunda (19) e o último domingo (25), os perfis da candidata do Novo acumularam 108% mais interações que na semana anterior, somando 1,5 milhão de curtidas/reações, comentários e compartilhamentos em suas postagens. Já a candidata do PSB, com 1.062.891 de interações em seus posts, teve engajamento 65% maior em comparação à semana anterior.
Guilherme Boulos (PSOL), com 1.515.891 de interações em seus posts, cresceu 28% no engajamento, enquanto Ricardo Nunes (MDB) evoluiu 22%, atingindo 140.294 interações.
Pablo Marçal (PRTB) é exceção. O número de interações em seus perfis, que atingiu 11,9 milhões no período, foi 49% menor do que na semana anterior. Porém, a queda foi influenciada pelo bloqueio de seus perfis por ordem da Justiça a partir do dia 24. O influenciador teve quase 3 vezes mais interações do que todos os seus adversários juntos.
O apresentador José Luiz Datena (PSDB), candidato com menor atividade nas redes, acumulou 76,8 mil interações em seus perfis, queda de 30% em relação à semana anterior.
No levantamento, feito pelo Datafolha em parceria com a Codecs, empresa especializada em análise de cenário digitais e reputação, foram consideradas todas as interações recebidas até dia 25 nas postagens feitas nas redes Instagram, Facebook e X (antigo Twitter).
Ao ataque
Em comum, as duas candidatas que lideraram os percentuais de alta no engajamento na semana adotaram estratégia semelhante, com uma postura mais agressiva em relação aos adversários nas redes sociais.
Foi o caso de Marina Helena, que viu seu engajamento dobrar na semana, com mais de 1,5 milhão de interações em 97 postagens. Sete dos dez posts com mais engajamento nos perfis da candidata do Novo na semana foram críticas diretas a Boulos, Tabata e Nunes, que só neste recorte contabilizaram mais de 500 mil interações. Na postagem dela de maior engajamento, com 250 mil interações no Instagram, ela defende Marçal no caso da derrubada das redes do coach, endossa o discurso antissistema e insinua ligação entre Boulos e o juiz que concedeu a liminar contra Marçal, a pedido do PSB de Tabata.
Também com uma posição bem mais ofensiva nas redes sociais do que aquela adotada até então, Tabata Amaral subiu o tom contra adversários e viu o engajamento em seus perfis crescer 65%.
Apesar de Datena e Boulos também terem recebido críticas em posts da deputada federal, os principais alvos de Tabata foram Nunes e Marçal. Contra o influenciador, a quem chamou de "bandido", ela postou vídeos denunciando supostas ligações dele com o crime organizado. O prrincipal deles alcançou 239.967 interações no período nas três redes.
Apesar de ter crescido menos em engajamento que Marina Helena e Tabata Amaral, Guilherme Boulos, com 1,5 milhão de interações em 195 posts, também evoluiu 28%. Assim como as concorrentes, os ataques a Pablo Marçal foram tema de cinco das dez publicações mais populares de Boulos na semana. Ricardo Nunes também foi alvo do psolista.
Com engajamento bem inferior aos adversários diretos, Ricardo Nunes somou pouco mais de 140 mil interações (aumento de 22%). O prefeito focou suas críticas apenas em Boulos no período, com sete posts de ataques ao deputado, que juntos alcançaram 11.661 interações.
Pablo Marçal – que no período perdeu acesso a uma base de 12,8 milhões de seguidores no Instagram e mais de 553 mil no Facebook com a decisão liminar no dia 24 – teve volume menor de interações, mas ainda assim demonstra força nas redes.
Nas 48h seguintes à derrubada de seus perfis, o influenciador abriu nova conta no Instagram, onde conseguiu mais de 3 milhões de seguidores no final de semana, uma base maior do que qualquer adversário nesta plataforma. Apenas nesse novo perfil, Marçal alcançou 7.042.884 interações entre os dias 24 e 25. É um volume quase duas vezes maior ao de todos os seus adversários, que na semana acumularam 4,3 milhões de interações.
Sem novidades na estratégia em relação às semanas anteriores, Marçal utilizou a decisão liminar que bloqueou seus perfis para reforçar o discurso de que é vítima de "censura" e alvo do "sistema". Ele também manteve os ataques que vem fazendo ao seu principal alvo, Guilherme Boulos, mas também mirou sua artilharia em Tabata Amaral, por conta de sua denúncia à Justiça Eleitoral, que culminou na liminar que derrubou seus perfis. Datena e Nunes também receberam críticas de Marçal.